Déo Rian (Déo Césario Botelho), instrumentista, nasceu no Rio de Janeiro-RJ, no bairro de Jacarepaguá, em 26/02/1944, em uma família que a música sempre esteve presente. Seu pai cantava, o irmão de seu avô tocava cavaquinho e os tios de sua mãe, no começo do século, tocavam bandolim e formavam em casa rodas de choro. Começou a praticar no cavaquinho com 5 anos de idade, o qual logo trocaria pelo bandolim. Tinha 15 anos quando passou a estudar por música com Moacir Arouca.
Em 1962, com 18 anos, tocou pela primeira vez como profissional, na Rádio Mauá, mas por pouco tempo. Fazia parte do regional de Darli do Pandeiro e tal aconteceu no programa Samba e Outras Coisas, produzido e apresentado por Henrique Batista, irmão da cantora Marília Batista.
Daí em diante, continuou apenas a freqüentar reuniões de serestas e choros, como já vinha fazendo desde muito cedo, inclusive no Retiro da Guarda Velha, onde Pixinguinha também costumava comparecer. Conhecia, desde 1961, Jacob do Bandolim, seu vizinho em Jacarepaguá, e dele se tornaria amigo e dileto discípulo. Exigente ao extremo, com todos e consigo mesmo, Jacob só permitia que uma pessoa pudesse assistir a seus próprios ensaios, Déo Rian.
Dalton Vogeler, produtor da RCA-Victor, em junho de 1969, ouviu-o tocar e não teve dúvidas de que se tratava de uma rara revelação no instrumento. O falecimento de Jacob pouco depois, em agosto de 1969, fez com que Dalton se lembrasse de Déo para preencher a vaga deixada por Jacob na gravadora.
Levou então seu nome para Romeo Nunes, diretor-artístico da RCA-Victor, que determinou um teste e conseqüentemente gravação do LP Dalton, entendendo que sua descoberta não tinha nome adequado para artista, propôs-lhe a substituição do Cesário Botelho por Rian, sugestão que tirou do cinema do mesmo nome em Copacabana.
O lançamento desse LP, no ano seguinte, somente com composições de Ernesto Nazareth e bem cuidada produção, fez com que o público logo constatasse que, de fato, o jovem Déo Rian podia ser considerado o sucessor do genial Jacob do Bandolim. Aliás, também seu sucessor, em 1970, no conjunto Época de Ouro, que Jacob tinha liderado.
Em 1973, Déo participou do espetáculo Sarau com Paulinho da Viola. Em 1974, gravou 2 LPs, na Odeon e na CID, saindo o 4º LP, Saudades de Um Bandolim, pela Continental, em 1976.
No ano seguinte, desligou-se do Época de Ouro e formou seu próprio conjunto, o Noites Cariocas. Com ele gravaria seu 5º LP, Inéditos de Jacob do Bandolim, em 1980, através do selo Eldorado. Nesse mesmo ano, seu LP Ernesto Nazareth foi lançado no Japão, abrindo caminho para que aí excursionasse, em 1991, com apresentações, em Tóquio, Osaka, Kioto, Kobe e Nagoya, e gravasse o CD Déo Rian com choros e modinhas, sendo acompanhado por músicos japoneses no violão, cavaquinho e pandeiro, tarefa possível porque levou escritas as partes musicais.
Faria, nesse mesmo ano, uma segunda viagem ao Japão, para lançamento desse CD, e para espetáculos em Tóquio, Sandai, Kyossato e Iokoyama. Um CD como tem sucedido tantas vezes com outros artistas brasileiros que gravam no exterior, jamais lançado em nosso país.
Em 1995, esteve pela terceira vez em terras japonesas, apresentando-se em Tóquio, Tsukuba e Yasato.
Déo Rian é formado em Economia, em 1976, pela Faculdade de Economia e Finanças do Rio de Janeiro, tendo trabalhado e se aposentado na Embratur.
Participou do espetáculo Canto das Três Raças, em 1977, com Clara Nunes, da série Seis e Meia, em 1981 e 1988, e de diversos outros espetáculos, como o Projeto Pixinguinha-Funarte, em 1997, com apresentações em Goiânia, Palmas, Cuiabá, Campo Grande, Porto Velho e Rio Branco. Em 1994, fez uma temporada em Santiago do Chile.
Em 1993, gravou o CD Raphael Rabello e Déo Rian (BMG Ariola), apenas com músicas clássicas e, em 1996, o CD Choro em Família (produção independente), com seu filho Bruno, também bandolinista, então com 15 anos de idade, já uma grata realidade no instrumento.
"Dono de uma das mais belas sonoridades de toda a história de nossa música popular", segundo o historiador e jornalista Sérgio Cabral (in Jacob do Bandolim), Ermelinda A. Paz (Funarte, 1997, p. 64).
Déo Rian, que aqui temos no início de sua carreira discográfica, porém já no domínio pleno de sua arte, continua a se apresentar - e o fará seguramente por muitos anos ainda - para gáudio de seus inúmeros admiradores e valorização da música brasileira.
Fonte: Revivendo Músicas - Biografias.