Língua de Trapo
Plano diabólico (1981) - Guga Domênico e Laert Sarrumor
Eu sempre fui bem louco e romântico
Mantendo a aparência sorumbática
Porém, nunca neguei meu lado cômico (hé-hé!)
Eu nunca fui destaque em matemática
Apesar de estar muito raquítico
Não pus a culpa na macrobiótica
Curti a minha fome dialética
Olhando tudo com olho político
Papai queria que eu fosse "filósafo"
Mamãe dizia que eu seria médico
Vovó pensando que eu fosse barítono
Pedia sempre que eu cantasse ópera, ópera, ópera...
Mas o destino foi um tanto irônico
E soube a hora de fazer a crítica
Assim, para tirar o meu estímulo
Me deu uma lição um pouco ácida
Forjaram uma noite de autógrafos
Brilhante como um flash fotográfico
Disseram que eu era magnífico
Famoso como um líder metalúrgico
Falei para milhares de repórteres
Sem perceber que aquilo era sátira
Eu nunca cogitei dessa hipótese
Papai me enganando como um estúpido
Eu acho que o meu vôo de Ícaro
Foi ser outro Caruso tão anêmico
Agora percebi que fui a vítima
De um plano audacioso e diabólico
Armado por um cara que, sem dúvida,
É primo ou irmão de Marcos Lázaro
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