quarta-feira, novembro 15, 2006

J. Aimberê

O compositor, instrumentista e regente J. Aimberê (José Aimberê de Almeida) nasceu em Anápolis (atual Analândia) SP em 9/4/1904 e faleceu no Rio de Janeiro RJ em 24/11/1944. Começou a estudar piano em São Paulo e aos 18 anos passou a substituir seu professor, tocando no cinema High Life, no Largo do Arouche.

No mesmo ano foi para Vitória ES dirigir uma orquestra de cinema, no Teatro Melpômene. Vinte e dois dias depois, um incêndio destruiu o teatro; embora sem emprego, resolveu continuar em Vitória, travando amizade com o humorista e cantor Barbosa Júnior, com quem passou a trabalhar.

Compôs nessa época suas primeiras músicas, a toada Jabuticaba, gravada por Gastão Formenti em 1929, e o samba Gosto muito de ti, gravado por Dora Brasil em 1930. Compôs vários roteiros musicais para revistas, como Onde está o gato? (letras de Luís Iglésias e Geysa Bôscoli), em 1927, e no ano seguinte a burleta Noite de reis, parceria de J. Soares e libreto de Freire Júnior.

Datam de 1929 o samba A jura que me fizeste (com João Jório), gravado por Arnaldo Pescuma, e a marcha Paulicéia, além do seu maior sucesso no gênero de revista, Mineiro com botas, com Martínez Grau, J. Tomás e outros, e letra de Marques Porto e Luiz Peixoto. É ainda de 1929 a revista Vai haver o diabo, com Lamartine Babo e Martinez Grau, e letra de Alfredo Breda e Jerônimo de Castilho.

Durante a década de 1930, por influência do teatro, compôs músicas com ritmos norte-americanos e argentinos. Em 1931 resolveu fixar se no Rio de Janeiro, sendo logo contratado como maestro dos espetáculos de variedades da Companhia Roulien, no antigo Teatro Rialto. Finda a temporada, passou para a Companhia Genésio Arruda, como maestro do espetáculo Moinho de Jeca, em que muitas músicas de sua autoria foram incluídas. Nesse ano, Otília Amorim gravou seus sambas Nego bamba e Eu sou feliz.

Em 1932 compôs a opereta Uma falação de caboclo, com, entre outros, Pixinguinha e De Chocolat, este último autor do libreto em parceria com o bailarino Duque. No mesmo ano atuou como regente da Companhia Brasileira de Revistas, no Teatro Trianon, e em 1934 compôs a música da comédia musical de Viriato Correia Coisinha boa, com Joubert de Carvalho. Um ano mais tarde escreveu No quilômetro 2, o primeiro disco lançado por Orlando Silva na Victor.

Em 1936 compôs Ganhou mas não leva, revista com letra de Otávio Rangel e Milton Amaral, e a opereta Sinhô do Bonfim (libreto de Paulo Orlando). No ano seguinte foi contratado como maestro da Companhia Alda Garrido, no Teatro Carlos Gomes, e em 1938 escreveu a opereta Brasil caboclo (letras de Vicente Marchelli, José Luis Calazans e Humberto Miranda).

Um ano depois apresentou suas músicas em mais duas revistas, A vida assim é melhor, com Pixinguinha, letra de Paulo Orlando e De Chocolat, e O que é que a baiana tem, letra de Henrique Fernandes. Além da opereta Noite de reis (1928), foi autor das músicas das operetas Tutu marambaia (1939), libreto de Batista Júnior e Belisário Couto, e em 1940, de Os fidalgos da casa mourisca, libreto de Costa Junior.

Nessa época, apresentou-se no exterior com a Companhia Teatral Casa de Caboclo, criada por Duque em 1932, que ficou famosa por seus espetáculos sertanejos, tendo marcado apresentações em Buenos Aires, Argentina. A temporada foi um fracasso, levando seu idealizador a extinguir a companhia, ainda em 1940.

Compôs continuamente, produzindo obra volumosa que inclui vários gêneros, desde canções e sambas até operetas. No inicio da década de 1940 ficou seriamente enfermo, tendo passado uma temporada em Campos do Jordão SP, a expensas da Caixa Beneficente da SBAT. Faleceu no subúrbio de Engenho de Dentro.

Obra


Bahia, samba, 1929; Escrita complicada, samba, 1931; Felicidade (c/João Jório), canção, 1949; Nego bamba, samba, 1931; No quilômetro 2, samba-canção, 1935; O nosso amor se acabou, samba-modinha, 1931; Saci-pererê (c/A. Barcelos), canção, 1949; Saudades, samba-modinha, 1930; Vou juntar os meus trapinhos, samba, 1927.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.

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