quarta-feira, junho 06, 2018

Lamartine, o rei dos primeiros carnavais


Se há alguém no Brasil que simboliza a alegria dos primeiros carnavais, essa pessoa é Lamartine Babo. Exímio compositor de marchinhas de carnaval, Lamartine foi um dos primeiros humoristas do país. Em meados da década de 30, quando o que contava ainda era a brincadeira nas ruas e não o desfile das escolas, o carioca, nascido em 1904, reinava absoluto nas festas do Rio de Janeiro. De 1932 a 1936 emplacou os maiores sucessos da Folia de Momo na Cidade Maravilhosa.


Não é difícil compreender o sucesso de Lamartine no Carnaval. Data marcada por uma grande festa no país, o Carnaval é considerado por muitos - especialmente fora do país - como o símbolo da alegria dos brasileiros. Bem humorado, com canções que apelavam para o humor puro, o compositor logo conquistou os cariocas.

"Ele era muito engraçado, e tirava sarro das pessoas com algumas letras. Inclusive, tirava sarro dele mesmo. Até por ser Carnaval, não tinha como fazer letra séria. E ele se destacava", explica o professor de Arte e Cultura da Universidade Metodista de São Paulo, Heron Vargas.

O humor escrachado - por algumas vezes maldoso - se tornou a marca principal da produção de Lalá, como era conhecido. "Nesse ponto ele é praticamente único na música brasileira. Ele mesmo era humorista, trabalhava assim no rádio, apresentando programas. Outros faziam mais sátira, o que é diferente do humor", compara o pesquisador Suetônio Soares Valença, autor do livro Tra-la-lá : Lamartine Babo. "O Lamartine fazia humor puro. Levava tudo mais ou menos na brincadeira, fazendo humor o tempo todo."

Ainda assim, não era apenas o humor que levava Lamartine ao sucesso. Com uma formação musical diferenciada dos demais compositores da época, conseguia resultados mais expressivos com as marchinhas, chegando a emplacar seis grandes sucessos em um mesmo Carnaval.

"Lamartine não teve uma formação musical como a do Noel Rosa, por exemplo. Noel subia os morros e ia ao Estácio para conhecer o samba. O Lamartine não teve essa passagem pelos morros. E por isso que ele fazia muita marcha, que se aproxima mais das operetas e das músicas americanas dos anos 20, que era o que ele acompanhava", complementa Valença.

A fama de Lamartine nos carnavais rapidamente fez com que fosse requisitado pelo rádio e pela TV, ainda nascente nos anos 50. Lá, também alcançaria sucesso, com programas como o "Baú do Lamartine". No rádio, foi pioneiro em usar uma ferramenta que conhecia bem: novamente, o humor.

"Ele é o precursor do humor no rádio. Não era um humorista como o Chico Anysio, mas tinha uma verve, era muito engraçado. Através desse humor, ele foi mais que um compositor, foi um dos responsáveis pelo que se considerou o "Espírito Carioca". É essa coisa do bom humor, da verve, da graça", afirma Valença.

Por Renato Marques

Edigar de Alencar - Biografia

Edigar de Alencar, musicólogo, jornalista, poeta e teatrólogo. Nasceu em 06/11/1901 na cidade de Fortaleza-CE e faleceu no Rio de Janeiro-RJ em 24/04/1993.

Foi para o Rio de Janeiro em 1926, dedicando-se ao comércio.

Escreveu a revista Doce de coco, estrelada por Alda Garrido, no Teatro São José, e foi crítico de teatro, chegando a presidir o Ciclo Independente dos Críticos Teatrais.

Em 1932 publicou seu primeiro livro de poesias, Carnaúba. Cronista do jornal carioca O Dia desde sua fundação, onde assinava sob o pseudônimo de Dig, foi conselheiro de música popular brasileira do MIS, do Rio de Janeiro.

Publicou O Carnaval carioca através da música, 2 volumes, Rio de Janeiro, 1965; A modinha cearense, Rio de Janeiro, 1967; Nosso Sinhô do samba, Rio de Janeiro, 1968.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.

Chiquinho do Acordeom - Biografia

Chiquinho do Acordeom (Romeu Seibel), instrumentista e compositor, nasceu em Santa Cruz do Sul RS em 07/11/1928, e faleceu no Rio de Janeiro RJ em 13/02/1993. Começou a estudar acordeom na cidade natal, em 1937, com Maneta Heuser.

Gravou pela primeira vez, em 1951, com o Regional Claudionor Cruz, no estúdio Star, no Rio de Janeiro RJ. Ao lado de Garoto (violão) e Fafá Lemos (violino), trabalhou no programa Música em Surdina, na Rádio Nacional, do qual nasceu, em 1952, o Trio Surdina, composto pelos três, que gravou LPs na Musidisc.

Trabalhou, ainda em 1953, na Grande Orquestra Brasileira, da Rádio Nacional, regida por Radamés Gnattali e no mesmo ano fundou seu próprio grupo denominado Chiquinho e seu Conjunto. Em 1954 integrou o Sexteto de Radamés Gnattali

Além de ter feito arranjos para jingles, participou da gravação de trilhas sonoras para cinema, com diversos maestros, entre os quais Radamés Gnattali, Lírio Panicali, Edino Krieger, Remo Usai, Guerra-Peixe e outros. Em 1960 excursionou pela Europa com o Sexteto de Radamés Gnattali, na III Caravana de Música Brasileira.

Foi diretor musical da TV Excelsior de 1963 a 1967. Um dos mais solicitados acordeonistas para gravações, já acompanhou, entre outros, Elisete Cardoso, Carmélia Alves, Martinho da Vila, Carlos Lyra, Maria Creuza e MPB-4.

Como compositor, é autor de São Paulo Quatrocentão (com Garoto), uma de suas obras mais conhecidas, Esquina da saudade (com Radamés Gnattali e Alberto Ribeiro), gravada por Jamelão, Relógio da vovó (com Fafá Lemos e Garoto), Um baile em Santa Cruz, Sinimbu, Polquinha gaúcha, Estrela, Dobrado 27 de Fevereiro (com Radamés Gnattali), entre outras.

CD: Radamés Gnattali: três concertos e uma brasiliana, Orquestra Sinfônica Nacional, reg. Alceu Bocchino, 1996, SOARMEC S004.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.