José Ramos Tinhorão, jornalista, crítico musical e historiador, nasceu em Santos, São Paulo, em 07/02/1928, e criou-se no bairro de Botafogo no Rio de Janeiro. Em 1968, mudou-se para a cidade de São Paulo, onde reside até hoje.
É autor de uma extensa e diversificada obra sobre temas relacionados à música brasileira, especialidade em que se consagrou, tendo publicado até o momento 26 livros, além de artigos e ensaios em coletâneas, jornais e revistas do Brasil e do exterior.
Estudante da primeira turma de Jornalismo do país, colaborava desde o primeiro ano, 1951, como repórter free-lance da revista A Semana (Rio de Janeiro) e da Guaíra (Curitiba).
Em 1953, ingressou como jornalista profissional no extinto Diário Carioca. Cinco anos depois, passou para o Jornal do Brasil, onde acumulou as funções de redator e colaborador dos suplementos “Estudos Brasileiros” e “Caderno B”. Trabalhou também para os jornais Correio da Manhã, Jornal dos Sports, Última Hora e O Jornal; revistas Singra, o Cruzeiro, Veja e Nova; e televisões Excelsior, Globo, TVE (RJ) e Cultura (SP). Colaborou ainda com O Pasquim e as revistas Senhor, Visão e Seleções, entre outras.
Seus dois primeiros livros – A província e o naturalismo (Rio de Janeiro, 1966) e Música popular (São Paulo, 1966) – reuniram ensaios produzidos para o Jornal do Brasil. A partir da década de 1980 se distanciou gradualmente da imprensa onde ganhara notoriedade e recebeu o epíteto de “temido crítico musical”.
Passa a dedicar-se em profundidade à pesquisa histórica, desenvolvendo assim uma extensa obra. Publicou estudos sobre os sons dos negros no Brasil e em Portugal, romances em folhetins, imprensa carnavalesca, festas no Brasil colonial, além de muitas obras sobre a música popular. Continua sua produção até os dias de hoje – sua obra Festa de negro em devoção de branco: do carnaval na procissão ao teatro no círio está no prelo em Portugal.
O acervo Tinhorão nasceu da necessidade do estudioso de compreender melhor a música popular produzida no Brasil. O material que o compõe compreende, de fato, a soma de uma variedade de coleções envolvendo concentração de informações de interesse para o estudo da cultura urbana brasileira, em geral, e da história do fenômeno da música popular, em particular. Além dos discos, há fotos, filmes, scripts de rádio, programas de cinema e teatro, cartazes, jornais, revistas, rolos de pianola, folhetos de cordel, press releases de gravadoras e uma biblioteca especializada em obras sobre música.
Tinhorão colecionou também obras de ficção, crônicas e memórias, que o ajudaram a entender a cultura popular urbana, além de 11 coleções de suplementos literários de jornais do Rio de Janeiro e São Paulo, publicados a partir da década de 1940. Registrou, ainda, fitas com depoimentos de personalidades, gravações de palestras e programas de televisão de que participou.
A discoteca do acervo Tinhorão, que foi incorporado pelo Instituto Moreira Salles em meados de 2001, é formada por cerca de 6,5 mil discos de 76 e 78 rpm (gravados e lançados no mercado fonográfico entre 1902 e 1964) e 6 mil discos de 33 rpm (vendidos entre 1955 e meados da década de 1990), conhecidos como long-plays.
Dos mais antigos sambas (anteriores ao célebre Pelo Telefone, de 1917) à chamada “era dos festivais”, na década de 1960, em que pontificavam talentos como Caetano Veloso, Chico Buarque e Milton Nascimento, passando pela grande música instrumental produzida no Brasil a partir da década de 1970, todos os ciclos e movimentos da música popular brasileira podem ser encontrados nesse conjunto.
O amado e odiado pesquisador
Tinhorão poderia ser chamado de "o boca maldita" do século XX. Amado e odiado na mesma intensidade, o crítico musical ganhou fama, principalmente, por atacar figuras do cenário brasileiro, como Tom Jobim e Chico Buarque e ser implacável com a bossa nova. Chegou mesmo a escrever que Águas de Março, de Jobim, não passaria de mero plágio. Mesmo despertando sentimentos apaixonados, Tinhorão, certamente, é um dos grandes nomes da crítica musical brasileira.
Começou no Jornalismo em 1951, vendendo reportagens para a Revista da Semana (RJ) e para a Revista Guaíra de Curitiba (PR). No ano de 1959, entrou no Jornal do Brasil, onde atuou como redator e colaborador dos 'Cadernos de Estudos Brasileiros' e 'Caderno B'. Ao assumir uma coluna controversa no jornal, entre os anos de 1975 a 1980, comprou briga com grandes nomes da MPB, chamando, por exemplo, de "boi com abóbora" um samba de Chico Buarque ou batendo boca com Paulinho da Viola.
Seu primeiro livro sobre a história da música popular brasileira foi escrito em 1966, 'Música Popular: um tema em debate'. Ao todo, sua obra já chega a mais de 20 publicações.
Acervo histórico
Tinhorão sempre foi um pesquisador das raízes da música brasileira. Aventureiro de sebos, bibliotecas e arquivos empoeirados do Brasil e de Portugal, tornou-se dono de 7 mil discos, 6 mil livros e mais uma grande quantidade de revistas, fotos e fitas.
O jornalista viveu muitos anos disputando espaço com todo seu material em apenas 31 metros quadrados de um apartamento no centro de São Paulo. Disposto a vender sua obra, não conseguia encontrar compradores que se interessassem e chegou a pensar em vender as relíquias na rua.
A salvação para todo esse material histórico, importante no retrato da música brasileira, foi o interesse do Instituto Moreira Salles. Com um projeto de digitalizar e disponibilizar a todos os interessados músicas, livros e fotografias da história brasileira, o instituto comprou o acervo de Tinhorão. Agora, quem quiser conferir pode acessar o site do IMS e navegar nos raros acervos disponíveis pelos instituto. São cerca de 13 mil músicas brasileiras gravadas originalmente em discos de vinil de 78 rotações por minuto.
Parabéns ao historiador Tinhorão. Muitas informações sobre música aqui, é o trabalho valioso dele e do Senhor Jairo Severiano, outro grande escritor.
Fontes: Wikipédia; Revista época; Instituto Moreira Salles.
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