Chianca de Garcia (Eduardo Chianca de Garcia), compositor, teatrólogo e cineasta, nasceu em Lisboa, Portugal, em 14/05/1898, e faleceu no Rio de Janeiro em 28/01/1983. Ainda criança veio para o Brasil com a família, mas voltou periodicamente para Portugal.
Sua estréia em teatro foi em 1923, em Portugal, no Teatro Politeama, na peça A Filha do Lázaro, escrita por ele e por Norberto Lopes. Em 1937, escreveu com Tomás Ribeiro Colaço, a revista Água vai!, grande sucesso no Teatro da Trindade. Já era conhecido no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro, quando resolveu entrar também para o cinema.
Seu começo cinematográfico, porém, não foi prazeroso, pois foi com o filme Ver e amar, que não foi bem recebido. Mas Chianca não desanimou. E continuou fazendo filmes e apareceu em inúmeros. Ficou conhecido por seu grande sucesso A Aldeia da Roupa Branca, que foi realizado em 1938, com argumento seu, planificação de José Gomes Ferreira e diálogos de Ramada Curto. Em 1936, já havia feito o filme O Trevo de Quatro Folhas. E em 38 fez também A Rosa do Adro.
Em 1940, já então radicado definitivamente no Brasil, fez o filme Purezas e em 41 24 Horas de Sonho. No Brasil era a época dos grandes cassinos e nos teatros de revista. E foi nesse ramo que Chianca mais se salientou. Foi responsável por montagem e direção de inúmeros shows do famoso Cassino da Urca, que era o mais importante na cidade do Rio de Janeiro e onde se apresentavam os grandes cantores e humoristas da época.
Em 1945, como compositor, teve duas parcerias em composições musicais com Vicente Paiva gravadas com sucesso pela cantora Dircinha Costa: os sambas Calendário e Não tens a lua. Ainda no mesmo ano, Heleninha Costa gravou com sucesso o hoje clássico samba Exaltação à Bahia, parceria com Vicente Paiva.
Em 1947, sua companhia estreou o espetáculo Um milhão de mulheres, escrito por J. Maia e Humberto Cunha, estrelado entre outros, por Grande Otelo e Salomé Parísio. Em 1948, o grupo Quatro Ases e um Coringa lançou o samba Bahia de todos os Santos, parceria com Vicente Paiva, pela Odeon.
Em 1950, escreveu com Hélio Ribeiro e produziu a superprodução Escândalos que marcou a estréia de Bibi Ferreira no teatro de revistas. No mesmo ano, fez grande sucesso o samba A Bahia te espera, parceria com Herivelto Martins, e lançado pelo Trio de Ouro.
Em 1951, quando da inauguração da TV Tupi, lá trabalhou como diretor em diversos programas. Em 1952, foi o roteirista do filme Appassionata de Fernando Barros. Em 1955, o fox-trot Aquilo que eu vejo, com Vicente Paiva, foi gravado na Continental por Linda Rodrigues.
Em 1962, teve as composições Exaltação à Bahia e Bahia de todos os santos, com Vicente Paiva, e A Bahia te espera, com Herivelto Martins, regravadas por Lana Bittencourt no LP Exaltação à Bahia, da Columbia. O samba A Bahia te espera, com Herivelto Martins, receberia ainda diversas gravações: em 1956, no LP Calendário páginas brasileiras - Henrique Simonetti com Orquestra e Conjunto da gravadora Polydor; em 1965, por Dalva de Oliveira no LP Rancho da Praça Onze da Odeon; no mesmo ano no LP Rio de 400 janeiros a trilha sonora do musical de Carlos Machado, apresentado no Golden Room do Copacabana Palace - Rio de Janeiro, e gravado em LP do selo Elenco com direção do maestro Lindolfo Gaya; por Maria Bethânea no LP Pássaro proibido de 1976, da Philips; pelo Trio de Ouro em sua terceira formação com Herivelto Martins, Raul Sampaio e Shirley Dom, para o LP Herivelto Martins - Que Rei sou eu?, de 1993, um tributo da Funarte a Herivelto Martins, e pelo grupo Fundo de Quintal no LP Carta musicada lançado em 1994 pela RGE.
A importância de Chianca de Garcia foi principalmente fazer a transição do teatro português para o brasileiro. Foi um batalhador dessa união e um grande representante dessa fusão, da qual nasceram os grandes ídolos artísticos da primeira metade do século vinte, no Brasil. Batalhador incansável e ardente admirador da arte dos dois mundos.
Fontes: Museu da TV Brasileira; Dicionário Cravo Albin da MPB.