terça-feira, março 06, 2018

Uirapuru - Vanja Orico

Havia, no Sul do Brasil, uma tribo de índios cujo cacique era amado por duas jovens muito bonitas. Não sabendo qual delas escolher para esposa, o jovem cacique prometeu que se casaria com aquela que tivesse melhor pontaria. Assim sendo, fez-se uma competição e as duas jovens atiraram suas flechas, mas só uma delas acertou o alvo e casou-se com o cacique.

A jovem que perdeu a prova se chamava Oribicy. Ela chorou tanto por ter perdido seu amado, que suas lágrimas formaram um córrego. Sua tristeza era tanta, que pediu a Tupã que a transformasse num passarinho para que ela pudesse visitar seu amado sem ser reconhecida. Tupã realizou o desejo da moça e Oribicy, com sua nova forma, voou até o amado. Para sua grande tristeza, constatou na visita que o cacique vivia muito feliz com sua jovem esposa. Oribicy resolveu ir embora e voou para o Norte. Tupã, para consolá-la, deu-lhe um canto especial, que a faria esquecer sua dor enquanto o entoasse e atrairia quem quer que o escutasse. Assim, a jovem não ficaria solitária.

É por isso que o uirapuru, o pássaro que não é pássaro, vive a cantar e a atrair com seu canto todos os que o ouvem. Esse fenômeno acontece realmente. Na floresta, mesmo se todos os pássaros estão a cantar enchendo o ar de melodias e gritos diversos, quando o pequeno e cinzento uirapuru inicia seu canto, todos os outros silenciam e, o que é ainda mais interessante, vêm depositar aos seus pés oferendas: sementes, galhos, alimento (Fonte: Uma visão sobre a interpretação das canções amazônicas de Waldemar Henrique - Márcia Jorge Aliverti).

Uirapuru (canção, 1934) - Waldemar Henrique - Interpretação de Vanja Orico

LP Ritmo De Nossa Terra - Viagem Musical Com Vanja Orico / Título da música: Uirapuru / Waldemar Henrique (Compositor) / Vanja Orico (Intérprete) / Gravadora: Sinter / Ano: 1958 / Nº Álbum: SLP 1740 / Lado A / Faixa 2 / Gênero musical: Canção / Folclore.



Certa vez de montaria
Eu descia um "paraná"
O caboclo que remava
Não parava de falar, ah, ah
Que caboclo falador!

Me contou do "lobishomi"
Da mãe-d'água, do tajá
Disse do juratahy
Que se ri proluar, ah, ah
Que caboclo falador!

Que mangava de visagem
Que matou surucurú
E jurou com pavulagem
Que pegou uirapuru, ah, ah
Que caboclo tentadô

Caboclinho, meu amor
Arranja um pra mim
Ando roxo pra pegar
Unzinho assim...

O diabo foi-se embora
Não quis me dar
Vou juntar meu dinheirinho
Pra poder comprar

Mas no dia que eu comprar
O caboclo vai sofrer
Eu vou desassossegar
O seu bem querer, ah, ah
Ora deixa ele pra lá...

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