quarta-feira, maio 22, 2013

Marilena Cairo

Marilena Cairo - 1956
Marilena Cairo (circa 1930 - Rio de Janeiro), cantora, iniciou a carreira artística no início da década de 1950, apresentando-se em programas de rádio, quando foi contratada pela gravadora Copacabana em 1953. Gravou com acompanhamento de orquestra os sambas-canção Mentes, de Augusto Mesquita e Ari Monteiro, e Os lábios que te beijavam, de Mary Monteiro e Odilon Noronha.

Em 1955, gravou o samba Eu não conhecia a saudade, de Lindolfo Gaya, e o samba-canção Fita meus olhos, de Peterpan.

Contratada pela Sinter em 1956, lançou nesse ano o LP Marilene Cairo canta para você, com acompanhamento de Britinho e sua orquestra, disco no qual interpretou as músicas Fita meus olhos, Folha morta, de Ary Barroso, Os rios correm pro mar, de Custódio Mesquita e Evaldo Ruy, Ninguém para amar, e Quem me dera, ambas de Anísio Silva e C. Portela, Aniversário da saudade, de Santos Garcia e Aldacir Louro, Se eu pudesse, de José Maria de Abreu e Jair Amorim, e Eu sei, de Carlinhos e Alberto Paz.

No início do ano seguinte, os sambas-canção Eu sei, de Carlinhos e Alberto Paz, e Se eu pudesse, de José Maria de Abreu e Jair Amorim foram lançados em disco de 78 rpm. Ainda em 1956, atuou no filme Vamos com calma, direção de Carlos Manga e estrelado por Oscarito.

Contratada pela RCA Victor em 1957, gravou com acompanhamento de orquestra o bolero Deus te favoreça, de Fernando César, e o samba-canção Vê o que fizeste, de Peterpan e Mary Monteiro. No ano seguinte, lançou, também com acompanhamento de orquestra, o bolero Não posso mais te querer, de Aldacir Louro e Linda Rodrigues, e o samba-canção Por que brigamos?, de Pedro Rogério e Lombardi Filho.

No início da década de 1960, gravou dois discos pelo pequeno selo Santa Rita interpretando o samba-canção Aniversário da saudade, de Santos Garcia e Aldacir Louro, e Ao apagar da fogueira, de Castro Perret, e os sambas Menina dos olhos, de Anísio Bichara, Aldacir Louro e A. Roberto, e Você me traiu, de José Silva, Jorge Gonçalves e Agenor Lourenço.

Em 1974, participou do disco Osvaldo Santiago - Gente importante na Música Popular Brasileira um tributo ao compositor Osvaldo Santiago lançado pela Continental com as participações também de Alcides Gerardi, Gilberto Alves, Arlindo Borges, Coro Continental, e Hélio Chaves. Nesse tributo interpretou as músicas "Tudo cabe num beijo" e "Caçador de esmeraldas".

Os brotos (do rádio) também amam

"Marilena Cairo é uma pequena bonita e interessante que sabe cantar e apareceu no rádio atuando no programa de Samuel Rosemberg, o “Clube do Guri”. Desde que surgiu no rádio, fez logo valer sua personalidade e não houve quem não profetizasse grandes sucessos para a estrelinha que surgia.

Sua aparição verificou-se há mais ou menos quatro ou cinco anos e, depois, quando atingiu a idade juvenil, começou a ser solicitada para outras atuações. Assim apareceu na televisão, sempre cantando com agrado geral. Certo dia noticiou-se que Marilena estava atuando na PRE-Neno. Consagrava-se, assim, como profissional, a cantora que tanto sucesso fizera nos programas infantis e para quem tantos e tantos ouvintes ou homens de rádio julgaram possível uma carreira cheia de êxitos. Ainda dessa vez, Marilena continuou atuando no rádio e foi assim que ingressou noutros programas mantendo sempre o máximo de fãs.

Hoje, Marilena Cairo que ainda não conta vinte anos, está na Rádio Mundial e brilhando como não poderia deixar de brilhar. Sua atração principal é a maneira de cantar e sua graça muito juvenil. Tudo isso, porém, fez com que muita gente se preocupasse com o possível eleito dessa moça e, assim, de um momento para outro correu a notícia de que Marilena possuía um Príncipe Encantado e esse era nada mais nada menos do que o conhecido Paulo Mollin, cantor também novo e que se vem destacando no cenário radiofônico desde que deixou Pernambuco para atuar no Rio. Em Pernambuco, Paulo Mollin era cantor da Rádio Jornal do Comércio, de Recife. Ainda guri, de calças curtas, certo dia velo ao Rio e surpreendeu a todos cantando na Rádio Nacional, onde fez uma série de programas e agradou em cheio. Hoje, homem feito, muito embora seja muito jovem, está radicado no Rio, onde atua. na Nacional, depois de curta temporada na Tupi.

Fora do rádio, Paulo estuda e pretende seguir uma carreira universitária. Está terminando seu curso de humanidades para depois então ingressar numa Universidade. Requestado pelas moças, dono de uma bonita voz e de uma aparência atraente, o moço pernambucano reúne muitas qualidades para agradar às jovens. Acontece, porém, que era preciso que alguém o atraísse e, esse alguém, dizem todos, é a cantora da antiga “Hora do Guri”, a Marilena Cairo, dona de uma voz bonita e de uma carinha ainda mais bela.

Nessas coisas do coração, nada como se ouvir os interessados e, por isso, fomos ao encontro das pessoas mais próximas aos dois moços. Por sorte, encontramos o pai de Paulo Mollin, no elevador da Tupi, em companhia do animador Aérton Perlingeiro, velho amigo da família e talvez o maior fã de Paulinho. De início, nos dirigimos ao sr. Mollin perguntando:

— Então, temos romance na família, não é?

O pai de Paulo, porém, se surpreendeu com a pergunta e, curioso, fez outra indagação:

— Que negócio é esse?

Não vacilamos em contar a história:

— Dizem que Paulo Mollin e a Marilena Cairo estão-se namorando e o negócio é para casar...

Dessa vez o sr. Mollin, não vacilou e, quase nervoso, replicou:

— Qual o que! Paulinho ainda é muito novo e precisa cuidar de sua vida. De sua carreira. Fazer alguma coisa e preparar-se para o futuro.

— Mas se ele gosta da moça...

— Nem sempre o coração deve ser atendido. Paulo está estudando e tem em mente realizar um curso. Não pode, no momento, pensar em casamento.

— E no futuro?

— Bem, aí é outra coisa. Se ele pensar bem, tratará primeiro de se firmar na vida e, depois, de casar.

— O senhor se importaria que ele casasse?

— Nessas coisas, o pensamento dos pais não influi a não ser como a voz do bom senso. Todo aquele que antes de se firmar definitivamente procura constituir família, acaba se arrependendo, mais dia menos dia.

— E o Paulinho, não lhe falou nada, ainda?

— Não. Soube disso por seu intermédio. Nem conhecia qualquer projeto do Paulinho com referência à cantora da Mundial. Por isso não posso me pronunciar oficialmente sobre um romance que nem sei se existe.

Deixamos o elevador e procuramos Paulo Mollin na Nacional e Marilena na Mundial. Não os encontramos e tivemos de nos valer do telefone. Todos dois negaram a existência de qualquer romance.  Paulo disse que conhece Marilena e gosta dela como admirador e colega. Nada mais. O fato é que, se de fato existe um romance, eles despistam muito bem.  Há, porém, tudo para favorecer a ação de Cupido: ambos são moços, e estão naquela fase da vida em que tudo se apresenta envolto em nuvens cor de rosa!" (Revista do Rádio, 21/5/1955)

Discografia

(S/D) Aniversário da saudade/Ao apagar da fogueira • Santa Rita • 78
(S/D) Menina dos olhos/Você me traiu • Santa Rita • 78
(1974) Osvaldo Santiago - Gente importante na MPB • Continental • LP
(1958) Não posso mais te querer/Por que brigamos? • RCA Victor • 78
(1957) Eu sei/Se eu pudesse • Sinter • 78
(1957) Deus te favoreça/Vê o que fizeste • RCA Victor • 78
(1956) Marilene Cairo canta para você • Sinter • LP
(1956) Quem me dera/Ninguém para amar • Sinter • 78
(1955) Eu não conhecia a saudade/Fita meus olhos • Copacabana • 78
(1953) Mentes/Os lábios que te beijavam • Copacabana • 78

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Fontes: Revista do Rádio; Dicionário Cravo Albin da MPB.

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