quarta-feira, outubro 10, 2007

5° Festival da MPB


5° Festival da MPB - TV Record (novembro, 1969): 1º - Sinal fechado, de Paulinho da Viola, com Paulinho da Viola. 2º - Clarisse, de Eneida e João Magalhães, com Agnaldo Rayol. 3º - Comunicação, de Hélio Matheus e Edson Alencar, com Vanusa. 4º - Gostei de Ver, de Eduardo Gudin e Marco Antônio da Silva Ramos, com Márcia e Os Originais do Samba. 5º - Monjolo, de Dina Galvão Bueno e Eric Nepomuceno, com Maria Odete.

"...A Record, coitadinha, já sem poder de fogo, para estar de acordo com os padrões e não ser afastada de algumas verbas oficiais, resolveu fazer o festival seguinte proibindo a utilização de guitarras elétricas.

Como eu não tinha mais espaço, pois as marcas tropicalistas deixadas pelo festival de 68 haviam me incompatibilizado com a postura política que o Paulinho de Carvalho foi obrigado a adotar, senti que minha temporada na Record estava chegando ao fim. Além do mais, todos os compositores e cantores com quem eventualmente poderia contar para algum evento musical de importância estavam no exílio ou sem condições de atuar. Eu não via sentido em trabalhar com a música brasileira naquele momento.

A direção do festival de 1969 passou para o meu ex-assistente, Marcos Antônio Rizzo, assistido pelo meu também ex-assistente “Fifuca”, apelido de Flávio Porto, irmão do genial Sérgio do mesmo Porto, mais conhecido como Stanislaw Ponte Preta, que tanto material teria hoje para o seu FEBEAPÁ, “Festival de Besteira que continua a Assolar o País”.

Apesar de significativamente a música vencedora ter o título de Sinal fechado, de Paulinho da Viola , tenho de reconhecer que o Festival da Record de 1969 foi o festival do Rizzo. Com sua sempre inexplicável incoerência, Paulinho de Carvalho ainda conseguiu realizar a segunda Bienal do Samba, três anos depois da primeira..."

Fonte: Prepare seu Coração (A História dos Grandes Festivais) – Solano Ribeiro – Geração Editorial, 2002

Os Mutantes


Os Mutantes. Conjunto vocal e instrumental formado em 1966, em São Paulo SP, por Arnaldo (Arnaldo Dias Batista, São Paulo 1948—), piano, contrabaixo e composição; Sérgio (Sérgio Dias Batista, São Paulo 1951—), guitarra, violão e composição; e Rita Lee, flauta, harpa e composição.


O grupo começou com o nome de Wooden Faces, passando mais tarde a chamar-se Six Sided Rockers, com seis integrantes. Apresentaram-se em programas de televisão, como Astros do Disco e Jovem Guarda, ambos na TV Record, de São Paulo. Com a saída de três integrantes, o grupo mudou o nome para O Conjunto, e gravou um compacto pela Continental com o rock O suicida (de sua autoria). Trocando novamente o nome para Os Mutantes, estrearam na programa O Pequeno Mundo de Ronnie Von, na TV Record, em 1966.

Ainda nesse ano, fizeram o coro para a gravação de Nana Caymmi de Bom-dia (Gilberto Gil). Depois dessa experiência, foram convidados para acompanhar Gilberto Gil na música Domingo no parque, no III FMPB, da TV Record, em 1967. Nesse mesmo ano, lançaram pela Polydor o primeiro disco como Os Mutantes: um compacto com O relógio (de sua autoria).

Com Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa, Tom Zé e Nara Leão, gravaram em 1968 o LP Tropicália ou Panis et circensis, pela Philips, e sozinhos, pela mesma gravadora, o seu primeiro LP Mutantes, com O relógio, Batmacumba (Gilberto Gil e Caetano Veloso) e Trem fantasma (com Caetano Veloso). No mesmo ano, acompanharam Caetano Veloso na música É proibido proibir, na eliminatória paulista do III FIC, da TV Globo, do Rio de Janeiro. Na parte final desse festival, defenderam, de autoria dos três, Caminhante noturno, que obteve o sétimo lugar.

Apresentaram também no IV FMPB, em 1968, as músicas Dom Quixote (de sua autoria) e 2001 (Rita Lee e Tom Zé). Em 1969, com o grupo baiano, fizeram um show na boate Sucata, no Rio de Janeiro, e lançaram o segundo LP Mutantes, onde interpretaram suas músicas Dom Quixote, Caminhante noturno e Algo mais. Nesse ano, foram à Europa e apresentaram-se no MIDEM, em Cannes, França, e em Lisboa, Portugal. De volta ao Brasil, fizeram o show O planeta dos Mutantes, no Teatro Casa Grande, no Rio de Janeiro. Voltaram à França para um espetáculo no Olympia, de Paris. O conjunto aumentou com a entrada do baterista Dinho e do baixista Liminha.

Em 1970 concorreram ao V FIC com a música Ando meio desligado (Arnaldo e Sérgio) e lançaram o LP A divina comédia com Ando meio desligado e Desculpe, baby (Arnaldo e Rita Lee).

Em 1971 lançaram pela Polydor o LP Jardim elétrico com a faixa-título, Technicolor e It’s very nice pra chuchu (todas de sua autoria). Em 1972, depois de apresentar Mande um abraço pra velha (de sua autoria) e lançar o LP No país dos Bauretz, o grupo se desfez com a saída de Rita Lee, que passou a atuar sozinha.

Em 1973 o conjunto reapareceu com Sérgio (guitarra), Liminha (baixo), Dinho (bateria) e Manito (teclados). Arnaldo lançou em 1974, pela Philips, um LP individual, Loki, com Será que eu vou virar bolor? e Cê tá pensando que eu sou loki? (ambas de sua autoria). Com a saída de Manito e Dinho do conjunto, em 1974, entraram Túlio (teclados) e Rui Mota (baixo). Em 1975, Liminha foi substituído por Antônio Pedro Medeiros e, com essa formação, lançaram os LPs Tudo foi feito pelo Sol, 1975, e Mutantes ao vivo, 1977; e um compacto, Cavaleiros negros, 1976, todos pela Som Livre.. Em 1982, Arnaldo Batista lançou seu segundo disco solo, Singin’ alone, pela gravadora independente Baratos Afins.

Pianista exímio, de formação erudita, Arnaldo é considerado o elo entre o pop tropicalista dos anos de 1960 e 1970 e o rock brasileiro renascido a partir da década de 1980. Por volta de 1988, o grupo norte-americano Toter Totz gravou um LP independente que incluiu vários samplers dos Mutantes e uma regravação de Batmacumba.

Em sua fase progressiva, sem Rita Lee, os Mutantes gravaram em 1973 o LP A e o Z, lançado somente em 1992. Em 1996 foi lançado o disco-tributo aos Mutantes, Triângulo sem bermudas, pela gravadora Natasha, com vários artistas, incluindo Kid Abelha, Pato Eu, Lulu Santos, Arnaldo Antunes e Planet Hemp, interpretando clássicos do grupo.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.