terça-feira, março 21, 2006

Rosa

Francisco Alves e Carlos Galhardo deixaram de lançar "Rosa" porque rejeitaram Carinhoso, destinado ao lado "A" do mesmo disco. Sobrou, então, a valsa para Orlando Silva, que lhe deu interpretação magistral. Segundo Pixinguinha, "Rosa" é de 1917 e chamou-se originalmente "Evocação", só recebendo letra muito mais tarde. "O autor dessa letra" - esclarece ainda Pixinguinha - "é Otávio de Souza, um mecânico do Engenho de Dentro (bairro carioca) muito inteligente e que morreu novo". Sobre a gravação original, há um erro de concordância de Orlando, que canta "sândalos dolente".

Aliás, o cantor abandonou esta música após a morte de sua mãe, dona Balbina, em 1968. Era sua canção favorita, e o sensível Orlando jamais conseguiu voltar a cantá-la sem chorar. "Rosa" é uma linda valsa "de breque", mas de difícil interpretação vocal, especialmente para o uso de legatos, já que as pausas naturais são preenchidas por segmentos que restringem os espaços para o cantor tomar fôlego.

Quanto à letra, é também um exemplo do estilo poético rebuscado em moda na época: "Tu és divina e graciosa, estátua majestosa / do amor, por Deus esculturada e formada com o ardor / da alma da mais linda flor, de mais ativo olor / que na vida é preferida pelo beija-flor... '. O desafio de regravar "Rosa" foi tentado por alguns intérpretes, sendo talvez o melhor resultado o obtido por Marisa Monte; em 1990, com pequenas alterações melódicas.

Rosa (valsa, 1917) - Pixinguinha

Disco 78 rpm - Título: Rosa - Autoria: Pixinguinha (Alfredo da Rocha Vianna Filho), 1897-1973 (Compositor) - Silva, Orlando (Intérprete) - Regional RCA Victor (Acompanhante) - Imprenta [S.l.]: Victor, 1937 - Álbum 34181 - Gênero musical: Valsa


D7--G----------------D7----------------------------G
Tu és / Divina e graciosa / Estátua majestosa /Do amor
------------------D7---- B7
Por Deus esculturada / E tomada com ardor / Da alma
---------------Em ----------------- E7----------- Am
Da mais linda flor / De mais ativo olor / Que na vida
---------- A7---------- D7/4 ----- D7
É preferida pelo beija-flor
------- G ------------------- D7----------------------------- G7
Se Deus / Me fora tão clemente / Aqui neste ambiente / De luz
------------------ C--------------------Cm7 ------------------------G
Formada numa tela deslumbrante e bela /O teu coração junto ao meu
------- E7-------- Am--------- D7 --------------------- G
Lanceado, pregado e crucificado / Sobre a rósea cruz / Do arfante peito teu
B7 Em Em7----------Gb7 -------------- Gbm7/-5--------- B7
Tu és / A forma ideal / Estátua magistral / Ò alma perenal
------------------- Em --------------E7--------------------------Am
Do meu primeiro amor/ Sublime amor /Tu és de Deus a soberana
------------ Gb7 -----------------B7
Flor / Tu és / De Deus a criação que em todo o coração
---------------Em ---Em7 --------Gb7------------------ Gbm7/-5
Sepultas o amor / O riso, a fé e a dor / Em sândalos olentes
-------------- B7---------------------E7
Cheios de sabor / Em vozes tão dolentes como um sonho flor
Am ---------------------Em --------------- B7
É láctea estrela / És mãe da realeza / És tudo enfim que tem de
------------------------ Em
belo / Em todo o resplendor / Da santa natureza
D7 -- G --------------- D7
Perdão / Se ouso confessar / Que hei de sempre amar-te
-------- G-------------------- D7-------------------------B7
Oh, flor / Meu peito não resiste / Oh, meu Deus como é triste
------------------Em ------------------------- Em7--------- Am
A incerteza de um amor / Que mais me faz penar / Em esperar
------------- A7-------------------- D7/4 D7-- G
Em conduzir-te um dia ao pé do altar / Jurar/ Aos pés do Oni-
----- D7 ---------------------------- G7------------------C
potente / Em prece comovente / De dor / E receber a unção da
----------Cm7 -------------------- G ----------- E7-------- Am
gratidão / Depois de remir meus desejos / Em nuvens de beijos
--------------- D7------------------ G
Hei de te envolver / Até meu padecer / De todo fenecer . . .



Fonte: A Canção no Tempo - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Vol. 1 - Editora 34

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