José Dias Nunes, nascido em 13 de dezembro de 1934, foi um dos maiores violeiros que o mundo sertanejo já viu. Mineiro de Monte Azul, perto de Montes Claros, criado numa fazenda de Araçatuba, no interior paulista, morreu aos 59 anos, em 1993, deixando histórias e lendas, músicas e toques que chegaram às novas gerações de aficionados da viola de 10 cordas.
Inventor do pagode caipira, mistura dos gêneros rurais paulistas e mineiros com o samba, Tião foi o primeiro a enfrentar o desafio de gravar discos com seus solos de viola. Almir Sater e Renato Andrade são alguns dos músicos que reverenciam este mestre que não era dado a sorrisos e agrados, mas que também não se fazia de rogado para, numa roda de admiradores, varar a noite na cantoria.
Figura obrigatória nas festas de rodeios do interior de São Paulo, recebido como rei nas casas da elite rural e com carta branca para gravar o que quisesse na Chantecler/Continental, onde registrou quase toda sua obra, deixou uma obra vasta e expressiva.
Compôs com vários parceiros e cantou com muita gente, mas ficou famoso duetando com Pardinho, o Antonio Henrique de Lima, paulista de São Carlos. A dupla formada no final da década de 50, nos circos do interior paulista, teve trajetória tumultuada, com separações e voltas mas brilhou em 60 e 70.
Alguns de seus maiores sucessos são: Rei do gado, de Teddy Vieira, que virou nome do primeiro LP da dupla, em 1961, Rio de lágrimas, de Tião, seu compadre Lourival dos Santos e Piraci; a divertida Viúva rica, feita com Edward de Marchi; e a genial Viola vermelha, homenagem a Florêncio, outro grande tocador de viola, assinada também por Jesus Belmiro. Do LP Em Tempo de avanço, de 1969, foi escolhida A Beleza do ponteio, moda de viola de Tião com letra do lendário Capitão Furtado, contando a saga do violeiro mineiro.
Da curta fase em que o "rei do pagode" cantou com Paraíso foi selecionada Palavra de honra, de parceria com Pedro D'Aquino. Quando formou dupla com Carreirinho - outro inspirado compositor - gravou belas modas de viola como Terra roxa, de Teddy Vieira, e Meu carro é minha viola, de Carreirinho e Mozart Novaes, esta comparando as cordas do instrumento a um carro-de-boi.
O exímio solista que dominava muitos toques e afinações pode ser apreciado nas duas faixas instrumentais selecionadas do LP É isto que o povo quer, de 1976: a moda de viola O menino da porteira e o arrasta-pé Cabelo loiro.
Depois de sua morte, não foi esquecido. Na coleção Som da Terra, da Warner, em 1994, mereceu três CDs. Em 1996, a gravadora lançou Saudades de Tião Carreiro, no qual alguns de seus sucessos com Pardinho foram remixados e ganharam a participação de novos astros sertanejos.
Fonte: Rosa Nepomuceno - Biografia compilada do encarte da Enciclopédia Musical Brasileira distribuído pela Warner Music Brasil Ltda.
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