quinta-feira, janeiro 31, 2008

Inteirinha

Pery Ribeiro
Inteirinha (samba-canção, 1960) - Luiz Vieira - Intérprete: Pery Ribeiro

Disco 78 rpm / Título da música: Inteirinha / Vieira, Luiz (Compositor) / Ribeiro, Pery (Intérprete) / Imprenta [S.l.]: Odeon, 1960 / Nº Álbum 14612 / Lado A / Gênero musical: Samba-canção.


Tom: G
Intro: G G/B Am7 D7 Bm Em7 Am D7

G      G/B   Am7       D7
Quero amar você, inteirinha
G   G/B   Am7       D7
Abraçar você, inteirinha
Bm7   E7  Am7       D7
Viver uma vida inteirinha
Bm   Em7 Am        D7 G
De felicidade inteirinha
     G/B Am7        D7
E em sua vida, inteirinha
G    G/B     Am7        D7
Repousar meu sonho inteirinho
Bm7 E7     Am7       D7
E depois morrer inteirinho
Bm    Em7    Am     D7     G7
Mas morrer risonho,   inteirinho
C               Bm7               E7
Gostoso é viver,   gostando de alguém
Am7            D7       Gmaj7    G7
Gostar de quem gosta da gente também
C              Bm7            E7
Amar sem temer,   o gosto de amar
      Am7       Bm7      Am7      D7
Se o amor faz sofrer, eu quero só ver
           G
Onde vou parar
G/B Am7 D7 Bm Em7 Am D7
Lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá...

quarta-feira, janeiro 30, 2008

Trapo de gente

Linda Batista
Trapo de Gente (samba-canção, 1953) - Ary Barroso - Interpretação: Linda Batista

Disco 78 rpm / Título da música: Trapo de Gente / Ary Barroso (Compositor) / Linda Batista (Intérprete) / Gravadora: RCA Victor / Nº Álbum: 80-1080 / Ano: 1953 / Lado A / Gênero musical: Samba-canção.


Tom: G

Bm7
Aconteceu
E7(4/9)         E6(9-)    A7M  A7M/C#
Justamente o que mais eu temia
C°           Bm7
Apesar do trabalho
       E7      E/D  C#m7(5-)  F#7(13-)
Que me deu sua educação

       Bm7               G#7/C
Fui buscá-la, na triste miséria
         A7M/C#
De um barracão
       F#7(13) 
Para as noites boêmias
     F#7(13-)   Bm7
De      Copacabana
               G7(9)
Este mundo de sonhos
        A7M  A#°  Bm7  E7(13-)
E fascinação

        Bm7       E7(b9)
Mas, incapaz de entender
       E/D     C#m7
Este prisma da vida
F#7(13-)                Bm7
Procurou disfarçar na bebida
       E7(13)  E7(13-)   G7(9)  F#7(11+)  F#/E
A mais torpe e cruel   traição

D6     
Saía comigo
D#°
Bebia comigo
A6           C#7/G#        G6  F#7
Depois, se entregava a um amigo
D7M       Dm6
Trapo de gente
B7(9)      E7(4/-9)   A6/9
Sem alma e   sem    coração

Letra

Aconteceu
Justamente o que mais eu temia
Apesar do trabalho
Que me deu sua educação
Fui buscá-la, na triste miséria
De um barracão
Para as noites boêmias
De Copacabana
Este mundo de sonhos
E desilusão

Mas, incapaz de entender
Este prisma da vida
Procurou disfarçar na bebida
A mais torpe e cruel traição
Saia comigo
Bebia comigo
Depois
Se entregava a um amigo
Trapo de gente
Sem alma e sem coração

Pela primeira vez

Noel Rosa
Pela Primeira Vez (samba, 1936) - Noel Rosa e Cristóvão de Alencar - Intérprete: Orlando Silva

Disco 78 rpm / Título: Pela Primeira Vez / Alencar, Cristóvão de, 1910-1983 (Compositor) / Rosa, Noel, 1910-1937 (Compositor) / Orlando Silva (Intérprete) / Regional RCA Victor (Acompanhante) / Imprenta [S.l.]: Victor, 1936 / Álbum 34061 / Lado A / Gênero: Samba.


Tom: G

G          C7/9       G
Pela primeira vez na vida
         E7                        Am  D7/9
Sou obrigado a confessar que amo alguém.
Am                 Ebº          Em
Chorei quando ela deu a despedida
       A7                       D7
Ela me vendo a chorar chorou também.
Am                 D7          G
Meu Deus, faça de mim o que quiser,
                    E7
Mas não me faça perder
Am      D7       G
O amor desta mulher.

   Am                D7          G
Na estação, na hora de partir o trem,
          Ebº                    Em
Ela me vendo a chorar chorou também.
         Am        D7       G
Depois fiquei olhando a janela,
E7     Am          D7            G
Até sumir numa esquina o lenço dela.

  Am                D7           G
Se meu amor não regressar, irei também
      Ebº                       Em
À estação na hora de partir o trem.
       Am          D7         G
E nunca mais assisto uma partida
E7       Am           D7           G
Pra não lembrar mais daquela despedida.

Obrigado, Maria

Orlando Silva
Obrigado, Maria (samba-canção, 1954) - Herivelto Martins e Mário Rossi - Interpretação: Orlando Silva

Disco 78 rpm / Título da música: Obrigado Maria / Herivelto Martins (Compositor) / Mário Rossi (Compositor) / Gravadora: Copacabana / Nº Álbum: 5.302 / Ano: 1954 / Lado A / Gênero musical: Samba-canção.



Obrigado, Maria
Pelo bem que me fizeste chegando
Obrigado, Maria
Pelo bem que me fazes partindo

Sinto-me bem porque fico cantando
Sinto-me bem porque partes sorrindo
Obrigado, Maria
É o que mais é lindo

Obrigado, Maria
Pelo mal que podias fazer
E não fizeste
Obrigado Maria
Pelas horas de amor e de prazer
Que tu me deste

Não me importa que leves contigo
Toda minha alegria
O que desejo é que sejas feliz
Obrigado, Maria!

Não e sim

Orlando Silva
Não... e Sim (samba, 1954) - Altamiro Carrilho e Armando Nunes - Interpretação de Orlando Silva

Disco 78 rpm / Título da música: Não e Sim / Altamiro Carrilho (Compositor) / Armando Nunes (Compositor) / Orlando Silva (Intérprete) / Gravadora: Copacabana / Nº Álbum: 5.254-a / Ano: 1954 / Lado B / Gênero musical: Samba.



Quando alguém me pergunta
Se ainda trago você dentro do coração
Digo que não, digo que não, que não e não

Quando alguém me pergunta
Se ainda seria capaz de te dar meu perdão
Digo que não, digo que não, digo não

Mas o que ninguém sabe
É que eu gostaria que você voltasse
Tão feliz eu seria
Se esse amor recomeçasse

Se você quisesse viver
Novamente juntinho de mim
Eu diria que sim, eu diria que sim,
eu diria que sim...

De que vale a vida sem amor

Leonel Azevedo
De Que Vale a Vida Sem Amor (valsa, 1954) - Leonel Azevedo, J. Cascata e Sá Róris - Interpretação: Orlando Silva

Gravação original: disco 78 rpm / Título da música: De Que Vale a Vida Sem Amor / Cascata, J, 1912-1961 (Compositor) / Azevedo, Leonel (Compositor) / Sá Róris (Compositor) / Orlando Silva (Intérprete) / Imprenta [S.l.]: Copacabana, 1954 / Nº Álbum 5254 / Lado A / Gênero musical: Valsa.



No céu azul da minha louca fantasia
Ergui castelos de ilusões e de venturas
Cheios de esplendor

Em ânsias transportei minh'alma
Aos pés do eterno criador
Pedindo em doce prece
Para abençoar o meu sincero amor

Sonhando assim viver
Com isso longe do mundo
Sem ter no coração o espinho
De um pesar negro e profundo

Fugindo da realidade
Dessa vida cheia de amargor
Eu que sempre na vida
Fui um sonhador

Porém, o vendaval cruel
Do meu destino
Em breve destruiu
Meu sonho peregrino

E hoje sou a imagem triste
De um passado de recordação
De tudo nada mais existe
Só restam mágoas no meu coração

Ó Deus fazei cessar o meu tormento
Fazendo reviver meu sonho lindo, encantador
Pois eu tenho dentro d'alma
A luz do firmamento
E de que vale a vida sem amor....

terça-feira, janeiro 29, 2008

Chora cavaquinho

Orlando Silva
Chora Cavaquinho (samba, 1935) - Dunga (Waldemar de Abreu) - Interpretação de Orlando Silva

Disco 78 rpm / Título da música: Chora Cavaquinho / Dunga (Valdemar de Abreu) (Compositor) / Orlando Silva (Intérprete) / Gravadora: Victor / Nº Álbum: 33.998-a / Ano: 1935 / Gênero musical: Samba-choro.



Chora cavaquinho, chora
Chora violão tambem
que o nosso amor foi embora
deixando saudades em alguem

Quantas vezes ele cantava
alegrando o meu coração
O seu cantar redobrava
fazendo sentir o violão

E não tendo mais esperança
na morte vive pensando
parece inocente criança
o pobre cavaquinho, triste chorando

Canta, cigana

Orlando Silva
Canta, Cigana (valsa-canção, 1954) - Ciro Monteiro e Dias da Cruz - Orlando Silva

Disco 78 rpm / Título da música: Canta, Cigana / Cyro Monteiro (Compositor) / Dias da Cruz (Compositor) / Orlando Silva (Intérprete) / Gravadora: Copacabana / Nº Álbum: 5.240-a / Ano: 1954 / Lado A / Gênero musical: Valsa-canção.



Canta, canta, cigana / Canta cigana, canta
Canta, canta, cigana / Canta cigana, canta

Era assim que eu pedia / Para a cigana cantar
Aquela canção dolente / Eu ficava a contemplar
Seu bailado / Seu pandeiro / Suas mãos / Seu meigo olhar
Era assim que eu pedia / Para a cigana dançar

Canta, canta, cigana / Canta cigana, canta
Canta, canta, cigana / Canta cigana, canta

A tribo foi-se um dia / Levou a minha alegria
E os sonhos que eu sonhava / As noites de luar
E hoje na saudade / Não sonho como outrora
Meu coração soluça / Com saudade daquele cantar

Canta, canta, cigana / Canta cigana, canta
Canta, canta, cigana / Canta cigana, canta

Aquela mascarada

Orlando Silva
Aquela Mascarada (fox-bolero, 1953) - Cyro Monteiro e Dias da Cruz - Interpretação de Orlando Silva

Disco 78 rpm / Título da música: Aquela Mascarada / Cyro Monteiro (Compositor) / Dias da Cruz (Compositor) / Gravadora: Copacabana / Nº Álbum: 5.113-a / Ano: 1953 / Lado A.



Aquela mascarada no / carnaval passado
De olhos tentadores / ternos, sonhadores
Lábios de pecado

Na sensação de um beijo / encheu-me de desejo
Mente-se de mulher / amor feito quimera
Sol de primavera e dor

Aquela mascarada / deixou-me na retira
Na sombra querida / de uma saudade imensa
E na harmonia / dessa minha canção
Deixo a mascarada / da minha ilusão

Aquela mascarada / deixou-me na retira
Na sombra querida / de uma saudade imensa
E na harmonia / dessa minha canção
Deixo a mascarada / da minha ilusão

Alegria

Orlando Silva
Alegria (samba, 1937) - Assis Valente e Durval Maia - Intérprete: Orlando Silva

Disco 78 rpm / Título da música: Alegria / Autoria: Assis Valente (Compositor) / , Durval Maia (Compositor) / Orlando Silva (Intérprete) / Imprenta [S.l.]: Victor, 1937 / Nº Álbum 34239 / Lado A / Gênero: Samba.


  G                        Bm 
Alegria pra cantar a batucada, 
                  G   Bm7 
As morenas vão sambar, 
           A#dim  Am7 D7 
Quem samba tem alegria, 
      G    C#dim              G    F7 E7 
Minha gente era triste, amargurada, 
               A7 
Inventou a batucada, 
                  D7 
Pra deixar de padecer, 
                           G 
Salve o prazer, salve o prazer. 
Da tristeza não quero saber, 
              Bm7     Am7 
A tristeza me faz padecer, 
             A#dim       G        
Vou deixar a cruel nostalgia, 
E7            A7 
Vou fazer batucada, 
   D7          G 
De noite, e de dia vou cantar. 
G                        Bm 
Alegria pra cantar a batucada, 
                  G   Bm7 
As morenas vão sambar, 
           A#dim  Am7 D7 
Quem samba tem alegria, 
      G    C#dim              G    F7 E7 
Minha gente era triste, amargurada, 
               A7 
Inventou a batucada, 
                  D7 
Pra deixar de padecer, 
                           G 
Salve o prazer, salve o prazer. 
            A#dim G    Bm7 
Esperando a felicidade, 
               A#dim    Am7 D7 
Para ver se eu vou melhorar, 
Am7              D7       G 
Vou cantando, fingindo alegria, 
       E7    A7 
Para a humanidade, 
    D7        G 
Não me ver chorar. 

Zé Carioca

Zé Carioca(samba, 1959) - Zé da Zilda (José Gonçalves) e Zilda do Zé (Zilda Gonçalves) - Intérprete: Moreira da Silva

LP Moreira Da Silva - A Volta Do Malandro / Título da música: Zé Carioca / Zé da Zilda (Compositor) / Zilda do Zé (Compositora) / Moreira da Silva (Intérprete) / Gravadora: Odeon / Nº Álbum: MOFB 3096 / Ano: 1959 / Lado B /Faixa 6 / Gênero musical: Samba / Samba-de-breque.



História de papagaio
Eu conheço bastante
Vou contar nesse instante uma bem interessante
Quando eu cheguei aqui
Fui tomar um café
Na Praça Tiradentes
No botequim do seu Vicente
Vi um pássaro verde
Em cima de um palanque
Que eu não conhecia
Eu perguntei a freguesia
Me disseram que era
O papagaio Zé Carioca
Professor de português
(Fala francês, italiano e até inglês, um bom freguês)
Ele ficou meu amigo,
E me levou consigo a uma gafieira
(Onde eu sambei a noite inteira)
De madrugada uma dama fuleira fez um tempo quente
E o papagaio pulou na frente
Deixa comigo que eu sou carne de pescoço
Quem mexer com meu amigo tem que mastigar um osso
Não tenha medo isso é café pequeno eu resolvo só
(Pulou pra trás e arrancou o paletó, meu Deus que nó
eu vou fugir, pra Maceió, com minha vó)*
E, mas de repente a polícia chegou e o baile acabou
E todo mundo se pirou
E o papagaio saiu debaixo da mesa todo rasgado
Completamente depenado
Os dançarinos ficaram com pena de ver seu estado
(Disseram: coitado)
Ele saiu gingando se rebolando todo cheio de visagem
É dos pelados que elas gostam mais
É dos depenados que elas gostam mais.

O sequestro de Ringo


O ciclo mais notório de continuações na música brasileira foi o dos sambas de breque de Miguel Gustavo para Moreira da Silva, em que o cantor era apresentado inicialmente como um herói de faroeste (passando depois para agente secreto e até cangaceiro!), Kid Morengueira, em gravações que pareciam capítulos de radionovela, com atores, narrador e sonoplastia. São seis os sambas: O Rei do Gatilho (1962), O Último dos Moicanos (1963), Os Intocáveis (1968), Morengueira Contra 007 (1965), O Sequestro de Ringo (1970) e Rei do Cangaço (1973).

O Sequestro de Ringo (samba, 1970) - Miguel Gustavo - Interpretação: Moreira da Silva

LP Moreira Da Silva - Mo "Ringo" Eira / Título da música: O Sequestro de Ringo / Miguel Gustavo (Compositor) / Moreira da Silva (Intérprete) / Gravadora: Continental / Nº Álbum: PPL 12466 / Ano: 1970 / Lado A / Faixa 1 / Gênero musical: Samba.



Filme estrelado por: Moreira da Silva

Correu pela Itália o grito de guerra
O Ringo está preso, quem foi que prendeu
O Ringo famoso sofrendo torturas
Nas celas escuras, quase morreu

Mandaram uma carta pedindo resgate
Sua noiva tão linda tem que ser entregue
Exigem em troca montanhas de liras, procuram os tiras
E o filme prossegue

Ringo é aquele pão de ló
Que já esteve no Brasil
Dólar de prata que exibiu-se
Na buzina do Chacrinha
Criatura sem frescura
Meia porção de simpatia
Apaixonado pela Beth Faria.

Tá na Cecília aquela ilha
Onde a máfia predomina
Mão assassina, traição
Tem um canhão na sua boca
Comida pouca, sem bebida
A trinta dias maltratado
Pelos bandidos da Calábria
Mas não dá o recado.

Moreira da Silva embarcou pela Varig
Depois do apelo que o papa lhe fez
Prá ver se salvava o Ringo da morte
Cuidado Moreira!
Chegou tua vez.

Levou na garupa montanhas de liras
Falou com os bandidos na língua de gang
Salvou Juliano e já ia saindo
Com a cara feliz de quem está triunfante.

Mas os bandidos começaram a contar a dinheirama
E foram vendo que os pacotes estavam cheios de jornal
Foram no papo do Moreira e começou o tiroteio
Com estampido e ruído espacial
Tiro prá cá, tiro prá lá
Ringo só tinha uma bala
Mas não se cala é quando a bomba ia cruzando pelo ar
Atira certo, a bomba cai
Morremos todos na explosão
Esta é a razão porque eu não posso mais cantar.

Tá morto o Ringo
Grande herói
Com toda a Itália a soluçar.

Mas já no próximo domingo
Aguardem a volta de Ringo.

segunda-feira, janeiro 28, 2008

O último dos moicanos

O Último dos Moicanos (samba, 1963) - Miguel Gustavo - Interpretação: Moreira da Silva

LP Moreira da Silva - O Último Dos Mohicanos / Título da música: O Último dos Moicanos / Miguel Gustavo (Compositor) / Moreira da Silva (Intérprete) / Gravadora: Odeon / Nº Álbum: MOFB 3351 / Ano: 1963 / Lado A / Faixa 1 / Gênero musical: Samba.



Tinha jurado à minha mãe por toda vida
Não me meter em mais nenhuma trapalhada
Depois daquela do bandido em que o índio me salvara
Eu decidi levar a vida sossegada

Comprei um sítio e já ia criar galinhas
Quando a notícia no jornal me encheu de ódio
Um bandoleiro aprisionara aquele índio
Que me salvara no primeiro episódio
"Cuidado Moreiraaaaaaaa"

E tal viúva do bandido que eu matara
Com quem case perante o padre no local
Roubou meu sítio e fugiu para Nevada
Apaixonada por um velho marginal

E minha noiva por quem tanto eu lutara
Estava dançando em um saloon fora da linha
Como é que pode um pistoleiro aposentado
Comprar um sítio e querer criar galinhas

"pó, pó pó pó, pó ó "

Montei de novo num cavalo mais ligeiro
Em Hollywood Harry Stone me esperava
E Moacyr chamava os extras para a cena
Enquanto a câmera já me focalizava

A luta agora era com os índios Moicanos
Que pelos canos nos empurram devagar
Me disfarcei, pintei a cara e apanhei a machadinha
E com a princesa comecei a namorar

"Índio cara-pálida chamar Morengueira"
"Morengueira que não é mané vai dar no pé"

Voltei à vila e arrasei os inimigos
Salvei o índio, minha dívida paguei
Dei uma surra na viúva e minha noiva
Naquele mesmo cabaré a desposei

E assim termina mais um filme americano
Com Hollywood já meio desminliguida
Eu vou passar para o cinema italiano
Pra descansar eu vou filmar La Dolce Vita

Não filme agora que a censura está sendo proibida
Perto de mim o Mastroianni não dá nem pra partida
Sofia Loren vem chegando mas já estou de saída
Arrivederti Roma ...

Morengueira contra 007


O ciclo mais notório de continuações na música brasileira foi o dos sambas de breque de Miguel Gustavo para Moreira da Silva, em que o cantor era apresentado inicialmente como um herói de faroeste (passando depois para agente secreto e até cangaceiro!), Kid Morengueira, em gravações que pareciam capítulos de radionovela, com atores, narrador e sonoplastia.

São seis os sambas: O Rei do Gatilho (1962), O Último dos Moicanos (1963), Os Intocáveis (1968), Morengueira Contra 007 (1968), O Sequestro de Ringo (1970) e Rei do Cangaço (1973).

Em "Morengueira Contra 007", além de Moreira da Silva e o agente britânico, estrelam Pelé e Cláudia Cardinale. James Bond dá um flagrante em Pelé, que beijava a estrela italiana. Moreira dá um soco em Bond e livra a cara do rei. Mais tarde, ela confessa ser apaixonada pelo sambista e diz que só esteve no Brasil para sequestrar Pelé e evitar que ele jogasse contra a seleção inglesa.

Morengueira Contra 007 (samba, 1965 (sucesso em 1968) - Miguel Gustavo - Intérprete: Moreira da Silva

Primeira gravação: Compacto simples (7", vinil) Moreira Da Silva ‎– Morengueira Contra 007 / Título da música: Morengueira Contra 007 / Miguel Gustavo (Compositor) / Moreira da Silva (Intérprete) / Gravadora: Odeon / Nº Álbum: 7B-117 / Ano: 1965 / Lado A / Gênero musical: Samba / A gravação a seguir é de 1968.



Narrador (introdução):

"Moreira da Silva contra 007. Sexo e violência no mais espetacular filme de espionagem do famoso diretor americano Abelardo 'Chacrinha' Barbosa. Com James Bond, Cláudia Cardinale e Edson Arantes do Nascimento."

Começa o filme com o 007
Saltando em Santos com a Cláudia Cardinale
Com seu decote italiano ela é tão bela
Que ninguém vê o James Bond junto dela

Os dois se hospedam na concentração do Santos
E, entre tantos, ninguém sabe por que é
Que ela desfila de biquíni na piscina
E na maior intimidade com o Pelé

Breque:
A bonitinha não percebe a tabelinha que ele faz.
Pelé controla a Cardinale, dá-lhe um beijo e avança mais.
Gol do Brasil!
O temperamento latino é fogo!...

O James Bond nesse instante dá o flagrante
Diz que Pelé tem que pagar pelo que fez
Entram em luta corporal e o '07
Vai abater o jogador com um soco-inglês

Porém, Moreira, que assistia a toda a cena,
Entra sem pena, vai no '7 e manda o pé
Rabo-de-arraia e antes que caia dá-lhe um coco
Apara o soco e livra a cara do Pelé

Moreira leva James Bond para o DOPS
E na fofoca mais fofoca que eu já vi
Vem jornalista, embaixador inglês sem vida
E entra na fita todo o Itamaraty

Aí Moreira leva a Cláudia Cardinale
Para jogar um pif-paf em Guarujá
Vão no boliche e comem pizza lá no Braz
E cantam samba de Vinícius de Morais

Cláudia confessa o seu amor por Morengueira
Faz a besteira de dizer que o ama com fé
Só foi a Santos com o 007
Para ajudá-lo a raptar nosso Pelé.

Roubar Pelé pra não jogar contra a Inglaterra
Porque os ingleses sofrem de alucinação
E toda noite vêm um fantasma de chuteiras
Fazendo gol no gol da sua seleção

Breque:
E vem o time brasileiro se sagrando campeão
Termina o filme com Moreira dando um drible no espião
O James é derrotado e acabou sua missão.



Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha - São Paulo, 1998; Dicionário Cravo Albin da MPB; A Canção no Tempo - Volume 2 - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Editora 34; Moreira da Silva - Discografia de vinil.

Malandro não vacila

Bezerra da Silva
Bezerra da Silva

Malandro não vacila - Julinho

Tom: Am

Am          Dm           G7           C
Já falei pra você, que malandro não vacila
Am         Dm          G7            C
Já falei pra você, que malandro não vacila
Am              Dm
Malandro não cai, nem escorrega
G7            C
Malandro não dorme nem cochila
Am           Dm
Malandro não carrega embrulho
G7            C
E tambem não entra em fila

Am                Dm
É mas um bom malandro
G7                   C
Ele tem hora pra falar gíria
Am                       Dm
Só fala verdade, não fala mentira
G7           C
Você pode acreditar

Am                 Dm
Eu conheço uma pá de otário
G7                  C
Metido a malandro que anda gingando
Am         Dm             G7           C
Crente que tá abafando, e só aprendeu a falar:

Am                   Dm
Como é que é? Como é que tá?
G7              C
Moro mano? É, chega pra cá!

Juraci

Vassourinha
Juraci (samba, 1941) - Antônio Almeida e Ciro de Souza - Intérprete: Vassourinha

Disco 78 rpm / Título da música: Juraci / Antônio Almeida (Compositor) / Ciro de Souza (Compositor) / Vassourinha (Intérprete) / Benedito Lacerda, 1903-1958 (Acomp.) / Regional de Benedito Lacerda (Acomp.) / Gravadora: Columbia / Gravação: 23/06/1941 / Lançamento: 08/1941 / Nº do Álbum: 55295 / Nº da Matriz: 442-1 / Gênero: Samba choro / Coleções de origem: Nirez, IMS D, José Ramos Tinhorão, Humberto Franceschi

G                         D7
Desde o dia em que eu te vi Juracy
                     G
Nunca mais tive alegria
                           D7
Meu coração ficou daquele jeito
                             G
dando pinote dentro do meu peito
                              D7
Mas agora eu quero, eu quero saber
                G
qual a sua opinião
                      D7
Pra resolver nossa situação
             C     D7      G
pode ser ou tá difícil coração
D7
Eu trabalhei durante um ano inteiro
                               G
pra conseguir juntar algum dinheiro
                        D7
fiz uma casa que é um amor
                                G
pois tem rádio, geladeira e ventilador
D7                 D7
Nossa casinha lá na Marambaia
           B7                 Em
fica a dois passos da beira da praia
         C      C#7        D7
e se você achar que lhe convém
                    C        D7     G
eu lhe garanto tudo isso e o céu também


Fontes: Discografia Brasileira - IMS; Instituto Moreira Salles.

Judia rara

Moreira da Silva - 1938
De origem humilde, as polacas trabalhavam quase sempre no baixo meretrício - locais de prostituição frequentados por quem tinha poucos recursos. Nos cabarés e bordéis de luxo, a soberania era das francesas, que exerciam na época grande fascínio no imaginário masculino. Atentas a esse fato, algumas judias aprendiam palavras em francês para tentar melhorar de vida.

Motorista de lotação e sambista, o cantor Moreira da Silva namorou por 18 anos uma polaca: a russa Estera Gladkowicer, que chegou ao Brasil com 20 anos em 1927, foi dona de bordel no Mangue e se matou em 68, ingerindo barbitúricos.

Para ela, Moreira compôs Judia Rara: "A rosa não se compara / A essa judia rara / Criada no meu país / Rosa de amor sem espinhos / Diz que são meus seus carinhos / E eu sou um homem feliz" (Fonte: Homenagens em músicas e poemas - Aventuras na História ).

Judia Rara (samba, 1964) - Jorge Faraj e Moreira da Silva - Intérprete: Moreira da Silva

LP Moreira da Silva - Morengueira 64 / Título da música: Judia rara / Jorge Faraj (Compositor) / Moreira da Silva (Compositor) / Moreira da Silva (Intérprete) / Imprenta [S.l.]: Odeon, 1964 / Nº Álbum: MOFB 3385 / Lado B / Faixa 9 / Gênero musical: Samba.


Tom: C

Introd.: Dm   Am   E7   A7   Dm   Am   F7   E7   Am   

Bm7/5b    E7       Am   
A rosa não se compara   
A7         Dm   
A essa judia rara   
E7             Am     A7   
Criada no meu país   (virada)   
Dm                  C   
Rosa de amor sem espinhos   
C7                      Dm7   
Diz que são meus seus carinhos   
Bm7/5b       E7     Am   
E eu sou um homem feliz   
G7               C   
Nos olhos dessa judia,   
F7                Am   
Cheios de amor e poesia,   
Dm7                  Am   
Dorme o mistério da noite,   
E7                   Am   
Brilha o milagre do dia.   
G7             C   
A sua boca vermelha   
G7     F7      Am   
É uma flor singular.   
Dm7                   Am   
E o meu desejo, uma abelha   
Bm7/5b   E7       Am   
Ebm torno dela a bailar.   
G7                C   
Nos olhos dessa judia,   
F7                Am   
Cheios de amor e poesia,   
Dm7                  Am   
Dorme o mistério da noite,   
E7                  Am   
Brilha o milagre do dia.   
G7            C   
A sua boca vermelha   
G7     F7      Am   
É uma flor singular.   
Dm7                  Am   
E o meu desejo, uma abelha   
Bm7/5b   E7       Am   
Em torno dela a bailar   
Bm7/5b   E7       Am   
Em torno dela a bailar   
Bm7/5b   E7       Am   
Em torno dela a bailar. 

domingo, janeiro 27, 2008

Esta noite eu tive um sonho

De Wilson Batista é o samba-de-breque Esta noite eu tive um sonho, feita em parceria com Moreira da Silva. A composição, de 1941, foi lançado numa gravação antológica de Kid Morengueira, e ambienta o malandro em plena Alemanha da Segunda Guerra, entre Graaf Zeppelins e salsichas, com direito à possivelmente única citação do mundo do samba na língua de Goethe: Ich nag dich (Foto: Moreira da Silva em 1938).

Esta Noite Eu Tive Um Sonho (samba, 1941) - Wilson Batista e Moreira da Silva - Interpretação: Moreira da Silva

Disco 78 rpm / Título da música: Esta Noite Eu Tive Um Sonho / Autoria: Silva, Moreira da (Compositor) / Batista, Wilson, 1913-1968 (Compositor) / Silva, Moreira da (Intérprete) / Imprenta [S.l.]: Victor, 1941 / Nº Álbum 34754 / Lado A / Gênero musical: Samba.



Saltei em Berlim, entrei num botequim,
Pedi café, pão e manteiga pra mim,
O garçom respondeu: não pode ser não !
Fiquei furioso e fui "hablar" ao patrão,
Que me recebeu com duas pedras na mão,
E me disse quatro frases em Alemão,
Néris disso, sou doutor em samba,
Venho de outra nação !

Tive vontade de comer uns bifes,
Ich nag dich, seu Fritz,
Não se resolve assim não,
Venho do Brasil,
Trago um presente pro senhor,
Esta ganha e esta perde,
Na voltinha que eu dou,
Já tinha ganho todos os marcos para mim,
Quando ouvi o ruído de um Zeppelin,
Eu acordei, tinha caído no chão,
Salsicha à noite, não faz boa digestão.

Idade não é documento

Idade Não é Documento (samba, 1979) - Ciro Aguiar e Moreira da Silva - Intérprete: Moreira da Silva

LP Moreira Da Silva - O Jovem Moreira / Título da música: Idade Não é Documento / Aguiar, Ciro (Compositor) / Silva, Moreira da (Compositor) / Silva, Moreira da (Intérprete) / Imprenta [S.l.]: Polydor, 1979 / Nº Álbum: 2451 138 / Lado A / Faixa 1 / Gênero musical: Samba.



No domingo passado / eu fui tomar um banho
na Barra da Tijuca / Pra esfriar a minha cuca
puxei meu carango no buteco
eu fiz uma rango e mandei pendurar:
(-Escuta qui meu camarada eu estou escovando
no burro / chamando o pavão de meu louro)

Camisa listrada, piteira francesa e anel de doutor
pra dar mais pinta de credor
Calção rosa choque, chapéu de palinha
Que retirei do penhor
(estava dando uma de horror)

No meio da praia fui logo cercado por lindas garotas
umas gostosas outras marotas
enquanto os playboys de água na boca paqueravam de lado
(olhos de jacaré dopado)

E eu e seu Silva num papo avançado
com o seu Lapa sorrindo aquele grupo feminino
convidei a primeira para dar um mergulho na água gelada
(para acalmar minha vanguarda)

Enquanto na praia as outras pequenas se inspiravam
dizendo: -Esse Moreira é um veneno
Sai todo prosa convidei a segunda e depois a terceira
para entrar na brincadeira beijei todas elas peguei
meu carango e sai do local
(foi um tremendo carnaval)

Enquanto a moçada de longe me olhava
com água na boca
Deixei a turma quase louca
( muitos anos de vivência corpo limpo sem varizes
já enfrentei o leão da metro e com ele eu posso).

De qualquer maneira

Déo
De Qualquer Maneira (samba, 1939) - Ary Barroso e Noel Rosa - Intérprete: Déo

Disco 78 rpm / Título: De Qualquer Maneira / Autoria: Barroso, Ary (Compositor) / Rosa, Noel, 1910-1937 (Compositor) / Déo (Intérprete) / Imprenta [S.l.]: Odeon, 1939 / Álbum 11762 / Gênero: Samba.



Quem tudo olha… / Quase nada enxerga
Quem não quebra se enverga / A favor do vento
Eu não sou perfeito / Sei que tenho de pecar
Mas arranjo sempre jeito / De me desculpar…

Eu lá na Penha agora vou estifa¹
Mas não vou como um cacifa²
Que foi lá desacatar / Mas a força falha
Ele teve um triste fim / Agredido a navalha
Na porta de um botequim!

Pra ver a minha santa Padroeira
Eu vou à Penha de qualquer maneira
Pra ver a minha santa Padroeira
Eu vou à Penha de qualquer maneira

Faz hoje um mês que fui naquele morro
E a Juju pediu socorro / Lá na ribanceira
Toda machucada / Saturada de pancada
Que apanhou do seu mulato / Por contar boato

Meu coração bateu a toda pressa
E eu fiz uma promessa / Pra mulata não morrer...
Pela padroeira / Ela foi bem contemplada
Levantou do chão curada / Saiu sambando fagueira!

Pra ver a minha santa Padroeira
Eu vou à Penha de qualquer maneira
Pra ver a minha santa Padroeira
Eu vou à Penha de qualquer maneira

Eu vou à Penha de qualquer maneira
Pois não é por brincadeira / Que se faz promessa
E... o tal mulato / Para não entrar na lenha
Fêz comigo um contrato / Para sumir da Penha

Quem faz acordo não tem inimigo / A mulata vai comigo
Carregando o violão / E com devoção junto à santa milagrosa
Vai cantar meu samba prosa / Numa primeira audição.

__________________________________________________
¹ Gíria da época: alinhado; ² Gíria da época: sujeito sem sorte.

Cachorro de madame

Cachorro de Madame (samba, 1961) - Moreira da Silva e Wilson Pires

LP Moreira Da Silva - Malandro Em Sinuca / Título da música: Cachorro de Madame / Moreira da Silva (Compositor) / Wilson Pires (Compositor) / Moreira da Silva (Intérprete) / Imprenta [S.l.]: Odeon, 1961 / Nº Álbum: MOFB3207 / Lado B / Faixa 04 / Gênero: Samba de breque.



Há cachorro que tem
Vida melhor do que a minha
Enquanto eu tomo caldo de baleia
É, seu Zé, o seu menu é galinha

Há cachorro que tem
Para dormir no macio colchão
Enquanto eu trabalho no duro, Zé pão duro
E a noite vou dormir no chão

Há dias eu não tenho no bolso
Cinco cruzeiros pra tomar um bonde
E ao passo que um cachorro tem um automóvel
Para passear não sei aonde

É por isso que eu quero ser cachorro
Agora quero ser o meu patrão
Pra quando chegar as cinco horas
Eu vou lhe esperar com latido no portão

Eu quero ter o meu reclame... Au, au, au
Vou ser cachorro de madame... Au, au, au

Vou te abandonar

Heitor dos Prazeres
Em março de 1930, um mês depois do sucesso de Na Pavuna, de Almirante e Homero Dornellas, Heitor dos Prazeres lança, sem grande sucesso, uma composição chamada Vou te abandonar. Ela é gravada por um conjunto nomeado “Grupo Prazeres” que apresenta flauta, violões, batucada, coro e solista e interpretado na época por Paulo da Portela.

Esta composição é um dos exemplos mais antigos de um procedimento que se tornou corrente nas gravações de samba, que é a “chamada” do coro pelo solista, no último verso da estrofe, para a retomada do refrão. Tal “chamada” se faz pela antecipação do primeiro verso do refrão. Assim, como o refrão deste samba começa com “Eu vivo...”, o solista, depois de terminar a estrofe, adiciona a frase: “Agora eu vivo...”, dando a deixa para a volta do coro.

Tal procedimento originou-se sem dúvida das necessidades práticas de disciplinar o canto em coro nas situações de ensaio ou desfiles dos blocos no carnaval. Mas ela se incorporou às normas do samba como uma espécie de pontuação musical, cantada e não apenas gritada, feita mesmo em gravações, situação que em princípio dispensa a prática de chamar a atenção do coro (fonte: Dois Sambas de 1930 e a Constituição do Gênero - Carlos Sandroni - cadernos do coloquio2001.p65).

Vou Te Abandonar (samba, 1930) - Heitor dos Prazeres - Interpretação: Paulo da Portela

Disco 78 rpm / Título da música: Vou Te Abandonar / Autoria: Prazeres, Heitor dos, 1898-1966 (Compositor) / Paulo Benjamin de Oliveira (Paulo da Portela) (Intérprete) / Grupo Prazeres (Acompanhante) / Imprenta [S.l.]: Brunswick, Indefinida / Álbum número 10037 / Lançamento Março de 1930 / Lado B / Gênero musical: Samba.



Eu vivo
Perdido
Vou contar só a verdade, mas
Odete
Eu digo
Eu é que vou te abandonar (x2)

Eu sinto na verdade
Mas sou forçado a fazer assim
Esta vida é falsidade, meu bem
Ainda zombas de mim
Agora eu digo:

Eu vivo
Perdido
Vou contar só a verdade, mas
Odete
Eu digo
Eu é que vou te abandonar (x2)

Eu vou enganado
Mas essa dor, por Deus do céu
Hoje eu vivo envergonhado assim
Pobre passado cruel
Agora eu digo:

Eu vivo
Perdido
Vou contar só a verdade, mas
Odete
Eu digo
Eu é que vou te abandonar (x2)

Senhor Comissário

Jorge Veiga
Senhor Comissário (samba, 1945) - Benedito Lacerda e Haroldo Lobo - Interpretação: Jorge Veiga

Disco 78 rpm / Título da música: Senhor Comissário / Benedito Lacerda (Compositor) / Haroldo Lobo (Compositor) / Jorge Veiga (Intérprete) / Gravadora: Continental / Nº Álbum: 15.489-a / Ano: 1945 / Lado A / Gênero musical: Samba.



Ai, senhor comissário
Roubaram meu tamborim
Venho pedir ao senhor, seu doutor
Pra fazer qualquer coisa por mim
Ai, senhor comissário
Por isso vou lhe contar tintim por tintim

Só porque deixei a porta
Do meu barracão aberta
Fizeram uma limpeza geral
Roubaram até a baiana da Mariana
E agora sem tamborim
Vou passar mal no Carnaval

Ai, senhor comissário
Roubaram meu tamborim
Eu venho pedir ao senhor, seu doutor
Pra fazer qualquer coisa por mim
Ai, senhor comissário
Por isso vou lhe contar tintim por tintim

Só porque deixei a porta
Do meu barracão aberta
Fizeram uma limpeza geral
Roubaram até a baiana da Mariana
E agora sem tamborim
Vou passar mal no Carnaval

Ai, senhor comissário
Roubaram meu tamborim
Eu venho pedir ao senhor, seu doutor
Pra fazer qualquer coisa por mim
Ai, senhor comissário
Por isso vou lhe contar tintim por tintim

Noiva da gafieira



O samba "Noiva da gafieira", interpretado por Jorge Veiga, é dono de uma abertura instrumental singela e de uma letra que refaz os passos de um cantor casanova que é autuado por um guarda indisposto. “Essa pequena que o senhor está vendo comigo, aqui sentada, é minha namorada / Fique sabendo que entre nós dois não acontece nada”. Mas, na delegacia, o comissário-de-dia o reconhece, pede um samba, e o liberta em tom disfarçadamente hostil: “Parece bobo, sô! Vá dando o pirandelo logo depressa!”.

LP Jorge Veiga - Alô! Alô! Canta Jorge Veiga / Título da música: Noiva de Gafieira / Domingos Ludovic (Compositor) / Guimarães Santos (Compositor) / Waldemar Pujol (Compositor) / Jorge Veiga (Intérprete) / Gravadora: Copacabana / Nº Álbum: CLP 11052 / Ano: 1958 / Lado B / Faixa 6 / Gênero musical: Samba.



Fui autuado como contraventor
Na lei do meu país
Porque sou muito infeliz
Eu estava sentado
Num banco alinhado
Lá na Praça da Bandeira
Venha cá cabrocha faceira

Chegou seu municipa
Lançando o cassetete
Me mandou levantar
Eu disse: Ô moço, espera lá!
Que isso não são horas
De ninguém namorar

Eu me queimei e respondi
Espera lá, seu guarda
É que o senhor está muito enganado
Não seja assim tão aprovado
Fique sabendo que eu sou moço-família
E sou rapaz direito
Nunca faltei com o respeito

Esta pequena que o senhor está vendo
Aqui comigo sentada
Pois é a minha namorada
Fique sabendo que entre nós dois
Não acontece nada
Ela é sabida, é escolada

Diz que então por isso mesmo
Disse o guarda pra mim
É que eu vou lhe autuar
Chega pra mim, vamo até lá
O comissãrio-de-dia
É que vai resolver sua situação
Seu atrevido, intrujão

Ah, pelo que vejo
Você é um vago-mestre
Que nem casa tem
Vive dormindo lá no trem
Eu sou da brincadeira
Eu vim da gafieira
Minha noiva também
Eu nunca fiz mal à ninguém

Quando eu cheguei no distrito
Muito aflito
Para me justificar
Pedi, minha gente onde falar
O comissário-de-dia já me conhecia
E era um bom homem
Já ouviu falar pelo meu nome
E disse assim pra mim:
Pois vai cantando alguma coisa
Que eu quero escutar
O seu coisinha, mete lá!

Quando larguei o velho samba
Ele ficou de pernas bambas
E disse: eu vou lhe soltar
Se espiga, vá-se embora,
Vá pro China, pra Japã..
Parece bobo, sô!
Vá dando o pirandelo logo depressa!
Vâmo!

Perdeu-se uma valise


"Perdeu-se uma valise", de Jorge Veiga com Daniel Lustoza, conta a história de uma figura que, animado com a recompensa divulgada nos jornais, decide entregar uma bolsa que encontrou com 200 mil cruzeiros. No entanto, sua honestidade é recompensada com apenas 2 cruzeiros.

Perdeu-se Uma Valise (samba, 1958) - Daniel Lustoza e Jorge Veiga - Intérprete: Jorge Veiga

LP Jorge Veiga - Alô! Alô! Canta Jorge Veiga / Título da música: Perdeu-se Uma Valise / Jorge Veiga (Compositor) / Daniel Lustoza (Compositor) / Jorge Veiga (Intérprete) / Gravadora: Copacabana / Nº Álbum: CLP 11052 / Ano: 1958 / Gênero musical: Samba.



Perdeu-se uma valise
Com 200 mil cruzeiros
Quem entregar dá-se uma boa gratificação
Não é que a soma seja bondosa
Sim, porque a valise é de estimação

Li o anúncio e fui entregar
No 1028, Rua Escobar
Apareceu um cara tão mal-encarado
Que até deu-me receio de lhe confessar

Estava numa loura muito pendurado
Miséria no meu bolso era de amargar
Abriu uma carteira deu-me dois cruzeiros
Compre um metro de cordas para se enforcar

Eu perdi a minha sogra
E quem achou veio entregar
Fiquei contrariado, não quis aceitar
Porque livrei-me de uma bomba que ia estourar
(breque)

"Dinheiro achado não tem dono
Quem mandou entregar?" (fim do breque)
É que tenho o passo do rapaz pagado
Alguém me chama de pato sem poder provar

Eu peço mil desculpas
A quem tiver me ouvindo
E quem nasceu pra ser cachorro
Há de morrer latindo

"Au, au, au, au,
Passa fora cachorro!
Vai morder a perna do Paulo Gracindo."

sábado, janeiro 26, 2008

Brigitte Bardot

Brigitte Bardot (marcha / carnaval, 1961) - Miguel Gustavo - Intérprete: Jorge Veiga

Disco 78 rpm / Título da música: Brigitte Bardot / Gustavo, Miguel, 1922-1972 (Compositor) / Veiga, Jorge, 1910-1979 (Intérprete) / Imprenta [S.l.]: Copacabana, 1960 / Nº Álbum 6.198 / Lado B / Gênero musical: Marcha.



Brigitte Bardot, Bardot
Brigitte beijou, beijou
Lá dentro do cinema
Todo mundo se afobou

Brigitte Bardot, Bardot
Brigitte beijou, beijou
Lá dentro do cinema
Todo mundo se afobou

BB, BB, BB
Por que é que todo mundo
Olha tanto pra você ?
Será pelo pé ? -Não é
Será o nariz ? -Não é
Será o tornozelo ? -Não é
Será o cotovelo ? -Não é


Você que é boa e que é mulher
Me diga então porque que é....

BB, BB, BB
Por que é que todo mundo
Olha tanto pra você ?
Será pelo pé ? -Não é
Será o nariz ? -Não é
Será o tornozelo ? -Não é
Será o cotovelo ? -Não é

Você que é boa e que é mulher
Me diga então porque que é....

quinta-feira, janeiro 24, 2008

Pisei num despacho

Ciro Monteiro
Pisei Num Despacho (samba, 1947) - Geraldo Pereira e Elpídio Viana - Intérprete: Cyro Monteiro.

Disco 78 rpm / Título da música: Pisei Num Despacho / Autoria: Viana, Elpídio (Compositor) / Pereira, Geraldo (Compositor) / Cyro Monteiro (Intérprete) / Regional (Acompanhante) / Imprenta [S.l.]: RCA Victor, 17/04/1947 / Nº Álbum 800518 / Lado A / Lançamento: Junho/1947 / Gênero musical: Samba.



Desde o dia em que passei
Numa esquina e pisei no despacho
Entro no samba e meu corpo está duro
Bem que procuro a cadência e não acho

Meu samba e meu verso não fazem sucesso
Há sempre um porém
Vou à gafieira
Fico a noite inteira
E no fim não dou sorte com ninguém

Mas eu vou num canto
Vou num pai de santo pedir
Qualquer dia
Que me dê um despacho
Um banho de erva e uma guia

Tenho aqui um endereço
Um senhor que eu conheço me deu
Há três dias
O mais velho é batata diz tudo na exata
É uma casa em Caxias

Menina


Menina (modinha, 1960) - Juca Chaves - Intérprete: Juca Chaves

LP Juca Chaves - As Duas Faces de Juca Chaves / Título da música: Menina / Juca Chaves (Compositor) / Juca Chaves (Intérprete) / Gravadora: RGE / Nº Álbum: XRLP 5073 / Ano: 1960 / Lado B / Faixa 1 / Gênero musical: Modinha.



Menina, ouça o que eu digo
O meu castigo
Tive-o só por te adorar

Menina, ouça, eu te imploro
O que hoje eu choro
São preces do coração
Que só pecou por soluçar

Por ti, menina
Que eu amo tanto
Por quem meu pranto
De tombar, quase secou

Quisera, ouvir-te um dia, flor
Dizer-me: "eu te amo, amor
Como jamais, nunca se amou".

Mas que tristeza!
Tua beleza
Não deste a mim
E eu inda não sei por que tal razão

Agora eu vivo amargurado
Sem ter teu vulto ao lado
Desde jovem coração
Já caducando de paixão

Por ti, menina
Que bom seria
Se eu fosse um dia
Contemplado por um beijo teu

Assim a minha lira
Que por ti não mais suspira
Não teria o fim que teve
Pois morreu...

Pequena marcha para um grande amor


Pequena Marcha Para Um Grande Amor (marcha-rancho, 1962) - Juca Chaves - Intérprete: Juca Chaves

Compacto Duplo (vinil, 7", 33 ⅓ RPM) Juca Chaves ‎– O Sr. Juca Chaves / Título da música: Pequena Marcha Para Um Grande Amor / Juca Chaves (Compositor) / Juca Chaves (Intérprete) / Gravadora: Odeon / Nº Álbum: 7-BD-1075 / Ano: 1963 / Lado A / Faixa 1 / Gênero musical: Marcha-Rancho.



A lua vai dormir encabulada
na passarela da madrugada
meus olhos vão sonhar sob a janela
dos olhos dela, dos olhos dela.

Meu amor, de amor se esconde
se esconde aonde por teu não vê
e o teu não vê não vê porque,
meu amor não é segredo,
morre de medo do segredo que é você.

A lua vai dormir encabulada
na passarela da madrugada
meus olhos vão sonhar sob a janela
dos olhos dela, dos olhos dela.

segunda-feira, janeiro 21, 2008

Dois amigos

Dois amigos (samba-canção, 1960) - Ary Barroso - Intérprete: Ernani Filho

LP Ernani Filho - Dois Amigos: As Músicas De Ary Barroso Na Voz De Ernani Filho / Título da música: Dois Amigos / Ary Barroso (Compositor) - Ernani Filho (Intérprete) / Gravadora: Odeon / Nº Álbum: MOFB3320 / Ano: 1963.



Vês, a noite é de luar
Vem comigo...
Vês, podemos conversar
Vem comigo...

Recordemos coisas passadas
Que embalaram meus sonhos de amor
Horas que passamos juntos, neste bar
Sem sofrer, sem chorar

Vês, no bar nada mudou
Nós mudamos
Sem querer modificamos nossas vidas
Nossas brigas foram naturais
Hoje estamos juntos outra vez amor
Batendo os copos como dois amigos
Nada mais...

Poema do adeus

Miltinho
Poema do Adeus (samba-canção, 1961) - Luís Antônio - Intérprete: Miltinho

Disco 78 rpm / Título da música: Poema do adeus / Luís Antônio (Compositor) / Miltinho (Intérprete) / Gravadora: RGE / Ano: 1961 / Álbum: 10.291 / Lado A / Gênero musical: Samba-canção.



E então eu fiz um bem
Dos males que passei
Fiz do amor uma saudade de você
E nunca mais amei
Deixei nos olhos teus
Meu último olhar
E ao bem do amor
Eu disse adeus

Caminho o meu caminho
E nos lugares que passei
As pedras do caminho
São o pranto que chorei
Escondo em minhas mãos
Carinhos que eram teus
E guardo tua voz
No poema do adeus

Take Me Back To Piauí


Take Me Back To Piauí (canção, sátira, 1970) - Juca Chaves - Intérprete: Juca Chaves

Compacto Simples Juca Chaves (Vinil, 7", 33 ⅓) / Título da música: Take Me Back To Piauí / Gravadora: RGE / Nº Álbum: CS-70.433 / Ano: 1970 / Lado A / Gênero musical: Canção / Sátira.



Hey hey, dee dee, take me back to Piauí,
hey hey, dee dee, take me back to Piauí

Adeus Paris tropical, adeus Brigitte Bardot
o champanhe me fez mal, caviar já me enjoou
Simonal que estava certo, na razão do patropi,
eu também que sou esperto vou viver no Piauí!

hey hey, dee dee, take me back to Piauí,
hey hey, dee dee, take me back to Piauí

Na minha terra tem Chacrinha que é louco com ninguém
tem Juca, tem Teixeirinha, tem dona Hebe também
tem maçã, laranja e figo
banana quem não comeu,
manga não, manga é um perigo
quem provou quase morreu!

hey hey, dee dee, take me back to Piauí,
hey hey, dee dee, take me back to Piauí

Mudo meu ponto de vista, mudando de profissão,
pois a moda agora é artista
ser júri em televisão
tomar banho só de cuia
comer jaca todo mês,
aleluia, aleluia vou morrer na BR-3!

Sou sim e daí


Sou Sim e Daí (canção, 1972) - Juca Chaves - Intérprete: Juca Chaves

LP Juca Chaves Ao Vivo / Título da música: Sou Sim e Daí / Juca Chaves (Compositor) / Juca Chaves (Intérprete) / Gravadora: Philips / Nº Álbum: 6349 030 / Ano: 1972 / Gênero musical: Canção / Sátira.



Eu sou baixinho, feio e narigudo
dizem que eu sirvo só pra dar recado
mas na verdade eu sirvo para tudo
até chifrudo eu sou se ser casado!
eu tenho chifre mas não tenho queixa,
se bem que a testa fique bem maior
até que é bom quando a mulher ns deixa,
a gente sempre arruma outra melhor.

Essa é a vida que eu sempre quis,
eu sou cornudo mais eu sou feliz,
essa é a vida que eu sempre quis,
eu sou cornudo mas eu sou feliz,

"Pode rir mas mulher quando quer trair trai mesmo,
vocês podem trancar ela dentro do armario
que ela te trai com o cabide!"

"Sábio ditado aquele de pernambuco que diz:
Água de morro abaixo, fogo de morro acima
e mulher quado quer dar ninguem segura!"

Mas infeliz é aquele que acredita
que nunca foi traído por mulher
seja ela, seja ela bonita,
mulher nos trai quando ela bem quiser
mas quem é macho e nunca foi enganado
não trocará de esposa ou de patroa
e com uma só terá sempre passado,
acreditando que ela ainda é boa.

Essa é a vida que eu sempre quis,
eu sou cornudo mais eu sou feliz,
essa é a vida que eu sempre quis,
eu sou cornudo mas eu sou feliz,

Infelizmente existem as amélias
que sendo sérias pela vida a fora
ficam com a gente até ficarem velhas,
quando já é tarde pra mandar-se embora
porém não tarda o dia da verdade,
que escapará de um grito em nossa boca
a frase amarga dessa realidade:
tira os teus seios do prato de sopa.

Essa é a vida que eu sempre quis,
eu sou cornudo mais eu sou feliz!

Presidente Bossa Nova


Presidente Bossa Nova (samba bossa, 1960) - Juca Chaves

LP As Duas Faces de Juca Chaves / Título da música: Presidente Bossa Nova / Chaves, Juca (Compositor) / Chaves, Juca (Intérprete) / Imprenta [S.l] RGE, 1960 / Álbum XRLP 5073 / Lado A / Faixa 1 / Gênero musical: Samba.



Bossa nova mesmo é ser presidente
Desta terra descoberta por Cabral
Para tanto basta ser tão simplesmente
Simpático, risonho, original.

Depois desfrutar da maravilha
De ser o presidente do Brasil,
Voar da Velhacap pra Brasília,
Ver a alvorada e voar de volta ao Rio.

Voar, voar, voar, voar,
Voar, voar pra bem distante, a
Té Versalhes onde duas mineirinhas valsinhas
Dançam como debutante, interessante!

Mandar parente a jato pro dentista,
Almoçar com tenista campeão,
Também poder ser um bom artista exclusivista
Tomando com Dilermando umas aulinhas de violão.

Isto é viver como se aprova,
É ser um presidente bossa nova.
Bossa nova, muito nova,
Nova mesmo, ultra nova!

Políticos de cordel

Políticos de Cordel (baião, 1975) - Juca Chaves - Intérprete: Juca Chaves



"Políticos de cordel, qualquer semelhança com políticos
vivos ou mortos é mera coincidência premeditada"

Esse brasil é um puteiro a quiaína dá de novo,
pois a puta é o próprio povo,
o freguês ou é banqueiro,
comerciante ou ladrão.

Político é o cafetão, a polícia cafetina,
a imprensa a cocaína que vicia o cidadão.
Um médico é o charlatão, charlatão é o doutor,
o estudante é um professor,o professor um vilão
e o artista um marginal.

Ontem, hoje tudo igual e amanhã será o que,
se a justiça é um crupiê? Vence a banca é natural!

Afinal quem é que fez essa grande confusão?
Foi um herói português que expulsando outro francês
afundou essa nação.
Pois agora a solução é embrulha-la num jornal,
devolve-la à Portugal e depois pedir perdão.

Presidente é quem preside,
governador, quem governa.
Como aqui é uma baderna,
um cantador do nordeste disse uma frase batuta:

"Se bicudo vem de bica e se grota vem de gruta,
conforme a palavra indica, deputado vem de puta"!
Deus ajude que não morra o jeitinho brasileiro.
Somos putas então, porra, que viva o nosso putero!

Pena preta de urubu


Pena Preta de Urubu (canção, 1961) - Juca Chaves - Interpretação: Juca Chaves

LP As Músicas Proibidas de Juca Chaves / Título da música: Pena Preta de Urubu / Juca Chaves (Compositor) / Juca Chaves (Intérprete) / Gravadora: Odeon / Nº Álbum: MOFB 3307 / Ano: 1962 / Lado A / Faixa 3 / Gênero musical: Sátira / Canção.



Ah! Coitada dela
mente, mente pra chuchu
diz a toda gente que é donzela,
que tem um palacete em Pacaembú
isto, é presunção só dela
tentar com classe o golpe do baú,
ninguem pode ser pavão de cauda bela,
verde amarela,
se nasceu com a pena preta do urubu

É muito normal que uma menina,
queira acontecer na sociedade,
a própria vida nos ensina
que a pobreza é triste de verdade
mas a sociedade compromete,
aquilo que se chama de moral
pois quem não nasce pra manchete,
tem que ser notinha social.

Aí! coitada dela! mente, mente pra chuchu
diz a toda gente que é donzela
que tem um palacete em pacaembú
isso, é presunção só dela
tentar com classe o golpe do baú,
ninguem pode ser pavão de cauda bela,
verde amarela,
se nasceu com a pena preta do urubu.

Nasal sensual


Nasal Sensual (sátira, 1960) - Juca Chaves - Intérprete: Juca Chaves

LP Juca Chaves - AS Duas Faces De Juca Chaves / Título da música: Nasal Sensual / Juca Chaves (Compositor) / Juca Chaves (Intérprete) / Gravadora: RGE / Nº Álbum: XRLP 5073 / Ano: 1960 / Lado A/ Faixa 2 / Gênero musical: Sátira / Canção.



Nariz, ai, meu nariz,
Como falam mal deste nasal
que é tão normal,
Ouço diariamente muita gente infeliz,
Dizer que ele é maior
do que a miséria do país,
E que ele é maior ainda que o Pelé,
Dizem até que é maior que o busto da Lolô,
Maior ainda que o sorriso do Nonô.

Nariz, ai, meu nariz,
Vende-se este apêndice
ou então se dá de graça,
Pedùnculo antiestético, grosseira massa,
Que nada tem de belo ou de poético,
E é uma desgraça o dito cujo narigão,
Ao qual só há uma solução, que é drástica,
Preciso urgentemente de uma plástica.

Perdão, Senhor, perdão,
Perdão pra tal narigão que é a sensação mais atual,
Porque se ele caísse um dia ao chão, que dramalhão,
Causaria a hecatombe universal.

Nariz, ai, meu nariz,
Ria o mundo imundo, não faz mal, eu sou feliz,
Não sabem o porquê desta felicidade,
A minha personalidade está neste nariz,
Que além de lindo, é um romântico sensual,
Pois toda vez que beija a namorada, idolatrada,
Quem chega na vanguarda é o meu nasal,
E ponto final.