quinta-feira, setembro 01, 2011

Renato Barros

Renato Barros (Renato Cosme Vieira de Barros), compositor e instrumentista, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 27/09/1943. Em 1959 criou o grupo Renato e seus Blue Caps, que passou a se apresentar em bailes pela cidade.

Em 1966 teve a música Devo tudo a você gravada pelo cantor Jerry Adriani. O mesmo cantor gravou ainda Não me perguntem por ela, Triste amor, Uma vida inteira e Você quis zombar de mim, parceria com Ed Wilson, entre outras. 

Ainda em 1966, a cantora Wanderléia gravou Tudo morreu quando perdi você. No mesmo ano, foi de sua autoria um dos maiores sucessos do conjunto Renato e Seus Blue Caps, A primeira lágrima.

Em 1979, teve a música Eu não sabia que você existia com Tony gravada pela dupla Jane e Herondy.

Ao longo da carreira assinou parcerias com o irmão Paulo César Barros, Rossini Pinto, Lílian knapp e Ed Wilson, entre outros. Dois de seus maiores sucessos foram Menina linda e Feche os olhos, versões para as músicas I should have know better e All my loving, do conjunto inglês The Beatles, gravadas por Renato e Seus Blue Caps. Outro grande sucesso de sua carreira como compositor foi Devolva-me, parceria com Lilian Knapp e gravada inicialmente por Leno e Lilian e que no final dos anos 1990 ganhou um versão também de sucesso com a cantora Adriana Calcanhoto.

Em 1995 partcipou com seu conjunto das comemorações dos 30 anos da Jovem Guarda com apresentações em diversas casas de shows.

Com mais de 50 músicas gravadas, teve composições registradas por Wanderley Cardoso, The Fevers, Roberto CarlosErasmo Carlos e Leno e Lílian. Em contínua atuação como instrumentista e compositor, voltou a participar, em 2005, das comemorações dos 40 anos da Jovem Guarda, incluindo gravação de DVD comemorativo.

Obras

A garota que eu gosto, A pobreza, A saudade que ficou (c/ Ed Wilson),  Amor sem fim (c/ Alessandro),  Anjo rebelde (c/ Nanni e Cid Chaves),  Aprenda a me conquistar (c/ Lilian Knapp e Carlinhos),  Batom vermelho (c/ Nanni e Gelson Morais),  Blue caps twist,  Bonequinha,  Com você no coração (c/ Nanni),  Como há dez anos atrás,  Coração faminto (c/ Gileno),  Devo tudo a você,  Devolva-me (c/ Lilian Knapp),  Esta noite não sonhei com você,  Eu não aceito o teu adeus (c/ Mauro Motta),  Eu não sabia que você existia (c/ Tony),  Eu te amei demais,  Eu te amo,  Eu te quero, eu te adoro (c/ Rossini Pinto),  Feche os olhos (c/ Lennon e MacCartney),  Gamadinho por você,  Guerrilheiro do amor (c/ Nanni e Hugo Belardi),  Lar doce lar (c/ Carlinhos), Memórias (c/ Nanni), Menina feia,  Menina linda (c/ Lennon e MacCartney),  Meu amigo do peito,  Monaliza da tv (c/ Nanni),  Não foi o que eu fiz (c/ Pedrinho),  Não maltrate um coração,  Não me perguntem por ela,  Não vá embora sem me dizer,  Nos braços, nos olhos e no coração (c/ Nanni),  Nós dois,  O brinquedo se quebrou,  O feio (c/ Getúlio Côrtes),  O pica-pau (c/ Lilian Knapp),  Os costeletas (c/ Getúlio Côrtes e Carlinhos),  Pode me procurar (c/ Nanni),  Pra sempre (c/ Nanni),  Preciso ser feliz (c/ Paulinho e Lilian Knapp),  Primeira lágrima,  Querida Gina,  Se você soubesse (c/ Rossini Pinto),  Sem Suzana,  Sem você,  Sexo frágil (c/ Nanni),  Sim, sou feliz (c/ Paulo César Barros),  Só por causa de você (c/ Gileno),  Sou amor pra te entregar (c/ Massom),  Sou louco por ela (c/ Ed Wilson),  Suco de laranja (c/ Ernani Cardoso e Pantera),  Summer comes again, Triste amor,  Tudo morreu quando perdi você,  Um é pouco, dois é bom, três é demais,  Vamos fundo (c/ Nanni),  Vera Lúcia (c/ Paulinho),  Você deixou saudades (c/ Mauro Motta),  Você é um pedaço de mim,  Você não serve pra mim,  Você quis zombar de mim (c/ Ed Wilson),  Vou ao teu encontro (c/ Ernani Cardoso).

Fonte: Dicionário Cravo Albin da MPB.

Waly Salomão

Waly Salomão (Waly Dias Salomão), poeta, ensaísta e letrista, nasceu em Jequié, BA, em 03/09/1943, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 05/05/2003. Filho de pai sírio e mãe baiana, viveu sua infância na cidade natal, mudando-se, na adolescência, para Salvador (BA) para cursar o 2º grau. Graduou-se em Direito pela Universidade Federal da Bahia, embora nunca tenha exercido a profissão.

Nos anos 1960, aproximou-se de artistas que se identificaram com o movimento tropicalista, como Torquato Neto, Gal Costa, Maria Bethânia, Caetano Veloso ,Gilberto Gi e Jards Macalé. No entanto, Salomão nunca se identificou como integrante do movimento estético tropicalista.

Poeta e letrista — além de produtor cultural e diretor artístico —, é co-autor de músicas como Mel e Talismã, ambas com Caetano e que viraram título dos discos de Maria Bethânia de 1979 (ultrapassando a marca de 1 milhão de cópias) e 1980, Anjo exterminador (com Macalé, também título do disco de Bethânia de 72), Mal Secreto (com Macalé), Assaltaram a gramática (com Lulu Santos, grande sucesso dos Paralamas), Balada de um vagabundo (com Roberto Frejat, gravada por Cazuza), Pista de dança (com Adriana Calcanhotto, gravada pela própria em Marítimo) e Vapor barato (com Jards Macalé), composta em 1968 e gravada por Gal Costa no disco Fa-tal em 1972, que voltou a fazer sucesso em 1995 na trilha sonora do filme Terra Estrangeira.

Ainda na década de 70 desenvolveu a Morbeza (morbidez + beleza) romântica, linha pela qual Jards Macalé lançou o disco Aprender a nadar. O espetáculo Fa-tal, marco na carreira de Gal, foi dirigido por Waly.

Lançou seu primeiro livro do poemas em 1971, Me Segura que Eu Vou Dar um Troço, com textos escritos durante uma temporada passada na prisão, paginados e diagramados pelo artista plástico Hélio Oiticica, amigo de toda a vida e de quem escreveu a biografia, Qual é o Parangolé

No ano seguinte participou da organização e edição de Os Últimos Dias de Paupéria, coletânea de artigos do poeta e amigo Torquato Neto, morto em 1972.

Junto com Torquato fez a revista Navilouca, que só teve um número mas fez história. Nessa época, passou a assinar como Wally Sailormoon, pseudônimo que logo abandonou. Outros de seus livros foram Gigolô de bibelôs, Surrupiador de souvenirs, Algaravias, Lábia e Tarifa de embarque, lançado em 2000.

Obras

A cabeleira de Berenice (c/ Moraes Moreira), A fábrica do poema (c/ Adriana Calcanhoto), A voz de uma pessoa vitoriosa (c/ Caetano Veloso), Alteza (c/ Caetano Veloso), Anjo exterminado (c/ Jards Macalé), Assaltaram a gramática (c/ Lulu Santos), Assim sem mais (c/ João Bosco e Antônio Cícero), Balada de um vagabundo (c/ Roberto Frejat), Berceuse crioulle,Campeão olímpico de Jesus (c/ Caetano Veloso), Da gema (c/ Caetano Veloso), Dandara, a flor do gravatá (c/ Gilberto Gil), Domingos Jorge Velho em Pernambuco (c/ Gilberto Gil), Dona do castelo (c/ Jards Macalé), Ganga zumba, o poder da bugiganga (c/ Gilberto Gil), Grafitti (c/ Caetano Veloso e Antônio Cícero), Holofotes (c/ João Bosco e Antônio Cícero), Ladrão de fogo (c/ João Bosco e Antônio Cícero), Lenda de São João (c/ Moraes Moreira), Luz do sol (c/ Carlos Pinto), Maio, maio, maio (c/ João Bosco e Antônio Cícero), Mal secreto (c/ Jards Macalé), Mel (c/ Caetano Veloso), Memória da pele (c/ João Bosco), Misteriosamente (c/ João Bosco e Antônio Cícero), Musa cabocla (c/ Gilberto Gil), Negra melodia (c/ Jards Macalé), O cometa (c/ Gilberto Gil), O dono do pedaço (c/ Caetano Veloso e Antônio Cícero), O faquir da dor (c/ Jards Macalé), O revólver do meu sonho (c/ Gilberto Gil e Roberto Frejat), O senhor dos sábados (c/ Jards Macalé), Odalisca em flor (c/ Moraes Moreira), Olho de lince (c/ Waly Salomão), Olho-d'água (c/ Caetano Veloso), Paranóia (c/ João Bosco e Antônio Cícero), Pista de dança (c/ Adriana Calcanhoto), Pontos de luz (c/ Jards Macalé), Quilombo (c/ Gilberto Gil), Remix século vinte (c/ Adriana Calcanhoto), Revendo amigos (c/ Jards Macalé), Rua Real Grandeza (c/ Jards Macalé), Sábios costumam mentir (c/ João Bosco e Antônio Cícero), Saída de emergência (c/ João Bosco e Antônio Cícero), Senhor dos sábados (c/ Waly Salomão), Talismã (c/ Caetano Veloso), Trem-bala (c/ João Bosco e Antônio Cícero), Vapor barato (c/ Jards Macalé), Zé Pilantra (c/ Itamar Assunção), Zona de fronteira (c/ João Bosco e Antônio Cícero), Zumbi, a felicidade guerreira (c/ Gilberto Gil).

Fontes: Wikipédia; CliqueMusic.

Luiz Galvão

Luiz Galvão (Luís Dias Galvão), compositor e escritor, nasceu em Juazeiro, BA, em 1937. Mudou-se para Salvador, onde conheceu Moraes Moreira e Paulinho Boca de Cantor, com os quais criou o conjunto Os Novos Baianos em 1968.

Conhecia João Gilberto desde a adolescência em Juazeiro, o que permitiu que, quando os Novos Baianos fossem para o Rio de Janeiro após realizarem É Ferro na Boneca (1970) em São Paulo, ele contatasse o pai da bossa nova e este influenciasse todo o grupo, culminando no álbum mais aclamado deles, Acabou Chorare (1972).

Sua trajetória na música popular brasileira é extensa. Em 1968, Galvão participou do V Festival de Música Popular Brasileira, da TV Record (SP), com a canção De Vera (em parceria com Moraes Moreira), interpretada pelo grupo Novos Baianos.

Nos anos 70, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde passou a viver comunitariamente com todos os músicos do grupo, em um sítio localizado em Vargem Grande, onde gravaram Acabou chorare, comunicando-se constantemente com Gilberto.

Escreveu a maioria das canções gravadas pelo conjunto, musicadas por Moraes Moreira, entre elas Acabou chorare, Preta pretinha e Mistério do planeta. O grupo se desfez em 1978, voltando a se reunir no final do século passado, para a gravação do CD ao vivo Infinito Circular.

Publicou, em 1997, o livro Anos 70: Novos e Baianos, lançado pela Editora 34 (SP), relatando a trajetória do grupo.

Hoje em dia mora em Salvador e tem dois cd's de poesias inéditas, lançados de forma independente.

Obras

A menina dança (c/ Moraes Moreira), Acabou chorare (c/ Moraes Moreira), Besta é tu (c/ Moraes Moreira e Pepeu Gomes), Casca de banana que eu pisei (c/ Moraes Moreira), Colégio de Aplicação (c/ Moraes Moreira), De Vera (c/ Moraes Moreira), É ferro na boneca (c/ Moraes Moreira), Felicidade no ar (c/ Moraes Moreira), Mistério do planeta (c/ Moraes Moreira), Preta pretinha (c/ Moraes Moreira), Só se não for brasileiro nessa hora (c/ Moraes Moreira), Sorrir e cantar como Bahia (c/ Moraes Moreira), Swing de Campo Grande (c/ Moraes Moreira e Paulinho Boca de Cantor), Tinindo trincando (c/ Moraes Moreira), Um bilhete para Didi (c/ Moraes Moreira)

Fonte: Wikipedia.

J. Otaviano

J. Otaviano (João Octaviano Gonçalves), compositor, pianista, regente e professor, nasceu em Porto Alegre, RS, em 22/4/1892, e faleceu na cidade do Rio de Janeiro, RJ, em 19/2/1962. Ainda muito jovem, transferiu-se para o Rio de Janeiro, matriculando-se em 1911 no I.N.M., onde foi aluno de Henrique Oswald (piano) e Francisco Braga (harmonia, composição, contraponto e fuga, e instrumentação).

Em 1913 concluiu o curso de piano, obtendo o primeiro prêmio e medalha de ouro. Quando terminou o curso de composição em 1918, já havia estreado como compositor, apresentando, em 1914, um trio e um quarteto de cordas, além de peças para piano, violino e violoncelo.

Em 1922 foi premiado com uma viagem à Europa por sua ópera Poema da vida, encenada a 2 de novembro de 1923, no Teatro Lírico, do Rio de Janeiro. Sua ópera Iracema, com libreto de Tapajós Gomes, estreou a 16 de abril de 1937, sob a regência do próprio autor, no Teatro Municipal, do Rio de Janeiro. 

Excursionou por várias cidades do Brasil, exibindo-se como pianista também em Buenos Aires, Argentina, e Montevidéu, Uruguai. Lecionou piano, harmonia superior e instrumentação. Foi docente livre da então E.N.M.U.B., sucedendo a Francisco Braga na cátedra de composição, quando este se aposentou em 1938. 

Colaborador de vários periódicos musicais, publicou ainda, entre outras obras didáticas, Pontos de teoria musical, 3 volumes, Rio de Janeiro, s.d.; Curso de análise harmônica e construção musical, 2 volumes, Rio de Janeiro, 1934; Técnica pianística, 2 volumes, Rio de Janeiro, 1934. 

Obras 

Música dramática: Fernão Dias, ópera, s.d.; Iracema, ópera, 1937; Poema da vida, ópera, 1923; Sonho de uma noite de luar, ópera, s.d. 

Música orquestral: Bailado geométrico, s.d.; A boneca do lixo, bailado, s.d.; Ondinas, bailado, s.d.; Primeira sinfonia, s.d.; O príncipe de duas máscaras, bailado, s.d.; A vitória, poema sinfônico, s.d. 

Música de câmara: Quarteto, s.d.; Trio, s.d. 

Música instrumental: Cenas brasileiras, p/piano, s.d.; Danças brasileiras, p/piano, s.d.; Estudos, p/piano, s.d.; As margens do Paraíba, p/piano, só.; Sonata, p/violino e piano, s.d.; Variações sobre um tema de Barroso Neto, p/piano, s.d. 

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha - São Paulo - 2a. Edição - 1998.

Arthur Napoleão

Arthur Napoleão (Arthur Napoleão dos Santos), pianista, professor e compositor, nasceu na cidade do Porto, Portugal, em 6/3/1843, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 12/5/1925. Aos sete anos, deu seu primeiro concerto de piano, que obteve alguma repercussão no meio musical europeu. 

Apresentou-se então em várias capitais do continente, tocando para a rainha Vitória, da Inglaterra, o rei da Prússia e Napoleão III, da França. Foi aplaudido por importantes compositores da época. Acompanhou ao piano dois famosos violinistas, Henri Vieuxtemps (1820—1881) e Henryk Wieniawsky (1835—1880).

Veio ao Brasil pela primeira vez em agosto de 1857, apresentando-se em quatro concertos no Teatro Lírico Fluminense, no Rio de Janeiro. Compôs nessa ocasião uma polca-mazurca para piano intitulada Uma primeira impressão do Brasil

Em janeiro do ano seguinte tocou no Teatro São Pedro de Alcântara, e a 10 de fevereiro realizou uma festa de despedida no Teatro Lírico Fluminense. Cinco anos depois iniciou uma tournée pela Europa e Américas.

Em 1866 transferiu-se definitivamente para o Brasil, fixando-se no Rio de Janeiro. Três anos depois fundou uma loja de instrumentos musicais, e no mesmo ano, em sociedade com Narciso José Pinto Braga, a loja Narciso & A. Napoleão, editora que durante um século levou seu nome e que teve papel de destaque no estímulo à produção musical brasileira. Foi professor de piano, tendo entre seus alunos Chiquinha Gonzaga e João Nunes.

Escreveu estudos de técnicas pianísticas baseados nos exercícios de Johann Baptist Cramer (1771—1858), oficialmente adotados pelo Conservatório de Música, do Rio de Janeiro, editados pela Casa Schott, de Milão, Itália.

Dedicou-se também à composição, e em 1883 fundou, com o violinista cubano José White (1836-1918), a Sociedade de Concertos Clássicos, onde se apresentou diversas vezes como pianista.

Obras

Música orquestral: Camões, p/orquestra e banda, s.d.; L’Africaine, p/piano e orquestra, s.d.; Hino do Acre, s.d.; Hino do Espírito Santo, s.d. 

Música instrumental: A brasileira, p/piano, s.d.; A caprichosa, p/piano, s.d.; Elvira, p/piano, s.d.; A fluminense, p/piano, s.d.; Uma primeira impressão do Brasil, p/piano, s.d.; Soirée de Rio (1. Chant d’adieu, 2. Une fleur, 3. Gavotte impériale, 4. Nocturne dramatique, 5. Tarantelle, 6. Le Rêve, 7. Heroíde, 8. Berceuse, 9. La Fougère), p/piano, s.d.; Soirées intimes (1. Ma pensée, 2. Pressentiment, 3. Tarantelle, 4. Confidence, 5. Rêverie, 6. Menuet, 7. Aveu, 8. Marche de nuit, 9. Tendresse, 10. Mazurka, 11. Barcarolie, 12. Légende), p/piano, s.d.; Souvenir de Naples, p/piano, s.d.; Teus olhos, p/piano, s.d. 

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha - São Paulo - 2a. Edição - 1998.

A impressão musical no Brasil - Parte 3

Rua Direita - Rio de Janeiro (RJ) - Segunda metade do século XIX
Com vinte e pouco anos, chegava ao Brasil, na década de 1830, Rafael Coelho Machado, português do arquipélago dos Açores, compositor e professor, que teria participação de destaque no meio musical, desenvolvendo intensa atividade. Diante da escassez de obras didáticas de música, passou a traduzir vários métodos para os instrumentos mais em voga na época: Hünten (piano), Devienne (flauta), Alard (violino), Carcassi (guitarra).

Em 1842 publicou o primeiro Dicionário musical em português (Tipografia Francesa), com uma segunda edição aumentada em 1855 (Tipografia Brito e Braga), e no ano seguinte o Método de afinar piano. Em 1851 um Tratado d’harmonia e logo a seguir o ABC musical tornaram-se muito populares, com inúmeras edições. Em 1847 era dono de um depósito de pianos, com oficina, afinador etc., na Rua da Ajuda, 16, e no sobrado n 25, anteriormente ocupado por H. Vaguer Frion.

De 1849 a 1853, instalou-se na Rua dos Ourives, 43, com a firma Rafael & Cia., sucursal de Schmidt, na loja que havia pertencido ao antigo e conhecido fabricante de pianos na corte e que entre 1835 e 1838 funcionava na Rua do Ouvidor, 162. Foram publicadas, entre outras, as coleções Bouquet dos pianistas, Saudades da Norma, Recordações italianas e Álbum de canto.

Em 1854, associou-se a H. Vaguer Frion, estabelecido na Rua dos Ourives, 61, mas a sociedade (Frion e Rafael) se desfez dois anos depois, com a saída de Rafael. Em outubro de 1856, abriu o Novo Depósito de Música e Pianos, na Rua da Quitanda, 43, onde ficou até 1867.

Em 1869, Narciso José Pinto Braga arrematou seu acervo, a essa época instalado na Rua do Ouvidor, 33. Na fase final, publicou ainda Ilustração dos pianistas, Bouquet dos bailes, Grinalda brasílica  — álbum de modinhas com poesias de Gonçalves Dias e outros (1859), Urânia ou Os amores de um poeta   — álbum com poesias de Gonçalves de Magalhães (1863), e Periódico de Música Marcial (1865). A Rafael Coelho Machado deve-se ainda a publicação da primeira ópera de Carlos Gomes, A noite do castelo, em reduções de sua autoria, para canto-piano e piano só.

Honório Vaguer Frion foi representante de pianos ingleses, com loja e oficina de consertos no sobrado da Rua do Cano, 54, e a partir de 1848, na Rua dos Ourives, 61. Depois de desfeita a sociedade com Rafael Coelho Machado, em 1857 embarcou para a Europa, para tratar dos interesses da firma, deixando como responsável Auguste Baguet, conhecido diretor de orquestra de dança e compositor de música ligeira, que já tivera loja de música na Rua do Cano, 146 (1844- 1856).

Com a volta de Frion em 1859, Baguet foi despedido da firma e abriu por conta própria, na Rua da Ajuda, 6 (1861-1878), uma Imprensa Musical dos Artistas, com o repertório de famosa casa de espetáculos da Rua da Vala, Alcázar Lírico. A loja da Rua dos Ourives passou depois para Maximiliano von Sydow, professor de piano. Em 1869, Sydow & Cia., suc. de H. V. Frion, mudaram-se para a Rua da Ajuda, 42, continuando a publicar entre outros, Pérolas e diamantes (1859), Álbum de modinhas (1867) etc.

Bento Fernandes das Mercês, conhecido copista e cantor da Capela Imperial, foi professor e diretor de um conservatório de música, tendo sido responsável pela preservação de parte do patrimônio musical legado pelo padre José Maurício Nunes Garcia, de quem foi um dos mais assíduos copistas e colecionador de obras.

Desde 1848, vendia música em sua residência, na Praça da Constituição, 15, “em frente ao Teatro”, e em 1852 instalou-se no na 19 da mesma praça, com a firma Mercês & Cia. — Impressores de Música e Editores. Nesse mesmo ano publicou o romance de João Vítor Ribas Guanabara e associou- se a Salmon, mudando-se para a Rua da Assembléia, 86, com o nome de Imprensa Salmon & Cia. e Copistaria de Música, de curta duração, pois logo em 1853 a firma passou a Salmon & Cia. Sucessores de P. Laforge, na Rua dos Ourives, 60.

Teotônio Borges Dinis, cantor da Capela Imperial, com copistaria instalada, em 1854, na Rua de São José, 42, mudou-se para a Praça da Constituição, 34 (depois para o na 11), onde continuou imprimindo música até 1858, tendo publicado As flores da primavera (1854- 1855), Nova coleção de valsas, polcas e schottischs e Aurora das pianistas (ambas de 1855), Divertimento noturno (1856), Lira do trovador (1856-1857), da qual saíram mais de 70 peças, com frontispício em belo trabalho litográfico, Ilustração musical (1857-1858) e outras.

Em 1858 a loja passou para os sucessores de T. B. Dinis, com o nome de Imperial Estabelecimento de João Pereira da Silva, que a manteve até 1862, quando José Maria Alves da Rocha a adquiriu, formando com um sócio a firma Rocha & Correia, que durou apenas um ano. Rocha continuou os negócios sozinho de 1865 a 1868, sempre no mesmo endereço, e formou nova sociedade em 1869, Rocha & Othon Frederico.

Todas as peças impressas por T. B. Dinis levavam número de chapa (T.B.D. ...) e muitas delas eram datadas, o que era novo na época. J. M. Alves da Rocha continuou a numeração, apenas retirando as iniciais. Entre as coleções publicadas figuram Lira brasileira (1863-1864), Folhas e flores e Flores do baile.

Em 1853, Severino, Magallar & Banchieri instalaram-se na Rua do Ouvidor, 116, antiga Casa Luraghi, que funcionara nesse endereço desde 1843, com comércio de música. A nova firma especializou-se em instrumentos de música para banda e orquestra, bem como instrumentos de óptica, física e matemática. Em 1855 Banchieri saiu da firma, ficando Severino & Magallar.

Nessa época, iniciaram a publicação de uma coleção de escalas e vários métodos para instrumentos de sopro: Niessel (cometa e pistões), Schiltz (saxhorne) e ainda outro para oficlide, todos em tradução e impressão da casa, com chapas numeradas (S.& M. ...). Alexandre Magailar era professor de trompa, trompete e trombone, e com sua morte em 1857 a firma passou a se chamar Severino e Sousa, em 1863 Moreira e Severino e de 1864 a 1869 João de Sousa Moreira.

Na loja de Salmon & Cia., na Rua dos Ourives, 60, João Jacques Soland de Chirol, “professor do Conservatório de Paris”, dava aulas de piano desde 1853. Em 1857 já possuía loja com sobrado na Rua do Ouvidor, 92, e em 1860 iniciou a publicação da Gazeta Musical do Brasil jornal científico, crítico e literário, com correspondentes do Rio Grande do Sul, Bahia e Pernambuco. Segundo anúncios publicados no Jornal do Comércio, saia aos domingos e vendia-se a princípio em sua Loja de Música e Piano Depósito Geral da França e da Itália, na Rua da Ajuda, 16, e depois na Praça da Constituição, 58, para onde se mudou em setembro do mesmo ano.

Além da parte musical, com peças para piano e para canto — transcrições de trechos de óperas, música de dança etc. — cada número vinha acompanhado de noticiário e crítica sobre o movimento musical na Europa, incluindo comentários sobre a vida musical no Rio de Janeiro, as companhias líricas atuantes e, na edição de 29 de julho de 1860, uma biografia do padre José Maurício Nunes Garcia, seguida, em outro número, de uma notícia sobre Carlos Gomes. Em 1862 a loja passou para Lagos & Cia., no mesmo endereço, e J. C. Meireles, de 1864 a 1869, quando Narciso José Pinto Braga adquiriu o acervo.

Januário da Silva Arvelos, “filho de um dos mais célebres compositores de música, mestre de S.M. o Sr. D. Pedro I”, como ele freqüentemente se intitulava em anúncios publicados nos jornais, tinha o mesmo nome do pai, compositor de grande prestígio no tempo de D. João. Arvelos (filho), nascido em 1836, foi compositor de música de salão, com vasto repertório de modinhas e lundus. Dedicou-se também ao magistério e em 1859 publicou um Novo método repentino dos primeiros elementos musicais

Em princípios da década de 1860, na Rua da Assembléia, 1258, começou a imprimir música, inclusive suas próprias composições. Foram publicadas, entre outras, as coleções Conselheiro das damas (1 série — 1861-1862, 2 série — 1869), especializada em modinhas brasileiras e música de salão, Recreio das famílias, A ninfa do Amazonas (1865-1866) e As flores da Pátria (1869), quando encerrou suas atividades como editor de música, vendendo o acervo para Narciso José Pinto Braga. 

Victor Préalle, estabelecido de 1851 a 1859 com oficina de consertar e afinar pianos na Rua de São José, 21, em 1860 abriu loja na Rua da Ajuda, 6, que passou a ser ocupada no ano seguinte por Auguste Baguet. De 1861 a 1870, em seu novo endereço na Rua do teatro, 17, Préalle publicou peças com chapas numeradas (V.P. ...). Em 1871 seguiu para Recife, onde abriu loja no mesmo ramo, deixando no Rio de Janeiro Henri Préalle, que o substituiu na loja, estendendo o negócio também ao n. 15 da mesma rua (de 1878 a 1887) e continuando a numeração do antecessor com suas iniciais (H.R ...) ultrapassou uma centena de peças publicadas, muitas de autores brasileiros. 

Tiago Henrique Canongia, com duas gerações de antepassados músicos (pai português e avô catalão), foi professor de música e diretor de orquestra de salão. Em 1866 inaugurou uma loja de pianos e música, Lira d’Apoio, na Rua do Ouvidor, 111, “com distribuição da polca do mesmo nome no recém-aberto estabelecimento”. Publicou mais de 400 peças, com chapas numeradas. 

Com a morte de Canongia, a firma em 1872 passou para a Viúva Canongia & Cia. — Estabelecimento de Músicas, Águas Minerais, Roupas etc., no mesmo endereço. Em 1877 transferiu-se para o n 103 da mesma rua e em 1881 passava a Viúva Canongia & Filho. Até 1872 publicou Éden musical, Novo álbum de piano e canto e Estrelas de ouro. Pela Viúva Canongia, foram editadas Flores brasileiras, Álbum de música de piano, Coleção de tangos e havaneras etc. Henrique Alves de Mesquita, Joaquim Antônio da Silva Callado, Manuel Joaquim Maria, Aníbal Napoleão e Chiquinha Gonzaga foram alguns dos compositores com obras publicadas. 

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha - São Paulo - 2a. Edição - 1998.

A impressão musical no Brasil - Parte 4

Casa Narciso & Arthur Napoleão. Rio de Janeiro, 1878.
Em 1835 chegou ao Brasil, vindo de Gênova, Itália, Isidoro Bevilacqua, e a 7 de setembro de 1846 abriu com Milliet-Chesnay um Armazém de Pianos e Música, na Rua dos Ourives, 52, e sobrado do n. 53, onde morava, dedicando-se ao ensino de piano e canto e também vendendo músicas.

Em 1848 tinha instalado uma oficina no sobrado, “dirigida pelo hábil fabricante de pianos José Estêvão Napoleão Le Breton”, que se dizia discípulo de Ignaz Joseph Pleyel (1757—1831). No ano seguinte tentou instalar indústria de pianos na Rua Princesa dos Cajueiros, com a ajuda de técnicos estrangeiros, mas o projeto fracassou e ele continuou com o Armazém até 1857, quando deu sociedade a seu antigo empregado, Narciso José Pinto Braga.

Bevilacqua & Narciso começaram a imprimir modinhas, lundus e música de salão de autores da época, como Joseph Ascher (1829—1869), Ignace Leybach (1817—1891), Alexandre Édouard Gloria etc, em coleções intituladas As brasileiras — coleção de modinhas, Álbum de modinhas, Lundus para piano e canto, Lira dos compositores e outras, com chapas numeradas (B.& N. ...). Datam dessa época, entre outras, as edições das primeiras composições de Artur Napoleão, que, como jovem pianista, visitava freqüentemente o Brasil e de quem Narciso era grande amigo, bem como os ensaios em composição de Francisco Alfredo, filho primogênito de Isidoro, que veio a ser professor de piano do então I.N.M.

Desfeita a sociedade com Narciso em 1865, com um total de uma centena de peças publicadas, Isidoro continuou imprimindo (I. Bevilacqua), mas já sem numeração, e em 1875 mudou-se para o n. 43 da mesma rua. Continuou as coleções iniciadas e mais Novo álbum de modinhas brasileiras, Álbum de canto italiano, Álbum de canto francês, Choix de romances françaises et italiennes, Colar de pérolas, Flores do baile, Pérolas e diamantes, Sucesso da dança etc.

Em 1879 o filho caçula Eugênio, assessorado pelo primo Ângelo Bevilacqua, assumiu a gerência do estabelecimento, dando grande impulso à imprensa de música, equipando as oficinas, tanto a de impressão como a de consertos de piano, com a mais moderna aparelhagem. Por volta de 1890, começaram a numerar novamente suas edições, partindo de 1.000, tendo sido republicadas e numeradas muitas das peças anteriormente impressas.

Em setembro de 1880, inauguraram o Salão Bevilacqua com uma festa a Carlos Gomes, concerto do qual participaram Alfredo Bevilacqua, Vincenzo Cernicchiaro e Marengo. Em 1888 publicaram um folheto em tiras desdobráveis, Miniatura musical, com seis peças para piano de compositores nacionais e estrangeiros e uma relação de obras impressas pela editora, uma espécie de prévia ao Catálogo geral das publicações musicais de E. Bevilacqua & Cia. (62 p.), que editaram em 1900, com as obras classificadas por instrumentos e por gêneros, inclusive obras didáticas, métodos etc., cada item acompanhado do respectivo número de chapa, num total de 4.446 peças.

Em 1890 haviam aberto filial em São Paulo, na Rua São Bento, 14A, e em 1892 Eugênio e Ângelo entraram como sócios da firma, que, por morte de Isidoro, em 24 de janeiro de 1897, passou a E. Bevilacqua & Cia., com o lema “Labor omnia vincit”.

De 1904 a 1908 publicaram A Renascençarevista mensal de letras, ciências e artes, tendo por diretores Rodrigo Otávio e Henrique Bernardelli, e apresentando um suplemento musical com peças só de compositores brasileiros (saíram 52 números). Em 1905, com a abertura da Avenida Rio Branco, mudaram-se para a Rua do Ouvidor, 151, e dois anos depois morreu Eugênio Bevilacqua.

Em 1911 a firma passou para o n. 187 da mesma rua e em 1913 para o n. 145, quando foi publicado mais um Catálogo das edições Bevilacqua (82 p.), reunindo cerca de 7.000 peças. Além da filial em São Paulo, possuíam agências em Juiz de Fora MG, Porto Alegre RS e Recife PE.

Em 1912, a filial de São Paulo mudara-se para a Rua Direita, 17, e em 1924 foi vendida a J. Carvalho & Cia., continuando a loja até hoje com o nome de Casa Bevilacqua, mas desde 1941 de propriedade dos Irmãos Vitale. A matriz do Rio de Janeiro, que passara por sérias dificuldades, sob a direção de Eduardo, filho de Eugênio, em 1925 estava com a Viúva Bevilacqua no n. 115 da Rua do Ouvidor, tendo encerrado suas atividades em 1929. No ano seguinte o Catálogo Bevilacqua foi vendido a A. Tisi Neto, que o arrendou a E. S. Mangione, para continuar a impressão das peças.

Em 1941 Adélia Bevilacqua, filha de Eugênio, recuperou a propriedade do Catálogo, mantendo Mangione & Filhos como editores autorizados. No referido Catálogo, constata-se uma presença equilibrada de compositores estrangeiros e brasileiros, entre os quais Carlos Gomes, Leopoldo Miguez, Ábdon Milanez, Alberto Nepomuceno, Henrique Oswald, Francisco Braga, Barroso Neto, Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth e outros autores de música popular, num total de mais de 70.

Eis a concordância aproximada das chapas das edições Bevilacqua com as respectivas datas (chapas 1.000 a 2.499, com muitos números rasurados, substituídos (dificultando a identificação das datas). de 1890 em diante:

2.500 a 2.655 (1890) 5.965 a 6.136 (1906)
2.656 a 2.797 (1891) 6.137 a 6.324 (1907)
2.798 a 2.955 (1892) 6.325 a 6.489 (1908)
2.956 a 3.116 (1893) 6.490 a 6.604 (1909)
3.117 a 3.244 (1894) 6.605 a 6.670 (1910)
3.245 a 3.432 (1895) 6.671 a 6.861 (1911)
3.433 a 3.681 (1896) 6.862 a 7.059 (1912)
3.682 a 3.896 (1897) 7.060 a 7.240 (1913)
3.897 a 4.190 (1898) 7.241 a 7.425 (1914)
4.191 a 4.472 (1899) 7.426 a 7.519 (1915)
4.473 a 4.779 (1900) 7.520 a 7.808 (1916)
4.780 a 5.025 (1901) 7.809 a 7.753 (1917)
5.026 a 5.265 (1902) 7.754 a 7.942 (1918)
5.266 a 5.526 (1903) 7.943 a 8.170 (1919)
5.527 a 5.746 (1904) 8.171 a 8.362 (1920)
5.747 a 5.964 (1905) 8.363 a 8.512 (1921)

De 1921 a 1929 não é possível a separação por ano, tendo a numeração atingido cerca de 9.400 peças.

Narciso José Pinto Braga, que fora sócio de Isidoro Bevilacqua (1857-1865), abriu em 1866 uma loja própria, na Rua dos Ourives, 62, vendendo pianos e músicas. Em 1867 recomeçou a impressão, com chapas numeradas, de composições de seu amigo Artur Napoleão: fantasias sobre óperas e operetas, bem ao gosto da época, inclusive algumas também de Alfredo, irmão do pianista, música de salão e várias peças para piano de Louis Moreau Gottschalk, pianista norte- americano que em 1869 realizou no Rio de Janeiro temporada de concertos.

Em fevereiro de 1869, Narciso comprou o acervo de cinco imprensas de música do Rio de Janeiro: Sucessores de Laforge, J. C. Meireles, Rafael Coelho Machado, Januário da Silva Arvelos e N. Garcia, enriquecendo assim seu patrimônio, que já atingia cerca de 1.540 peças, e estendendo a loja ao n. 60 da mesma rua.

Em março do mesmo ano, Artur Napoleão resolveu se fixar definitivamente no Rio de Janeiro e abriu um Grande Depósito de Pianos, na Rua dos Ourives, 54-56. Passados poucos meses, os dois amigos entraram em sociedade, inaugurando em setembro de 1869 a loja, na Rua dos Ourives, 60-62, Narciso & A. Napoleão. A loja existiu até 1877, tendo mudado, cerca de dois anos antes, para a Rua dos Ourives, 56-58. Publicaram nesse período por volta de 2.000 peças de autores nacionais e estrangeiros, todas com chapa (N.&A.N. ...).

Em 1871 apresentavam um Catálogo das músicas impressas no imperial estabelecimento de pianos e músicas de Narciso & A. Napoleão (55 p.), talvez o primeiro a ser publicado por casa editora no Brasil. Em 1877, A. Napoleão deixou a firma, instalando-se, em setembro de 1878, em prédio que pertencera ao Diário do Rio, na Rua do Ouvidor, 89, que sofrera reforma geral para instalação, não só da loja e oficinas de impressão, mas ainda de um salão de concertos. Leopoldo Miguez, que iniciava sua carreira de musicista, era seu novo sócio, e logo no ano seguinte começaram a publicação de um “semanário artístico” intitulado Revista Musical e de Belas Artes.

Com esplêndida colaboração, muito noticiosa e com longos artigos sobre história da música e de instrumentos musicais, biografias de compositores etc., teve, entretanto, curta duração (de janeiro de 1879 a dezembro de 1880), publicando ainda, em suplemento, umas poucas peças musicais. Foram colaboradores da Revista André Rebouças, o visconde de Taunay, Oscar Guanabarino e o crítico Alfredo Camarate, entre outros. Narciso continuara imprimindo música, em sua loja da Rua dos Ourives, 56-58, até março de 1880, quando resolveram reunir-se novamente em sociedade, agora com o nome Narciso, A. Napoleão & Miguez. Dois anos mais tarde, Miguez deixou a firma, ficando a casa com Narciso & A. Napoleão até 1889, quando Narciso morreu.

Em 1890 seu único proprietário era A. Napoleão, mas sérias dificuldades econômicas fizeram-no transformar a firma em sociedade anônima — Cia. de Música e Pianos, Sucessora de A. Napoleão, com dois diretores, o próprio Napoleão e Francisco Coelho Sampaio. Em 1893, porém, conseguiram superar a crise e formar a firma A. Napoleão & Cia., sempre na Rua do Ouvidor, 89, com acervo de mais de 7.000 peças publicadas.

Em 1911 mudaram-se para a Avenida Central, 122 (no ano seguinte denominada Avenida Rio Branco), e em 1913 Sampaio, Araújo & Cia. tomavam conta da Casa Artur Napoleão — Estabelecimento de Pianos e Músicas. Em 1915, publicaram o Catálogo geral da Casa A. Napoleão de Sampaio, Araújo & Cia., impresso na Tipografia Leuzinger. São 209 páginas relacionando obras classificadas por instrumentos, gêneros, métodos etc., com predominância de compositores estrangeiros e, entre os brasileiros, Henrique Alves de mesquita, Carlos Gomes, Leopoldo Miguez, Ábdon Milanez, Chiquinha Gonzaga, Antônio Cardoso de Meneses, os irmãos Napoleão e outros. Claude Debussy (1862—1918) já figurava com suas Arabesques, bem como toda a série Les classiques du piano, editada por Félix Le Couppey (1811—1887); muitas coleções para principiantes de piano; inúmeras fantasias sobre óperas (só de Il Guarany, de Carlos Gomes, mais de 30); canto em português, francês, italiano e espanhol; vasto repertório de música de dança e peças para violino, violoncelo, flauta e bandolim.

Em 1936 foi publicado o sexto de uma série de suplementos, atualizando o Catálogo. Foram os editores das primeiras composições de Villa-Lobos (década de 1920), na sua maioria obras para piano solo, canto e piano, e violoncelo. Durante a atuação do compositor como chefe do Serviço de Educação Musical e Artística (SEMA), iniciaram, sob sua direção, a publicação da Coleção escolar, com numeração independente, uma parte da que se constituiu mais tarde no conhecido Guia prático, de Villa-Lobos.

Na década de 1950 a firma foi comprada por Hélio Mota e passou para Casa A. Napoleão Músicas S/A., na Rua Evaristo da Veiga, 73, e Rua das Marrecas, 46 (durante curto período chamada Rua Juan Pablo Duarte), e por volta de 1961 para Ed. A. Napoleão Ltda. Em 1968 a editora Fermata do Brasil comprou o Catálogo da Ed. A. Napoleão Ltda., sendo atualmente únicos distribuidores do mesmo. Nesse mesmo ano, publicaram um Catálogo de obras nacionais da Ed. A. Napoleão (35 p.).

Concordância, aproximada, dos números de chapas da editora Narciso & A. Napoleão (e sucessores) com as respectivas datas:

1 a aprox. 1.750 (1 869-1875), Rua dos Ourives, 60-62;
1.751 a 1.960 (1875-1877), Rua dos Ourives, 56-58;
2.030 a 3.360 (1880-1893), Rua do Ouvidor, 89;
3.361 a 7.010 (1893-1913), Rua do Ouvidor, 89;
7.011 a 7.620 (1913-1915), Avenida Rio Branco, 122;
7.621 a 8.300 (191 5-1925), Avenida Rio Branco, 122;
8.301 a 9.150 (1925-1935), Avenida Rio Branco, 122;
9.151 a 9.500 (1 935-1945), Avenida Rio Branco, 122.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha - São Paulo - 2a. Edição - 1998.

A impressão musical no Brasil - Parte 5

Rua do Ouvidor - Rio de Janeiro - Foto de 1890.
Pedro Guigon, professor e fabricante de órgãos, instalado desde 1837, quando chegou ao Rio de Janeiro, vindo da França, com oficina na Rua da Ajuda, abriu loja em 1849 na Rua São José, 62, onde ficou até morrer em 1862. A viúva Guigon continuou com a loja na mesma rua, 62-64, e iniciou publicação de músicas com chapas numeradas (V.G. ...), passando, no ano seguinte, a firma para seu filho Frederico Guigon. Continuaram a publicar música (F.G.&Cia. ...), em pequena escala, e em 1880 mudaram-se para a Rua dos Ourives, 9, onde ficaram até 1889.

Com a morte de Frederico, a firma entrou em liquidação em 1901, sob a gerência dos dois filhos: Frederico Júnior e Augusto. Em 1904 abriram nova sociedade, A. Guigon & Cia. ED., na Rua Sete de Setembro, 141, como sucessores de Frederico Guigon, e reiniciaram a publicação de músicas de salão. Com a morte da viúva de Frederico, em 1906, Augusto associou-se a Carlos do Nascimento e Silva, mudando-se para o n2 106 da mesma rua. Até 1909 tinham publicado uma centena de peças. A firma passou à propriedade de Castro Lima & Cia. — Casa Guigon, n. 134 da mesma rua, onde permaneceu cerca de dez anos, tendo publicado mais de 300 peças.

Eduardo e Francisco Buschmann, afinadores de piano, anunciando desde 1869 no Jornal do Comércio e no Almanaque Laemmert, em 1873 abriram loja de pianos e oficina de consertos na Rua dos Ourives. Em 1881, Manuel Antônio Gomes Guimarães, que também possuia, já há alguns anos, loja de música, a eles se associou, formando a firma Buschmann & Guimarães, estabelecida na Rua dos Ourives, 52.

Iniciaram a publicação de músicas com chapas numeradas, que atingiam mais de 3.500 quando a firma passou, por volta de 1897, para Buschmann, Guimarães & Irmão. Entre as obras, predominavam a música de salão e o teatro musicado, de compositores brasileiros como Henrique Alves de Mesquita, Chiquinha Gonzaga, Ernesto NazarethCardoso de Menezes, Júlio Reis, Anacleto de Medeiros, Paulino Sacramento, Aurélio Cavalcanti, Leocádio Rayol, J. Garcia Cristo, Costa Júnior, Assis Pacheco, Nicolino Milano etc.

Foram publicadas diversas coleções, entre as quais Divertimento musical, Proezas musicais, Recreio dos salões, Flores do baile, Aurora dos pianistas, Pérolas dos salões, Arpejos da saudade, Noites alegres, Novidades musicais e Sucesso dos salões. No início do século, Manuel Antônio Gomes Guimarães tomou conta da firma, como sucessor de Buschmann, Guimarães & Irmão, sempre na Rua dos Ourives, 50-52. Mais tarde, transferiu-se para a Travessa do Ouvidor, 25, e Rua dos Ourives (hoje Rua Rodrigo Silva), 10, até cerca de 1916, quando encerrou as atividades, tendo publicado mais de 5.500 peças numeradas.

Fontes & Cia. Novo Empório Musical imprimiam música em 1891, na Rua dos Ourives, 51. Em 1893, passaram para Vieira Machado & Cia., editora que publicou quase exclusivamente música brasileira. Além dos compositores mencionados anteriormente, é responsável por toda a obra impressa de Glauco Velásquez. Em 1908 estavam na Rua do Ouvidor, 147, e em 1911 no n. 179 da mesma rua. Até 1922, suas edições com chapas numeradas (V.M.&Cia. ...) chegavam a cerca de 1.800, muitas delas datadas.

Guilherme Fontainha, professor de piano, assumiu a direção da casa de 1925 a 1926, recomeçando a numeração das chapas, que não chegaram à segunda centena. No ano seguinte, a casa era propriedade de Fortunato Alves Pereira, que continuou a numeração de Fontainha, usando suas iniciais (F.A.P. ...) e não ultrapassando 800 peças.

Hekel Tavares, J. Otaviano, Assis Republicano, Cardoso de Meneses foram alguns dos compositores com obras aí publicadas, incluindo-se ainda primeiras composições de Heitor Villa-Lobos e muita música popular. Sebastião Lima & Cia. Compraram a firma por volta de 1934, mas pouco fizeram, e o Catálogo das Ed. Vieira Machado e suc. passou à propriedade de Ernesto Augusto de Matos que, mediante contrato, mantém os Irmãos Vitale como editores autorizados.

Alfredo Fertin de Vasconcelos publicou com Inácio Francisco de Araújo Porto Alegre, na última década do século passado (1891-1893), uma Gazeta Musical, com artigos sobre teoria da música, história, biografias e noticiário musical. Com loja na Rua do Carmo, 25, A. Fertin de Vasconcelos & Cia. iniciaram a impressão de música em oficina própria, com uma coleção intitulada Terpsícore. Fertin de Vasconcelos & Morand, na Rua da Quitanda, 42, continuaram publicando música de salão com chapas numeradas (E ... M.), chegando a quase 400 peças. Mudaram-se depois para a Rua do Ouvidor, 147, onde ainda funcionavam no início do século XX.

Lino José Barbosa estabeleceu-se em 1905 com uma Secção Mozart na Rua do Ouvidor, 97, publicando músicas com chapas numeradas (L.J.B. ...). No mesmo ano mudou-se para o n. 127 da Avenida Central, já como Casa Mozart. Publicou, principalmente nas duas primeiras décadas deste século, obras de Ernesto Nazareth, J. Garcia Cristo, Chiquinha Gonzaga, Anacleto de Medeiros, Paulino Sacramento e outros. Teve loja funcionando até a década de 1940, na Rua Sete de Setembro, mas só para venda de músicas.

Carlos do Nascimento e Silva, que estivera associado a Augusto Guigon até 1909, abriu, nesse mesmo ano, loja própria na Rua do Ouvidor, 175, com o nome Casa Beethoven — Nascimento Silva & Cia. Publicaram principalmente música popular, com chapas numeradas (N.S.&Cia. ...) chegando a pouco mais de 200 peças, por volta de 1920. Em 1912 tinham publicado Catálogo de músicas para pianolas e pianos-pianola.

Em 1899 os irmãos Cristiano Carlos João Wehrs e Cristiano Guilherme Augusto Wehrs assumiram a direção da casa, que, de modesta oficina de João Schlegel, em 1851, desenvolvida por seu pai, Cristiano Carlos Frederico Wehrs, na então Rua do Cano, 217, se transformara em importante fábrica de pianos do pais. Em 1879, haviam-se transferido para o n. 175 da mesma rua. Criada a Casa Editora Brasileira Carlos Wehrs nos primeiros anos deste século, na década de 1910 já estava só com um dos irmãos C. Carlos J. Wehrs (antiga Casa Ed. Brasileira C. Wehrs) — tendo-se mudado para a Rua da Carioca, 47. As peças já atingiam mais de mil, numeradas (C. ... W.), quando, em 1925, admitiram como sócio Gustavo Eulestein e como interessado na firma o filho Carlos H. F. Wehrs, passando a Carlos Wehrs & Cia. Iniciaram publicando quase que só música de salão brasileira e, mais tarde, publicaram obras de Luciano Gallet, Barroso Neto (responsável pela coleção didática Ed. Euterpe), Francisco Braga, Alberto Nepomuceno e Francisco Mignone entre outros, tendo publicado muito material didático.

José Francisco de Freitas (Freitinhas) foi pianista oficial da casa, como era hábito na época, incumbido de executar as músicas a serem escolhidas pelos clientes, tendo também muitas de suas obras impressas pela editora, bem como Ary Barroso, Lamartine Babo e outros. Passaram a editores exclusivos da Casa Carlos Gomes, quando já tinham impressas mais de 5.000 peças, e acabaram transformando-a em filial da Casa Carlos Wehrs, na Rua do Ouvidor, 153. Publicaram pelo menos dois Catálogos com o acervo da editora e uma revista de vida e cultura musical — Weco (de novembro de 1928 a abril de 1931), tendo por diretor artístico Luciano Gallet, secretários Djalma de Vicenzi e Arnaldo Estrela, e colaboração de Mário de Andrade, Luis Heitor e o próprio Gallet, em artigos sobre história, pedagogia e folclore, além de amplo noticiário dobre a vida musical. Em 1932 passaram a Ed. Carlos Wehrs & Cia. até 1975, quando fecharam a loja.

Em 1920 Eduardo Souto, conhecido compositor de música popular, abria a Casa Carlos Gomes — Eduardo Souto & Cia. Na Rua Gonçalves Dias, 75. Imprimiram de início quase que exclusivamente obras do proprietário da casa, com chapas numeradas (E.S ), abrangendo depois outros compositores de música de salão. Em 1922 mudaram-se para a Rua do Ouvidor, 153, e no final dessa mesma década passaram a filial da Casa Carlos Wehrs.

A Casa Viúva Guerreiro, pertencente à compositora Serafina Mourão do Vale, desde 1920 publicava música, imprimindo grande número de peças da proprietária da casa e muita música de dança, mantendo-se durante quase trinta anos no mesmo endereço, na Rua Sete de Setembro, 169.

Secção Chopin, estabelecimento que funcionava na mesma rua da casa Viúva Guerreiro, mas no nr. 141, era propriedade da firma Faria & Pinheiro e publicou músicas de dança a partir de 1914, em edições numeradas (F.P. ...). Em 1915 Manuel de Faria ficou sozinho na firma e continuou imprimindo, iniciando nova numeração (M.F. ...). No final da década de 1920, a casa foi comprada por Porfírio Martins, proprietário, desde 1903, da loja A Guitarra de Prata, na Rua da Carioca, 37. Especialista no fabrico de instrumentos de corda, ramo em que se mantém até hoje, iniciara também publicação de músicas em 1918, com edições numeradas (P.M. ...). Publicou vários métodos para violão, bandolim, cavaquinho etc., e alguma música de dança.

Duas outras editoras merecem ainda menção, embora não se dediquem exclusivamente à música, a Editora Vozes Ltda., de Petrópolis, que publicou de 1910 a 1957 muita música sacra, predominando as obras de frei Pedro Sinzig e frei Basílio Röwer, ambos religiosos franciscanos, responsáveis pela redação da revista Música Sacra (1941 a 1959), durante muitos anos a única revista musical publicada no país. Acompanhava cada número um Suplemento Musical, com obras (muitos arranjos) para coro e para órgão. A Casa Publicadora Batista, desde 1931 até nossos dias, vem publicando muita música religiosa, álbuns de cânticos etc. 

A impressão de música nos outros Estados só apareceu nas últimas décadas do século XIX, e apenas em alguns deles: São Paulo, Pará, Pernambuco e Bahia. Em outros só se iniciou no século XX, dependendo das oficinas gráficas de São Paulo e do Rio de Janeiro para impressão das peças. Muitas vezes eram enviadas para serem impressas por editores franceses e alemães, principalmente os do grande centro tipográfico de Leipzig, Alemanha, que tanto imprimiu para o Estado do Pará, prática, aliás, também adotada, embora esporadicamente, por algumas editoras do Rio de Janeiro. 

Em meados do século XX, já entravam em declínio as atividades das editoras nos Estados, com exceção de São Paulo, onde se deu o inverso, transformando-se em centro impressor para todo o país, inclusive para o Rio de Janeiro, onde progressivamente se vem processando um esvaziamento do parque gráfico de música. 

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha - São Paulo - 2a. Edição - 1998.

Rafael Coelho Machado

Rafael Coelho Machado, musicólogo, organista, professor e compositor, nasceu na Ilha da Madeira, Portugal, em 1814, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 15/8/1887. Chegou ao Brasil em 1835, estabelecendo-se no Rio de Janeiro, onde se destacou como professor.

Em 1842, escreveu o primeiro dicionário musical editado no país mais tarde lançado também em Paris, França. Em 1845 foi organista da igreja da Candelária. Em 1855 voltou a trabalhar como organista da igreja da Candeiária.

Em 1866 deixou a igreja da Candelária e continuou ensinando piano, canto, composição e órgão até 1877. Foi também professor de instrumentos de sopro, harmonia e regras de instrumentação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos.

Compôs músicas sacras, como os Cantos religiosos e colegiais para uso das casas de educação, a Grande missa, a Missa de Santa Luzia e um Te Deum

Cavaleiro da Ordem da Rosa, fundou um estabelecimento comercial de pianos e uma editora musical, tendo também traduzido vários métodos: Grande método de flauta, compilação dos métodos de François Devienne (1759—1803) e Benoit-Tranquille Berbiguier (1782—1838), Rio de Janeiro, 1843; Método de piano forte, de Franz Hünten (1793—1878); Escola de violino, de Jean-Delphin Alard (1815—1888); Método completo de violão, de Matteo Carcassi (c. 1792—1853). 

Publicou Dicionário musical..., Rio de Janeiro, 1842 (2a. ed. aumentada, Rio de Janeiro, 1855; 3a. ed., Paris, 1888); Princípios de música prática para uso dos principiantes, Rio de Janeiro, 1842; ABC musical, Rio de Janeiro, 1845 (várias vezes reeditado); Método de afinar piano, Rio de Janeiro, 1845 (várias vezes reeditado); Breve tratado de harmonia, Paris, 1852 (várias vezes reeditado); Elementos de escrituração musical ou arte de música, Lisboa, 1852; Método de órgão expressivo, Rio de Janeiro, 1854; Método de oficlide, Rio de Janeiro, 1856. 

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha - São Paulo - 2a. Edição - 1998.

Henrique Alves de Mesquita

Henrique Alves de Mesquita, compositor, organista, regente e professor, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 15/3/1830, e faleceu na mesma cidade, em 12/7/1906. Iniciou estudos musicais com Desidério Dorison, e em 1847 já executava solos de trompete.

No ano seguinte ingressou no Liceu Musical, na classe de Gioacchino Giannini, que depois seria seu professor no Conservatório de Música. Em fins de 1853, com o clarinetista Antônio Luís de Moura, abriu, na Praça da Constituição, o Liceu e Copistaria Musical, estabelecimento que oferecia cursos de música, copiava partituras, fornecia orquestras para bailes e vendia instrumentos.

São dessa época suas primeiras composições: a modinha O retrato, 1854; a romança Ilusão, 1855; a valsa Saudades de Madame Charton e o lundu Beijos de frade, as duas últimas publicadas em 1856 por T. B. Dinis. Nesse ano diplomou-se no Conservatório de Música, obtendo medalha de ouro nos cursos de Gioacchino Giannini (contraponto e órgão). Foi o primeiro aluno a receber prêmio de viagem à Europa, para aperfeiçoar-se. 

Em julho de 1857 seguiu para a França, onde cursou o Conservatório de Paris, estudando harmonia com François-Emmanuel-Joseph Bazin (1816—1878). Na capital francesa fez encenar a opereta La nuitau chateau (libreto de Paul de Koch) e obteve êxito com a quadrilha Soirée brésilienne. A coleção Abelha Musical (1858—1859) publicada no Rio de Janeiro pelo sucessor de Pedro Laforge, continha trechos de sua ópera Noivado em Paquetá. De Paris enviou obras ao Rio de Janeiro, como uma Missa executada a 26 de agosto de 1860, na igreja da Cruz dos Militares, sob a regência de Francisco Manuel da Silva; uma abertura sinfônica L’Étoile du Brésil, executada em 1861 na festa de distribuição de prêmios do Conservatório de Música. 

Sua ópera O vagabundo ou A infidelidade, sedução e vaidade punidas (libreto em italiano de Francesco Gumirato) foi representada a 24 de outubro de 1863 no Teatro Lírico Fluminense, pela empresa da Ópera Nacional, com libreto traduzido por Luís Vicente de Simoni. Alcançou êxito, sendo reencenada em 1871, desta vez cantada no original italiano. Ainda em Paris, envolveu-se em problemas pessoais, perdendo a pensão e regressando ao Brasil em julho de 1866. 

No Rio de Janeiro, integrou durante algum tempo a orquestra do Alcázar como trompetista, e a partir de 1869 passou a atuar como regente da orquestra do Teatro Fênix Dramática. Ali apresentou várias operetas de sucesso: Trunfo às avessas, 1871; Ali Babá (libreto de Eduardo Garrido), 1872; Coroa de Carlos Magno, 1873, entre outras. Segundo consta, foi o primeiro compositor brasileiro a usar a palavra tango para designar o tipo de música teatral até então conhecido como habanera ou havaneira, quando assim intitulou sua composição Olhos matadores, de 1871. 

Em 1872 foi nomeado professor de solfejo e princípios de harmonia no Conservatório de Música. Desse ano até 1886 foi organista da igreja de São Pedro. Em 1877 foi representada sua opereta Loteria do diabo no Teatro Fênix Dramática, e em 1885, A Gata Borralheira, no mesmo teatro, seu último êxito. 

Afastando-se do teatro, continuou a ensinar no Conservatório de Música. Em 1890 foi efetivado como professor de instrumentos de metal, aposentando-se em 1904, pelo já então I.N.M. 

Obras 

Música dramática: Ali Babá, opereta, 1872; Coroa de Carlos Magno, opereta, 1873; A Gata Borralheira, opereta, 1885; Loteria do diabo, opereta, 1877; La nuit au chateau, opereta, c. d.; Trunfo às avessas, opereta, 1871; O vampiro, drama fantástico, 1873. 

Outros: Ali Babá ou Os quarenta ladrões, tango, V.C.&C., s.d.; Ali Babá ou Os quarenta ladrões, quadrilha, A.N.&C., s.d.; À terra um anjo baixou, romance, J.P.S., s.d.; Aurora, polca, N.J.P.B.; s.d.; Batuque, tango, V.M.&C., s.d.; La brésilienne, polca, N.J.RB., s.d.; La brésilienne, polca, O.L., s.d.; Camões, polca, N.A.N.&M., s.d.; La coquette, quadrilha, A.N.&C., s.d.; A coroa de Carlos Magno, p/piano, s.d.; Esaudito amore, canto-piano, B.&G., s.d.; Espectro horrível, modinha lúgubre, B.&G., s.d.; A Gata Borralheira, quadrilha, N.&A.N., s.d.; Mayá, polca, M.A.G., s.d.; Minha estrela, recitativo, N., s.d.; A oração da infância, recitativo, A.N.&C., s.d.; A pêra de Satanás, quadrilha, A.N.&C., s.d.; Quadrilha heróica, N.&A.N., s.d.; Quebra, quebra minha gente, polca, A.N., s.d.; Raios do sol, quadrilha, A.N., s.d.; Remissão dos pecados, tango, N.&A.N., s.d.; Romance da ópera O vagabundo, R.N.&C., s.d.; Recitativo: sempre, N.&A.N., s.d.; Soirée brésilienne, quadrilha, N.&A.N., s.d.; Soirée brésilienne, quadrilha, S.R., s.d.; Souvenir du Tejo, polca, N.&A.N., s.d.; A surpresa, polca, N.&A.N., só.; Trunfo às avessas, recitativo, N.&A.N., só.; Trunfo às avessas, polca, A.N.&C., s.d.; Trunfo às avessas, quadrilha, T.H.C., s.d.; A vaidosa, tocata, B.G.&I., s.d. 

 Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha - São Paulo - 2a. Edição - 1998.

The Jackson 5

The Jackson 5 (também chamados de The Jackson Five, The Jackson Five e The Jacksons) foi um grupo musical americano formado por Michael Jackson e demais integrantes da família Jackson, seus irmãos Jackie, Tito, Jermaine e Marlon, posteriormente incluindo Randy.

A banda conseguiu logo um grande sucesso com as suas quatro primeiras músicas (“I Want You Back”, “ABC”, “The love you save” e I’ll be there) a alcançarem o topo das paradas americanas e top 10 em muitos países do mundo.

O Jackson Five fazia grandes performances e encantavam o público em geral, principalmente por serem tão novos, com suas músicas de estilos variados sendo apresentadas de forma brilhante pelo grupo.

Foi no grupo que Michael Jackson começou a se destacar como dançarino e cantor. Esses garotos tão novos cantavam músicas que falavam de relacionamentos amorosos que, por isso, provavelmente não entendiam direito o que cantavam. As vendas do grupo em singles e álbuns, incluindo coletâneas, podem chegar a 100 milhões de discos vendidos em todo o mundo.

Joseph organizou Jackie, Tito, Jermaine e dois outros jovens vizinhos, Milford Hite (na bateria) e Reynaud Jones (nos teclados) em um número chamado The Jackson Brothers (Os Irmãos Jackson) em 1962. Em dois anos, Michael e seu irmão mais velho Marlon começaram a tocar atabaque e pandeiro, respectivamente. Em 1966, Michael tornou-se o vocalista principal do grupo. Ele tinha então oito anos de idade.

Com Michael à frente, o grupo começou a excursionar fazendo apresentações e venceu um concurso para amadores no Harlem, em Nova York. Os Jackson assinaram seu primeiro contrato de gravação com a Steeltown, uma gravadora local, em 1967, e tiveram seu primeiro sucesso regional com a canção Big Boy em 1968.

Os Jackson 5 foram descobertos por dois grupos musicais da época, Gladys Knight & the Pips e Bobby Taylor & the Vancouvers, que os levaram para a gravadora Motown em 1968. Berry Gordy, chefe da Motown, comprou o contrato da gravadora Steeltown e assinou com os Jackson em março de 1969. Berry Gordy levou os Jackson para a cidade de Los Angeles e os transformou em astros mundiais. Ainda em 1969 os Jackson Five foram apresentados ao grande público por Diana Ross, e foram oficialmente lançados como a próxima grande atração da Motown.

Os primeiros quatro singles do grupo, “I Want You Back” e “ABC” de 1969, e “The Love You Save” e “I’ll Be There” de 1970, todos se tornaram primeiro lugar nas paradas dos Estados Unidos. Outros sucessos incluem “Mama’s Pearl” e “Never Can Say Goodbye” de 1971, “Lookin’ Through the Windows” de 1972, “Get It Together” de 1973 e “Dancing Machine” de 1974.

Os Jackson 5 gravaram catorze álbuns para a Motown, e Michael, Jermaine e Jackie ainda gravaram álbuns solo como parte da “franquia” Jackson Five. Muitos dos sucessos dos Jackson Five foram produzidos por produtores da Motown – Berry Gordy, Freddie Perren, Alphonzo Mizell, Deke Richards e Hal Davis.

A banda teve um sucesso muito grande, mas a falta de interesse e liberdade para o grupo fazer suas próprias músicas por parte da Motown fez o grupo, com exceção de Jermaine, sair da gravadora e assinar um contrato com a EPIC. Depois disso o grupo passou a se chamar The Jacksons.

Em 1975 os irmãos Jackson assinaram um novo contrato com a CBS Records, indo para a divisão Philadelphia International e pouco tempo depois foram para a Epic Records. O novo negócio com a CBS rendeu bons lucros e liberdade de criação, coisas que eles não tinham muito na Motown. Ao saber que os Jackson Five haviam assinado um contrato com outra gravadora, a Motown rescindiu o contrato ficando com os direitos sobre o nome e o logotipo do grupo. Além disso, Jermaine, que havia casado com Hazel, filha de Berry Gordy, optou por permanecer na Motown para seguir carreira solo.

Agora como The Jacksons e o irmão mais novo, Randy, no lugar de Jermaine, os irmãos continuaram sua carreira de sucesso, fazendo turnês internacionais e gravando seis álbuns entre 1976 e 1984. Sucessos desse período incluem “Enjoy Yourself” e “Show You The Way To Go” de 1976, “Blame It on the Boogie” de 1977, “Shake Your Body” (Down to the Ground) de 1978 e “Can You Feel It” e “This Place Hotel” de 1980.

O grupo The Jacksons gravaria o álbum “The Jacksons Live” em 1981 e depois fez uma parada. Jermaine regressou para a gravação e turnê do álbum “Victory” de 1984. Michael Jackson e Mick Jagger participam na música “State Of Shock” que foi o maior êxito desse disco.

No final da década, Michael e Marlon não eram mais membros do grupo, que acabou em 1990. O grupo ainda lançou, em 1989, o álbum “2300 Jackson Street”.

Fonte: Wikipedia.