quarta-feira, maio 22, 2013

Almirante fala sobre o Carnaval

Na entrevista com a Revista do Rádio, em fevereiro de 1949, Almirante tece comentários sobre antigos carnavais, origens dos seus ritmos, concursos da Prefeitura e outras considerações interessantes.

"Mercê do seu grande conhecimento sobre os assuntos musicais, Almirante é, sem sombra de dúvida, uma das poucas figuras do nosso broadcasting que pode falar com segurança sobre o carnaval, a semelhança das melodias carnavalescas com ritmos de outros povos e a introdução do samba no tríduo da folia.

Assim resolvemos procura-lo em seu gabinete, a fim de ouvi-lo sobre os assuntos em referência. Inicialmente, perguntamos-lhe quando surgiu a primeira música propriamente carnavalesca.

— A primeira, a rigor, foi a da paródia dos “Pompier de Nanterre”, cançoneta francesa, adaptada pelo ator Vasques, que ele cantava com um martelar de bombos, reproduzindo o “Zé Pereira”, que um português de nome José Nogueira de Azevedo Paredes tinha posto em moda aqui no Rio. A cantiga atravessou anos e chegou até nós graças à primeira quadrilha da versalhada do Vasques, que era assim:

E com aquela voz bem conhecida dos rádio-escutas, Almirante cantou:

— "Viva o Zé Pereira / Que a ninguém faz mal! / Viva a bebedeira / Nos dias de Carnaval."

— Acredita que a referida música tenha dado lucros financeiros ao seu autor? — indagamos.

— Não houve e nem podia haver lucro decorrente da cantiga. Naquele tempo, meu caro, não se cogitava de direito autoral...

Prosseguindo, solicitamos ao exclusivo da Tupi que nos traçasse uma ligeira relação das principais músicas de carnaval que apareceram depois.

— É difícil dar uma relação — disse-nos ele. — Em todo o caso, posso apontar o famosíssimo "Abre Alas", de Chiquinha Gonzaga, surgido em 1899 em seguida, o "Vem cá, mulata", de Arquimedes de Oliveira e Bastos Tigre. que esteve em evidência de 1902 a 1906; e o "No bico da chaleira", de Juca Storoni, aparecido em 1909. Isso para falar das primeiras.

— Acha que o ritmo das nossas músicas de carnaval tenha parecença com ritmos de outros povos?

— Acredito que semelhança rítmica, propriamente, pode ser encontrada em certas marchinhas brasileiras, de características acentuadamente portuguesas.

Quisemos saber, em seguida, a opinião do nosso entrevistado sobre qual as melhores músicas, de todos os tempos, que já se fizeram para o Carnaval.

Jeitosamente, disse-nos Almirante:

— Citar algumas e esquecer outras seria cometer uma injustiça. Lembro, entretanto, o "Abre alas" e a magistral adaptação "Teu cabelo não nega", de Lamartine Babo, da marcha "Mulata", dos Irmãos Valença.

Revista do Rádio: Duas atitudes de Almirante, apanhadas em seu gabinete de trabalho. A segunda é bem característica, tal como ele estivesse explicando e detalhando dados, em seu vastíssimo arquivo.

— Quando foi introduzido o ritmo do samba nas músicas carnavalescas?

Fez-se uma breve pausa, em que o famoso produtor consultou a memória, após o que nos respondeu:

— O ritmo do samba, a bem dizer, existe no Brasil desde que por aqui se inventaram as polcas-lundus. Quando, a partir de 1916, depois do aparecimento do "Pelo telefone", as músicas passaram para a nova denominação de "samba", os autores ainda tinham dúvidas sobre quais as que deveriam ser batizadas daquela maneira. A princípio, o que mudou foi somente a denominação. Só mais tarde, as músicas foram tomando o feitio que as enquadravam de maneira mais positiva dentro do novo nome. Se o nome “samba” não tivesse sido adotado em 1916 para designar um gênero de música, o “É bom parar...” talvez fosse classificado como polca; o “Ai que saudades da Amélia”, como tango; assim por diante.

— Qual o compositor que, em sua opinião, tenha escrito as melhores músicas de carnaval?

Denotando grande tato, respondeu-nos Almirante, sorrindo:

— Falemos dos mortos, que serão capazes de perdoar com mais facilidade os esquecimentos: Sinhô, Eduardo Souto e Noel Rosa...

— No seu modo de ver, onde está o sucesso de uma composição carnavalesca: na letra ou na melodia?

— Se alguém tivesse a desejada ciência de saber o detalhe psicológico que determina o sucesso de uma música, esse alguém estaria riquíssimo. Mil fatores contribuem para isso. Mas nunca se pode afirmar que seja uma boa melodia ou uma boa letra, pois são infindáveis os exemplos de péssimas músicas e versos pavorosos que acabam em sucessos marcantes. Às vezes, um pequeno detalhe, um quase imperceptível detalhe na melodia, uma simples palavra, um ingênuo efeito rítmico, podem ser o fator imponderável do agracio.

Desejamos saber, então, das músicas para este ano, qual a que lhe parece com mais possibilidades de sucesso.

Fazendo “blague”, respondeu Almirante:

— Francamente — e por mais que isso pareça incrível! Fantástico! Extraordinário! — não pude me demorar em ouvir o que já saiu para 1949...

— Que acha dos concursos da Prefeitura?

— Nenhum certame, por mais honesto que seja, haverá de contentar, não só ao público como, principalmente, aos compositores, quando realizados antes do Carnaval. Orientando os concursos da Prefeitura, em todos os anos, tem havido elementos que não conhecem o assunto como seria necessário. Daí os comprometedores resultados de alguns deles que nunca chegaram a ser olhados com o respeito que deveria merecer uma iniciativa oficial. Concurso de música carnavalesca deveria ser feito depois do carnaval, e por um sistema de consulta à opinião pública, que não pudesse sofrer o cambalacho dos interessados.

Finalizando, quisemos saber alguma coisa mais sobre os festejos carnavalescos no Rio.

— Sobre o carnaval, acho que a Prefeitura deveria proibir terminantemente os alto-falantes pelas ruas; as barraquinhas de comezainas pelas calçadas em pontos tão próximos da Avenida Rio Branco; deveria ressuscitar a tradição das várias bandas em coretos, avenida e, agora, na Presidente Vargas; e o mais importante: animar a volta dos ranchos e dar maior auxílio às grandes sociedades. Uma ideia que talvez desse resultado fosse o reviver as passeatas de caminhões engalanados, em certo dia do carnaval, premiando os mais merecedores e os portadores da melhor música — concluiu Almirante.

Aí estão diversas sugestões bem interessantes. Por que a Prefeitura não as aproveita?”

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Fonte: Revista do Rádio - Fevereiro de 1949.

Paulo Molin

Paulo Molin (Paulo Fernando Monteiro Mollin), cantor e jornalista, nasceu em Recife, PE, em 02/01/1938, e faleceu em Guaxupé, MG, em 26/08/2004. Começou a cantar com apenas oito anos de idade.  Seu grande sucesso foi Olinda, cidade eterna. Vindo para o Rio de Janeiro, atuou na Rádio Tupi e posteriormente foi contratado pela Rádio Nacional.

Gravou seu primeiro disco em 1950, com apenas 12 anos de idade, registrando os sambas-canção Olinda, cidade eterna e Recife, cidade lendária, ambos de Capiba, em disco que contou com acompanhamento de Severino Araújo e sua Orquestra Tabajara.

Em 1951, gravou, com acompanhamento de Zimbres e sua orquestra, o samba-canção Igarassu, cidade do passado, de Capiba, e a canção A chama, de Capiba e Ascenço Ferreira.

Contratado pela Sinter, gravou, em 1953, o bolero Bem sabes, de Oldemar Magalhães e Rossini Pacheco, e o samba-canção Por que?, de Rossini, Morpheu e Heber Lobato. Em 1954, gravou, com acompanhamento de Lírio Panicalli e sua orquestra, o fox-canção Daqui para a eternidade, de Karger e Wells, com versão de Lourival Faissal, e o samba-canção Se você vai embora, de Luiz Fernando e Nelson Bastos. No mesmo ano, gravou o samba Não tenho lar, de Edson Menezes, Arsênio de Carvalho e Luiz Bandeira, e a marcha Não aguento este calor, de José Lima, Bené Alexandre e Petrus Paulus. Ainda no mesmo ano, participou da coletânea Carnaval 1955, da gravadora Sinter, com a marcha  Não aguento este calor, de José Lima, Bené Alexandre e Petrus Paulus.

Em 1955, participou do LP Feira de ritmos, da gravadora Sinter, interpretando o fox-canção Daqui para a eternidade, de Karger e Wells, com versão de Lourival Faissal. Em 1956, lançou, pela gravadora Mocambo, o tango Caminho errado, de Agnes de Aquino e Carlos Magno, e o samba Desligue este rádio, de Carolina Cardoso de Menezes e Armando Fernandes. No ano seguinte, gravou as baladas-rock Sereno, de Aloísio T. de Carvalho, e Como antes (Come prima), de Taccani, Di Paola e Panzeri, em versão de Júlio Nagib, o samba "Quem sabe", de Nazareno de Brito e Fernando César, os boleros Sinto que a vida se vai, de Alfredo Gil e Fernando César , e Prece do perdão, de Fernando Borges e Antenor Aroxa, e a guarânia Serenata suburbana, de Capiba.

Paulo Molin - Revista do Rádio de 1955
Em 1958, participando com assiduidade de programas da Rádio Nacional, gravou os rocks-balada Minha janela, de Fernando César e Ted Moreno, e Se aquela noite não tivesse fim, de Nelson Ferreira e Ziul Matos. Em 1959, gravou, pelo selo Califórnia, as marchas A vida é boa, de Henrique de Almeida, José Roy e Rômulo Paes, e Bebo sem parar, de Rômulo Paes, Nelson Malibau e José Roy. 

Em 1960, gravou o samba Estamos quites e o bolero Fui eu, ambos de Sebasto e Irmãos Venâncio. Nesse ano, lançou, pela Mocambo, o LP Surpresa com diferentes músicas gravadas em 78 rpm, além da balada És a luz do meu olhar, de sua autoria. Nesse ano ingressou na gravadora Copacabana e participou da coletânea Tudo é carnaval - Nº 1 interpretando a marcha Eu não sou doutor, de G. Nunes, B. Lobo e F. Favero.

Em 1961, gravou o fox Olhando estrelas, de M. Anthony e Paulo Rogério, e a guarânia A deusa da montanha, de Hilton Acioli e Marconi da Silva. Em 1962, participou da coletânea Tudo é carnaval - Nº 2 com a marcha Viva a cegonha, de Silvio Arduino e Ercilio Consoni. No mesmo ano, de volta à gravadora Continental, gravou a balada Chorando por você, de Roy Orbison e Noe Nelson, em versão de Romeu Nunes, e o samba É tua vez de sorrir, de Fernando César e Luiz Antônio. Ainda em 1962, ingressou na gravadora Philips e gravou, o bolero-mambo Teimosia e a Balada do desespero, ambas de Francisco de Pietro. No mesmo ano, gravou pela Mocambo o samba-canção "Inconstante", de Aloísio T. de Carvalho, e o samba Rosa do mato, de Sérgio Ricardo e Geraldo Serafim.

Em 1963, lançou, pela gravadora Philips, o LP Meu bom amigo Capiba, um tributo ao compositor Capiba, interpretando várias obras do compositor. Em 1964, gravou duas marchas para a coletânea Carnaval - Vol. 1, da gravadora Philips, Balzac disse, de Denis Brean e Osvaldo Guilherme, e Me leva, de Waldemar Camargo e Vicente Longo.

Transferiu-se depois para São Paulo. Fixou-se, enfim, em Guaxupé, MG, onde continuou sua carreira de cantor, exercendo, também, nessa cidade, a atividade jornalística, no jornal Folha do Povo.

Em 1976, sua interpretação para a balada-rock Sereno, de Aloizio T. de Carvalho, foi incluída na trilha sonora da novela Estúpido cupido, da TV Globo.

Obras

És a luz do meu olhar, Quem tem mulata (Vicente Longo e Waldemar Camargo).

Discografia

(1950) Olinda, cidade eterna/Recife, cidade lendária • Continental • 78
(1951) Igarassu, cidade do passado/A chama • Continental • 78
(1953) Bem sabes/Por que? • Sinter • 78
(1954) Carnaval 1955 - Participação • Sinter • LP
(1954) Daqui para a eternidade/Se você vai embora • Sinter • 78
(1955) Feira de ritmos • - Participação - Sinter • LP
(1956) Caminho errado/Desligue este rádio • Mocambo • 78
(1957) Sereno/Quem sabe • Mocambo • 78
(1957) Como antes (Come prima)/Sinto que a vida se vai • Mocambo • 78
(1957) Prece do perdão/Serenata suburbana • Mocambo • 78
(1958) Minha janela/Se aquela noite não tivesse fim • Mocambo • 78
(1959) A vida é boa/Bebo sem parar • Califórnia • 78
(1960) Tudo é carnaval - Nº 1 • Carnaval/Copacabana - Participação • LP
(1960) Estamos quites/Fui eu • Mocambo • 78
(1960) Surpresa • Mocambo • LP
(1961) Tudo é carnaval - Nº 2 - Carnaval/Copacabana - Participação • LP
(1961) Olhando estrelas/A deusa da montanha • Continental • 78
(1962) Inconstante/Rosa do mato • Inconstante/Rosa do mato • 78
(1962) Chorando por você/É tua vez de sorrir • Continental • 78
(1962) Teimosia/Balada do desespero • Philips • 78
(1963) Meu bom amigo Capiba • Philips • LP
(1963) Carnaval bossa nova - • - Participação - Fermata - • LP

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Fontes: Wikipédia; Dicionário Cravo Albin da MPB; Revista do Rádio.

Marilena Cairo

Marilena Cairo - 1956
Marilena Cairo (circa 1930 - Rio de Janeiro), cantora, iniciou a carreira artística no início da década de 1950, apresentando-se em programas de rádio, quando foi contratada pela gravadora Copacabana em 1953. Gravou com acompanhamento de orquestra os sambas-canção Mentes, de Augusto Mesquita e Ari Monteiro, e Os lábios que te beijavam, de Mary Monteiro e Odilon Noronha.

Em 1955, gravou o samba Eu não conhecia a saudade, de Lindolfo Gaya, e o samba-canção Fita meus olhos, de Peterpan.

Contratada pela Sinter em 1956, lançou nesse ano o LP Marilene Cairo canta para você, com acompanhamento de Britinho e sua orquestra, disco no qual interpretou as músicas Fita meus olhos, Folha morta, de Ary Barroso, Os rios correm pro mar, de Custódio Mesquita e Evaldo Ruy, Ninguém para amar, e Quem me dera, ambas de Anísio Silva e C. Portela, Aniversário da saudade, de Santos Garcia e Aldacir Louro, Se eu pudesse, de José Maria de Abreu e Jair Amorim, e Eu sei, de Carlinhos e Alberto Paz.

No início do ano seguinte, os sambas-canção Eu sei, de Carlinhos e Alberto Paz, e Se eu pudesse, de José Maria de Abreu e Jair Amorim foram lançados em disco de 78 rpm. Ainda em 1956, atuou no filme Vamos com calma, direção de Carlos Manga e estrelado por Oscarito.

Contratada pela RCA Victor em 1957, gravou com acompanhamento de orquestra o bolero Deus te favoreça, de Fernando César, e o samba-canção Vê o que fizeste, de Peterpan e Mary Monteiro. No ano seguinte, lançou, também com acompanhamento de orquestra, o bolero Não posso mais te querer, de Aldacir Louro e Linda Rodrigues, e o samba-canção Por que brigamos?, de Pedro Rogério e Lombardi Filho.

No início da década de 1960, gravou dois discos pelo pequeno selo Santa Rita interpretando o samba-canção Aniversário da saudade, de Santos Garcia e Aldacir Louro, e Ao apagar da fogueira, de Castro Perret, e os sambas Menina dos olhos, de Anísio Bichara, Aldacir Louro e A. Roberto, e Você me traiu, de José Silva, Jorge Gonçalves e Agenor Lourenço.

Em 1974, participou do disco Osvaldo Santiago - Gente importante na Música Popular Brasileira um tributo ao compositor Osvaldo Santiago lançado pela Continental com as participações também de Alcides Gerardi, Gilberto Alves, Arlindo Borges, Coro Continental, e Hélio Chaves. Nesse tributo interpretou as músicas "Tudo cabe num beijo" e "Caçador de esmeraldas".

Os brotos (do rádio) também amam

"Marilena Cairo é uma pequena bonita e interessante que sabe cantar e apareceu no rádio atuando no programa de Samuel Rosemberg, o “Clube do Guri”. Desde que surgiu no rádio, fez logo valer sua personalidade e não houve quem não profetizasse grandes sucessos para a estrelinha que surgia.

Sua aparição verificou-se há mais ou menos quatro ou cinco anos e, depois, quando atingiu a idade juvenil, começou a ser solicitada para outras atuações. Assim apareceu na televisão, sempre cantando com agrado geral. Certo dia noticiou-se que Marilena estava atuando na PRE-Neno. Consagrava-se, assim, como profissional, a cantora que tanto sucesso fizera nos programas infantis e para quem tantos e tantos ouvintes ou homens de rádio julgaram possível uma carreira cheia de êxitos. Ainda dessa vez, Marilena continuou atuando no rádio e foi assim que ingressou noutros programas mantendo sempre o máximo de fãs.

Hoje, Marilena Cairo que ainda não conta vinte anos, está na Rádio Mundial e brilhando como não poderia deixar de brilhar. Sua atração principal é a maneira de cantar e sua graça muito juvenil. Tudo isso, porém, fez com que muita gente se preocupasse com o possível eleito dessa moça e, assim, de um momento para outro correu a notícia de que Marilena possuía um Príncipe Encantado e esse era nada mais nada menos do que o conhecido Paulo Mollin, cantor também novo e que se vem destacando no cenário radiofônico desde que deixou Pernambuco para atuar no Rio. Em Pernambuco, Paulo Mollin era cantor da Rádio Jornal do Comércio, de Recife. Ainda guri, de calças curtas, certo dia velo ao Rio e surpreendeu a todos cantando na Rádio Nacional, onde fez uma série de programas e agradou em cheio. Hoje, homem feito, muito embora seja muito jovem, está radicado no Rio, onde atua. na Nacional, depois de curta temporada na Tupi.

Fora do rádio, Paulo estuda e pretende seguir uma carreira universitária. Está terminando seu curso de humanidades para depois então ingressar numa Universidade. Requestado pelas moças, dono de uma bonita voz e de uma aparência atraente, o moço pernambucano reúne muitas qualidades para agradar às jovens. Acontece, porém, que era preciso que alguém o atraísse e, esse alguém, dizem todos, é a cantora da antiga “Hora do Guri”, a Marilena Cairo, dona de uma voz bonita e de uma carinha ainda mais bela.

Nessas coisas do coração, nada como se ouvir os interessados e, por isso, fomos ao encontro das pessoas mais próximas aos dois moços. Por sorte, encontramos o pai de Paulo Mollin, no elevador da Tupi, em companhia do animador Aérton Perlingeiro, velho amigo da família e talvez o maior fã de Paulinho. De início, nos dirigimos ao sr. Mollin perguntando:

— Então, temos romance na família, não é?

O pai de Paulo, porém, se surpreendeu com a pergunta e, curioso, fez outra indagação:

— Que negócio é esse?

Não vacilamos em contar a história:

— Dizem que Paulo Mollin e a Marilena Cairo estão-se namorando e o negócio é para casar...

Dessa vez o sr. Mollin, não vacilou e, quase nervoso, replicou:

— Qual o que! Paulinho ainda é muito novo e precisa cuidar de sua vida. De sua carreira. Fazer alguma coisa e preparar-se para o futuro.

— Mas se ele gosta da moça...

— Nem sempre o coração deve ser atendido. Paulo está estudando e tem em mente realizar um curso. Não pode, no momento, pensar em casamento.

— E no futuro?

— Bem, aí é outra coisa. Se ele pensar bem, tratará primeiro de se firmar na vida e, depois, de casar.

— O senhor se importaria que ele casasse?

— Nessas coisas, o pensamento dos pais não influi a não ser como a voz do bom senso. Todo aquele que antes de se firmar definitivamente procura constituir família, acaba se arrependendo, mais dia menos dia.

— E o Paulinho, não lhe falou nada, ainda?

— Não. Soube disso por seu intermédio. Nem conhecia qualquer projeto do Paulinho com referência à cantora da Mundial. Por isso não posso me pronunciar oficialmente sobre um romance que nem sei se existe.

Deixamos o elevador e procuramos Paulo Mollin na Nacional e Marilena na Mundial. Não os encontramos e tivemos de nos valer do telefone. Todos dois negaram a existência de qualquer romance.  Paulo disse que conhece Marilena e gosta dela como admirador e colega. Nada mais. O fato é que, se de fato existe um romance, eles despistam muito bem.  Há, porém, tudo para favorecer a ação de Cupido: ambos são moços, e estão naquela fase da vida em que tudo se apresenta envolto em nuvens cor de rosa!" (Revista do Rádio, 21/5/1955)

Discografia

(S/D) Aniversário da saudade/Ao apagar da fogueira • Santa Rita • 78
(S/D) Menina dos olhos/Você me traiu • Santa Rita • 78
(1974) Osvaldo Santiago - Gente importante na MPB • Continental • LP
(1958) Não posso mais te querer/Por que brigamos? • RCA Victor • 78
(1957) Eu sei/Se eu pudesse • Sinter • 78
(1957) Deus te favoreça/Vê o que fizeste • RCA Victor • 78
(1956) Marilene Cairo canta para você • Sinter • LP
(1956) Quem me dera/Ninguém para amar • Sinter • 78
(1955) Eu não conhecia a saudade/Fita meus olhos • Copacabana • 78
(1953) Mentes/Os lábios que te beijavam • Copacabana • 78

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Fontes: Revista do Rádio; Dicionário Cravo Albin da MPB.

Belinha da Silva

Belinha da Silva - 1949
Belinha Silva (Nair José da Silva), cantora, iniciou a carreira artística cantando na Rádio Guanabara num programa de calouros. Atuou depois na Rádio Tupi. Na primeira metade da década de 1950 foi uma das cantoras contratadas pela Rádio Nacional onde estreou em 1948 no programa "Alma do sertão" apresentado por Renato Murce quando interpretou Recorda coração.

Entre outros programas, participou do "Dicionário Toddy" produzido por Fernando Lobo onde, em um especial sobre o Nordeste, interpretou Nordeste e a música Macumbô.

Em 1950, atuou no programa "Poemas sonoros" apresentado na Rádio Nacional por Manoel Barcelos, com textos de Eurico Silva, e arranjos e orquestra dirigida pelo maestro Leo Peracchi. Apresentou-se também no programa "Gente que brilha", apresentado pelo radialista Paulo Roberto.

Estreou em discos em 1951, quando assinou contrato com a gravadora Elite Special, e gravou com acompanhamento de orquestra, o baião Bate o barro, de Ismael Neto e Nestor de Holanda Cavalcanti, e o samba-canção Dores iguais, de Ismael Neto e René Bittencourt. Em seguida, gravou com acompanhamento de conjunto regional o Baião na cidade, de Ismael Neto e Nestor de Holanda Cavalcanti, e o coco Piaba, de Rafael de Carvalho.

Sempre atuando com exclusividade em programas musicais da Nacional, em 1952 gravou com acompanhamento de regional o samba Não dei razão, de Bob Nelson e Sebastião Lima, e a Marcha do Sheik, de Dunga e José Batista. No mesmo ano, gravou os sambas-canção Não diga que isso é amor, de Anísio Bichara e F. Marchelli, João bilheteiro, de René Bittencourt, e A dor da saudade, de Luiz Antônio e Jota Jr., e os sambas Silêncio entre nós, de Luiz Bittencourt e Roberto Faissal, Baiana de Nazaré, de Ari Moreno, e Minha promessa, de Rubens Campos e Ari Rebelo.

Apesar de manter sempre uma atuação bastante discreta no cast de estrelas da Nacional, em 1953 lançou um último disco pela Elite Special com a Marcha da China, de Geraldo Queiroz e José Batista, e o samba Documento de operário, de Artur Vargas Jr, Manoel Moreira e Jones Dutra. No mesmo ano, foi contratada pela Odeon e lançou o baião De quem é meu coração e a polca Polquinha brejeira, ambas de Babi de Oliveira, com acompanhamento de conjunto regional.

No ano seguinte, gravou com acompanhamento de conjunto melódico o baião Oia o jeito, de Vargas Jr e Ubirajara Nesdan, e o samba-canção Eu abro mão, de Carolina Cardoso de Meneses e Armando Fernandes.

Em 1956, foi contratada pela gravadora pernambucana Mocambo, e no ano seguinte, lançou o samba-canção Não ser mãe, de René Bittencourt, e o xote Velhos tempos, de Altamiro Carrilho e Armando Nunes. Em seguida, gravou a marcha Cuidado papai, de Othon Russo, Castro Perret e Edson Santana, e o samba Sem teu amor, de Carvalhinho, Carrapeta e Osvaldinho.

Em 1960, gravou pelo pequeno selo CAM a marcha Eu vou pro Bola, de Blecaute e Antoninho exaltando o tradicional bloco carnavalesco carioca Cordão do Bola Preta, e o samba Dor de amor, de José Silva, Everton Correia e Jorge Costa. Lançou ainda pelo selo Ritmos, o samba Já chorei por você, de Petrus Paulus, José Silva e Jorge Gonçalves, e a marcha Tô jogado fora, de José Rosas, José Silva e Jorge Lemos.

Discografia

(1954) Óia o jeito/Eu abro mão • Odeon • 78
(1957) Não ser mãe/Velhos tempos • Mocambo • 78
(1957) Cuidado papai/Sem teu amor • Mocambo • 78
(1960) Eu vou pro Bola/Dor de amor • CAM • 78
(1961) Já chorei por você • Ritmos • 78
(1961) Tô jogado fora • Ritmos • 78

Fontes: Dicionário Cravo Albin da MPB; Revista do Rádio - Fevereiro de 1949.