Cauby Peixoto (Caubi Peixoto Barros), cantor, nasceu em Niterói-RJ, na Rua Joaquim Norberto, bairro de Fonseca, em 10/2/1934, e faleceu em São Paulo, em 15/05/2016. De família de artistas populares, o pai, conhecido por Cadete, tocava violão, a mãe tocava bandolim, o tio, Nonô (Romualdo Peixoto) era pianista e homem de rádio, o primo Ciro Monteiro foi cantor e compositor famoso, os irmãos Moacir e Araquém tornaram-se instrumentistas e a irmã Andiara foi cantora.
Estudou num colégio de padres salesianos no Rio de Janeiro, e já no tempo de estudante cantava no coral da igreja. Mais tarde, quando trabalhava no comércio, apresentou-se no programa de calouros da Rádio Tupi, Hora dos Comerciários, patrocinado pelo SESC e dirigido pelo pianista Babi de Oliveira, conseguindo então chamar a atenção da
Revista do Rádio, em 1949.
Cantou também no conjunto de seu irmão Moacir, na boate carioca Casablanca e, em 1951, gravou seu primeiro disco, pela Som, lançando o samba
Saia branca (Geraldo Medeiros), para o Carnaval. Em 1952, mudou-se para São Paulo, passando a cantar nas boates Oásis e Arpège, e na Rádio Excelsior, destacando-se sempre com repertório de músicas estrangeiras.
Por volta de 1954, foi ouvido pelo empresário Di Veras, que, pretendendo renovar o elenco da Rádio Nacional, do Rio de Janeiro, então dominado por ídolos como
Emilinha Borba e
Orlando Silva, o convidou para atuar naquela emissora. Seu lançamento na rádio foi preparado nos moldes norte-americanos, com grande publicidade e muita promoção, e, em pouco tempo, ele também se tornaria um ídolo, adorado e perseguido pelas fãs.
Sua imagem foi forjada para agradar: vestindo-se de maneira extravagante para a época, e colocando trinados e versos inexistentes em suas canções, criou um tipo diferente, obtendo sucesso imediato.
Ainda em 1954, gravou com êxito o fox
Blue Gardenia (Bob Russel e Lester Lee, versão de
Antônio Almeida e
João de Barro) e, nos cinco anos seguintes, foi considerado o cantor mais popular do país.
Em 1956 gravou em disco de 78 rpm, pela Columbia,
Conceição (
Jair Amorim e
Dunga), que se transformou no maior sucesso de seu repertório. Da Rádio Nacional, passou para a Rádio Tupi e gravou
Nono mandamento (
René Bittencourt e
Raul Sampaio), em 1957;
Prece de amor (René Bittencourt), em 1958;
Ninguém é de ninguém (Humberto Silva, Toso Gomes e Luís Mergulhão) e
É tão sublime o amor (P. Francis Webster e Sammy Fain, versão de Antônio Carlos).
Depois de aparecer na revista norte-americana
Time como o maior ídolo da canção popular brasileira, foi convidado para uma excursão aos E.U.A., onde gravou, com o nome de Ron Coby, um LP com a orquestra de Paul Weston, cantando em inglês. De volta ao Brasil, comprou, em sociedade com os irmãos, a boate carioca Drink, passando a se dedicar mais a administração da casa e interrompendo, assim, suas apresentações.
Em 1959, retornou aos E.U.A. para uma temporada de 14 meses, durante os quais realizou espetáculos, apresentou-se na televisão e gravou, em inglês,
Maracangalha (
Dorival Caymmi), que recebeu o titulo de
I Go. Numa terceira visita aos E.U.A., algum tempo depois, participou do filme
Jamboree, da Warner Brothers.
Durante toda a decada de 1960, limitou-se a apresentações em boates e clubes. Em 1970 reapareceu como vencedor do Festival de San Remo, na Itália, classificando em primeiro lugar a música que defendeu,
Zingara (R. Alberteli, versão de Nazareno de Brito). Em 1971 participou do VI FIC da TV Globo, no Rio de Janeiro, cantando
Verão vermelho (Sergio Ferreira da Cruz).
A partir da década de 1970, passou a se apresentar em programas de televisão no Rio de Janeiro, e a realizar pequenas temporadas em casas de diversão noturnas do Rio de Janeiro e de São Paulo. Em 1979 apresentou-se também em Vitória-ES e Recife-PE, no Projeto Pixinguinha da Funarte, ao lado de Zezé Gonzaga.
Em 1980, em comemoração aos 25 anos de carreira, lançou pela Som Livre o disco
Caubi, Caubi, com músicas feitas especialmente para ele por
Caetano Veloso (
Caubi, Caubi),
Chico Buarque (
Bastidores),
Tom Jobim (
Oficina), Roberto e Erasmo Carlos (
Brigas de amor) e outros. No mesmo ano, apresentou-se nos shows
Bastidores, da Funarte, Rio de Janeiro, e
Caubi, Caubi, os bons tempos voltaram, na boate Flag, São Paulo.
Em 1982 apresentou no 150 Nigth Club, em São Paulo, ao lado dos irmãos Moacir (piano) e Araken (piston) e lançou o LP
Ângela e Caubi, o primeiro encontro dos dois cantores em disco, com sucessos como
Começaria tudo outra vez (
Gonzaguinha),
Recuerdos de Ypacaraí (Z. de Mirkin e Demétrio Ortiz) e a valsa
Boa noite, amor (
José Maria de Abreu e
Francisco Matoso).
Em 1989, os 35 anos de carreira foram comemorados no bar e restaurante A Baiúca, em São Paulo, ao lado dos irmãos Moacir, Araquen e Iracema e Andiara (vozes). No mesmo ano, a RGE relançou o LP
Quando os Peixotos se encontram, de 1957. Em 1993 foi o grande homenageado, ao lado de
Ângela Maria, no Prêmio Sharp de Música. Em 1996, foi lançada pela Columbia caixa com 2 CDs abrangendo suas gravações de 1953 a 1959, com sucessos como
Conceição.
Foi considerado "o maior cantor do Brasil" por personalidades como Roberto Carlos, Emílio Santiago, Cid Moreira, Jô Soares, Aracy Balabanian, José Messias e tantos e tantos outros colegas seus. Foi, também, tratado carinhosamente pelos colegas de "O Professor", o que caracteriza respeito e admiração.
CD:
Caubi Peixoto (2 CDs), 1996, Columbia 729.046/2- 479285.
Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora - 1998;
Geraldo Freire - Biografia de Cauby Peixoto.