O morro é um mastro. Um mastro de navio tripulado por malandros. Almirante é o seu capitão.
Um capitão que é Almirante e que commanda cantando. Cantando marchas e sambas. “Na Pavuna” foi o seu successo revelador. Depois disto elle fez outras “manobras” com exito.
Em 1933, “Moreninha da praia” e “Trem blindado”. Este anno “Trem azul”, “Garota da rua”, “O orvalho vem cahindo”, “Menina Oxygenée”, “Você por exemplo”, “Historia do Brasil”, etc.
Almirante é, além disto, um optimo contador de anecdotas — como quasi todos os “lobos do mar”. No palco, o seu successo tambem é indiscutivel. E assim sendo, nada mais justo do que considerar Almirante o Ministro da Marinha da nossa musica popular.
Pereira Filho (João Pereira Filho), violonista, executante de cavaquinho, bandolinista e compositor, nasceu no Ro de Janeiro, RJ, em 22/09/1914, e faleceu na mesma cidade, em 12/12/1986. Filho do professor de violão e autor de um método para instrumentos de cordas, João Pereira, começou a tocar cavaquinho com quatro anos e, antes de aprender a ler, já tinha aulas de bandolim com seu pai. Ainda menino, já organizava conjuntos, com os colegas do curso primário, a fim de animar festinhas. Dedicou-se mais tarde ao violão, instrumento no qual se especializou.
Com apenas 11 anos, participou de um festival promovido pelo Instituto Nacional de Música. Tocou, a seguir, no espetáculo Reisados e cheganças, promovido pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, então Distrito Federal, apresentado no Teatro Lírico. Compôs a primeira música, o solo para violão Variações sobre cateretê, em 1929.
Em 1930, passou a integrar a Orquestra de Napoleão Tavares. Em 1932, passou a integrar a Orquestra de Ioiô na qual permaneceu por oito anos.
Em 1933, lançou seu primeiro disco, pela Victor, interpretando a dança Jongo africano e a valsa Áurea, de sua autoria, ambas para violão solo.
Em 1936, gravou ao violão Variações sobre cateretê, de sua autoria. Em 1937, teve o samba canção Tua partida, parceria com Mário Morais gravada por Francisco Alves na Victor.
Em 1941, criou seu próprio conjunto com o qual passou a atuar. Em 1944, acompanhou no violão elétrico a cantora Dircinha Batista e o cantor Déo na gravação da valsa Continuas em meu coração e Déo no choro Cochichando, pela Continental.
Em 1945, gravou na Continental o choro Edinho no choro, de sua autoria.
Pereira Filho (Noite Illustrada, 29/8/1944)
Em 1951, acompanhou com seu conjunto na Todamérica o sanfoneiro gaúcho Pedro Raimundo na gravação da valsa Pingo mulato, do baião Oriental, da polca Fanfarronada e do choro Mágoas de sanfona, da rancheira Baú velhoe do corrido Corre, corre, meu cavalo, todas de Pedro Raimundo.
Em 1953, gravou na Continental o baião Conversa fiada e o bolero Serenata havaiana, ambos de sua autoria. No mesmo ano, gravou com seu conjunto o bolero Garoa e o dobrado Borba gato, os dois de sua autoria.
Em 1959, gravou na Todamérica o bolero Noite sem rumo, de sua autoria.
Trabalhou, ainda, como solista e diretor de orquestras e conjuntos regionais, em várias emissoras de rádio e televisão cariocas: Rádio Nacional, Rádio Mayrink Veiga, TV Tupi, TV Excelsior e TV Globo.
Obra
Áurea, Biquinho da chupeta (c/ Oldemar Magalhães e E . Cavalcanti), Borba gato, Conversa fiada, Edinho no choro, Garoa, Jongo africano, Noite sem rumo, Serenata havaiana, Variações sobre cateretê.
Discografia
1933 Jongo africano/Áurea • Victor • 78
1936 Variações sobre cateretê • Victor • 78
1945 Edinho no choro • Continental
1953 Conversa fiada/Serenata havaiana • Continental • 78
1953 Garoa/Borba gato • Continental • 78
1959 Conversa fiada/Noites sem rumo • Todamérica • 78
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Fontes: Dicionário Cravo Albin da MPB; Revista "O Malho", de outubro/1937