Noelia Noel (Noelia Cozzi), bailarina, cantora e atriz de cinema, nasceu em Buenos Aires, Argentina, e foi uma das primeiras artistas, nos anos 1950, a se exibir nas rádios e TV do Japão, cantando músicas brasileiras, antecedendo de muito o sucesso da MPB pós bossa nova naquele país.
A jovem estudava balé na Escola Nacional de Bailados da municipalidade portenha, porém tinha admiração também, ao lado do clássico, pela música popular. À convite de um diretor cinematográfico, empolgado pela harmonia de seus gestos na dança, e após bem-sucedido teste, assinou contrato com a Argentina Sonofilmes, onde tomou parte em três películas como Casa de bonecas, Stela Maris e A doutora quer tangos. Porém, Noelia não estava satisfeita: percebeu que o cinema não era o seu objetivo.
Depois de estrear no cinema, não teve dificuldade em conseguir uma chance para cantar no rádio. Assim aconteceu, na capital platina e nas cidades de turismo próximas, como Mar Del Plata e Córdoba. Depois veio o triunfo: temporadas no Chile e Montevidéu, nas rádios Carve e Espectador.
Com a volta a Buenos Aires firmou contrato para atuar na boate Embassy onde permaneceu durante algum tempo. Até que um dia, foi vista ali cantando, por pessoa ligada a direção da boate carioca Night and Day e, em poucos dias, estava com um contrato para vir cantar no Rio de Janeiro.
Na boate Night and Day, suas atuações obtiveram tal agrado que permaneceu quatro meses em cartaz. Isto constituiu um recorde, naquela época, de permanência de um artista estrangeiro, não só no Night and Day, como em qualquer outra boate nacional.
Pouco depois estreava na rádio Tupi e na TV Tupi. Na televisão, Noelia apareceu por ser bonita e fotogênica, conforme sempre acontece, mas também destacou-se por ser uma artista do canto popular.
Em 1953, ainda no Brasil, gravou pela Continental os boleros Milagro, de Margarita Lecuona, e Mi felicidade, de Dilu Melo.
Em 1956, apresentou-se no Japão na peça La Cumparsita na qual se apresentou cantando músicas brasileiras. Na mesma época apresentava um programa na TV e outro na rádio japonesa. No mesmo ano, escreveu um artigo para a Revista do Rádio no qual afirmava "No Japão, estão muito entusiasmados com o baião e com a marcha brasileira, por isto estou incitando os empresários para que mandem buscar artistas brasileiros."
Em 1961, de volta ao Brasil gravou pela RCA Victor com acompanhamento de orquestra o bolero Me dá risada, de Francisco Yoni e Edmundo Arias, que foi sucesso na voz de Edith Veiga em versão para o português, e o rock-balada En el Boulevard, de Hector Horácio Santos.
Eclética, atuou também no teatro (Rio e São Paulo) e nas TVs de Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Salvador, Fortaleza, Recife e São Paulo, mais tarde com programas fixos na TV Continental e TV Paulista.
Discografia
1953 Milagro/Mi felicidad • Continental • 78
1961 Me dá risada/En el Boulevard • RCA Victor • 78
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Fontes: A Cena Muda, de 06/01/1954; Revista da Semana, de 26/11/1955; Revista do Rádio, de 10/07/1954, 05/03/1955 e 18/05/1957.
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