terça-feira, abril 11, 2006

Carlos Lyra


Carlos Lyra (Carlos Eduardo Lyra Barbosa), compositor, cantor e instrumentista, nasceu no Rio de Janeiro em 11/05/1939. Por várias gerações, a música faz parte das atividades de sua família. Estudou em colégio de jesuítas e aprendeu a tocar violão pelo método Paraguaçu. Ainda no colégio, conheceu Roberto Menescal, que também tocava violão, e os dois começaram a estudar juntos, nascendo nessa época a idéia de formar uma academia de violão.


A escola, que funcionava em Copacabana, virou ponto de encontro de futuros artistas, como Marcos Vale, Edu Lobo, Nelson Linse Barros, Nara Leão, Chico Feitosa e Ronaldo Bôscoli (um de seus primeiros parceiros), e teve grande influência na divulgação do violão como instrumento importante na bossa nova.

Nessa época, apresentava-se em festas, tocando e cantando com amigos. Sua primeira composição foi o samba-canção Quando chegares (1954), que só mais tarde receberia letra. Apresentou em 1954, em concurso na TV-Rio, sua composição Menina, defendida pelo cantor Carlos Dias (depois Geraldo Vandré).

No ano seguinte, Sílvia Telles gravou a música em 78 rpm, pela Odeon, que trazia ainda Foi a noite (Tom Jobim e Newton Mendonça), e que foi considerado um dos discos precursores da bossa nova.

Em 1956 compôs Maria Ninguém, letra e música de sua autoria. Participou, nesse período, do conjunto de Bené Nunes, tocando violão elétrico. Em 1957, Os Cariocas gravaram, de sua autoria, Criticando, samba-colagem, com fragmentos de bolero, jazz e rock-balada. Começou também a se apresentar em shows universitários, ao lado de Alaíde Costa, Sílvia Teles, Oscar Castro Neves, Ronaldo Bôscoli e Roberto Menescal.

Em 1959 destacou-se com Lobo bobo, Saudade fez um samba (ambas com Ronaldo Boscoli) e Maria ninguém, gravadas por João Gilberto no LP Chega de saudade, na Odeon. Ainda em 1959, gravou o primeiro disco: Carlos Lira -Bossa nova, pela Philips, com texto de Ary Barroso na contracapa. Em 1960 musicou a peça A mais-valia vai acabar, seu Edgar, de Oduvaldo Viana Filho, e compôs Gosto de você (com Carlos Fernando Fortes). No mesmo ano, conheceu Vinícius de Moraes, seu parceiro em inúmeras composições, entre as quais Você e eu, Nada como ter amor, Coisa mais linda e Minha namorada.

Em 1961 lançou Se é tarde, me perdoa e Canção que morre no ar (ambas com Ronaldo Bôscoli), e Quem quiser encontrar o amor (com Geraldo Vandré). No mesmo ano musicou duas peças infantis de Maria Ciara Machado (O dragão e A fada) e a peça de Francisco de Assis e Nelson Lins e Barros, Um americano em Brasília, da qual faziam parte as músicas Mister Golden (com Daniel Caetano), Maria do Maranhão (com Nelson Lins e Barros) e Canção do subdesenvolvido (com Chico de Assis). A última foi gravada sob o patrocínio da UNE, mas recolhido quando a peça foi proibida pela censura.

Ligado ao CPC da UNE, que procurava questionar a herança cultural da música popular brasileira, começou a fazer contatos com outros compositores populares, resultando daí uma parceria com Zé Kéti no Samba da legalidade. Mais tarde, comporia Influência do jazz, concluindo pela dificuldade de ligação da bossa nova com o samba tradicional.

Em 1962 musicou o episódio Couro de gata, de Joaquim Pedro de Andrade, do filme Cinco vezes favela, e a peça Gimba, de Gianfrancesco Guarnieri; e compôs Aruanda (com Geraldo Vandré), É tão triste dizer adeus (com Nelson Lins e Barros) e Pobre menina rica (com Vinícius de Moraes). Apresentou-se, em novembro do mesmo ano, no Festival de Bossa Nova, no Carnegie Hall, em New York, E.U.A., cantando Maria ninguém e Lobo bobo, show no qual o quarteto Bossa-Rio, de Sérgio Mendes, tocou Influência do jazz.

Em 1963 fez parte do elenco (sendo também o autor das músicas) da peça Pobre menina rica, apresentada inicialmente sob forma de show na boate carioca Au Bon Gourmet, com participação de Vinícius de Moraes (autor do texto e das letras das músicas) e da cantora Nara Leão, que estava sendo lançada. Sob sua direção, a peça foi montada depois no Teatro Maison de France, no Rio de Janeiro, e em seguida no Teatro de Bolso, quando então contou com a participação de Ari Toledo, cantando Pau-de-arara (com Vinícius de Moraes), interpretação que o tornou conhecido.

Ainda em 1963 voltou aos E.U.A., foi diretor musical do Teatro de Arena e do Centro Popular de Cultura, promoveu apresentações de Zé Kéti, Cartola, Nelson Cavaquinho e João do Vale, e musicou o filme Bonitinha mas ordinária, de José Pereira de Carvalho, além de ter composto com Vinícius de Moraes Marcha da quarta-feira de cinzas.

Gravou pela CBS, em 1964, com Dulce Nunes, Moacir Santos, Catulo de Paula e Telma, o LP Pobre menina rica, com músicas do show, como Cartão de visita, Sabe você, Marcha do amanhecer, Primavera, Pau-de-arara e Canção do amor que chegou (todas com Vinícius de Morais). Viajou, nesse ano, para os E.U.A., onde participou com Stan Getz do festival de jazz de Newport.

Em 1965 excursionou com Stan Getz por cidades norte-americanas e pelo Brasil, Japão, Canadá e Europa, e lançou pela Columbia o LP The sound of Ipanema, em parceria com Paul Winter. A partir de então, passou longa temporada no México, onde se apresentou com Stan Getz e, depois, trabalhou como locutor e tradutor nas Olimpíadas, musicou cerca de dez curtas-metragens e peças teatrais, fez jingles para a televisão e estudou teatro e literatura espanhola.

Compôs, em 1966, Lá vem o bloco (com Rui Guerra), e musicou o filme de Joaquim Pedro de Andrade O padre e a moça. Dirigiu em 1970, no México, a peça Ouviu falar em dragão, recebendo por esse trabalho o prêmio de melhor diretor e ator do ano. Lá, conheceu sua mulher, Katherine, atriz, cantora e modelo profissional, e em 1971 voltou ao Brasil para lançar os LPs ...E no entanto é preciso cantar, com participação de Chico Buarque, e Eu e elas, ambos pela Philips.

Fez a música Tudo o que eu sou eu dei para a telenovela O cafona, da Rede Globo, e compôs Essa passou (com Chico Buarque). Em 1973 mudou para a gravadora Continental e lançou o LP Carlos Lira. No ano seguinte, gravou o LP Herói do medo, que seria lançado em 1975. Ainda em 1974, mudou-se para Los Angeles, E.U.A., onde estudou astrologia. Dois anos mais tarde, voltou ao Brasil e lançou o livro O seu verdadeiro signo, pela Codecri, Rio de Janeiro.

Em 1979 participou do congresso da UNE em Salvador ocasião em que dirigiu coro de cinco mil estudantes na interpretação de sua música Hino da UNE, composta em parceria com Vinicius de Morais (1963). No ano seguinte, musicou a peça Vidigal, de Millor Fernandes. Em 1983 compôs, com Paulo César Pinheiro, as músicas para a peça As primícias, de Dias Gomes, e a música para a letra O negócio é amar, de Dolores Duran. Em 1984 estreou 25 anos de bossa nova, no Teatro dos Quatro; o show foi gravado ao vivo em 1986 e lançado em disco, pela gravadora 3M, no ano seguinte.

Em 1987 apresentou-se na Espanha com Caetano Veloso, Toquinho e Nana Caymmi. Um ano depois, apresentou-se no Japão, com Leila Pinheiro e o Quarteto em Cy. Em 1991, sua peça Pobre menina rica foi remontada, sob direção de Aderbal Júnior. No ano seguinte excursionou pela Espanha e Portugal, além de ter participado do Festival Pescara Jazz, ao lado de Gerry Mulligan e Gary Burton. Em 1993, após permanecer seis anos afastado dos estúdios, gravou no Japão o CD Bossa Lira, pela BMG-Victor. Em 1994 lançou pela Editora Lumiar o Songbook Carlos Lira, e, em seguida, o livro Ayanamsa - astrologia sideral, pela Editora Maltese. No ano seguinte, iniciou temporada de shows pelo Brasil.

Em 1996 compôs os temas de Policarpo Quaresma - Herói do Brasil (fiIme de Paulo Tiago), fez curta temporada no Japão e, no final do ano, estreou o show Vivendo Vinícius, com Leila Pinheiro, Toquinho e Baden Powell. Em 1997 lançou o CD Get us Bossa Nova (Pony Canyon Records) e estreou o show 40 anos de Bossa Nova, em Tóquio, ao lado de Roberto Menescal, Leila Pinheiro, Astrud Gilberto e outros.

Algumas músicas







































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Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.

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