Milton Nascimento, compositor, cantor e instrumentista nasceu no Rio de Janeiro RJ em 26/10/1942. Filho da empregada doméstica Maria do Carmo Nascimento, foi adotado aos primeiros meses de vida pelo casal Josino Brito Campos (bancário, professor de matemática e técnico em eletrônica) e Lília Silva Campos (professora de música).
Morou nos bairros de Laranjeiras e da Tijuca, no Rio de Janeiro, antes de ser levado para Três Pontas MG, com um ano e meio de idade. Aos quatro anos, ganhou seu primeiro instrumento musical, uma sanfoninha de dois baixos. Já aos 13 anos de idade atuava como crooner ao lado de seu vizinho Wagner Tiso em um conjunto de baile.
Aos 15 anos, ganhou um violão e organizou um conjunto vocal, o Luar de Prata, do qual participava Wagner Tiso, que mais tarde seria tecladista do conjunto Som Imaginário. Foi com a mãe de Wagner que aprendeu as primeiras noções de piano. Tocando sobretudo rocks, apresentavam-se em bailes e shows em Três Pontas. Concluído o ginásio, fez um curso de contabilidade e, por essa época, foi também disc-jóquei da Rádio Clube de Três Pontas. Depois, integrou, como crooner, o conjunto W's Boys, que animava bailes no interior mineiro. Convidados por um empresário de Três Pontas, que estava fundando uma gravadora, os W's Boys foram para Belo Horizonte MG, onde gravaram um compacto na Dex Discos do Brasil, que incluía Barulho de trem (de sua autoria).
Em 1963 transferiu-se para a capital mineira para prestar vestibular em economia. Foi então que conheceu alguns de seus futuros parceiros, entre os quais Fernando Brant, Márcio Hilton Borges (que integrava o conjunto vocal Evolussamba) e seu irmão Lô Borges. Em Belo Horizonte, além de trabalhar de dia em um escritório de contabilidade e de cantar e tocar contrabaixo em boates à noite, começou a compor com mais regularidade.
Em 1964 criou suas primeiras músicas: Novena, Gira girou e Crença, todas em parceria com Márcio Borges. Com Wagner Tiso, formou um trio de jazz, apresentando-se no Bar Berimbau e na TV Itacolomi. Em seguida, passou a integrar o conjunto Evolussamba e, logo depois, o Quarteto Sambacana, liderado por Pacífico Mascarenhas, com o qual, em 1965, foi para o Rio de Janeiro e gravou um LP, na Odeon.
Em junho de 1966, obteve o quarto lugar no FNMP, da TV Excelsior, de São Paulo SP, interpretando Cidade vazia (Baden Powell e Lula Freire). Em setembro desse ano, sua composição Canção do sal foi gravada por Elis Regina, na Philips. Nessa época, tornou-se amigo do cantor Agostinho dos Santos que, em 1967, à sua revelia, inscreveu três músicas suas no II FIC, da TV Globo, do Rio de Janeiro: Travessia, com letra de Fernando Brant, obteve o segundo lugar; Morro Velho, o sétimo, e Maria, minha fé classificou-se entre as 15 finalistas.
Nesse festival, recebeu ainda o prêmio de melhor intérprete. Ainda em 1967, com Novelli, Ronaldo Bastos, Danilo Caymmi e outros, fez um show no Teatro Casa Grande e gravou um LP na extinta Codil, com arranjos de Luís Eça. Nesse mesmo ano, participou do show Travessia, dirigido por Paulo Sérgio Vale, no Rui Bar Bossa, e do show Viola enluarada, com Marcos e Paulo Sérgio Vale, Danilo Caymmi e outros, no Teatro Toneleros, do Rio de Janeiro.
Em 1968, levado por Eumir Deodato, gravou, nos E.U.A., o LP Courage, na A&M Records, com arranjos do próprio Eumir, que incluía, além da canção-título (com Paul Williams), Catavento e Bridges, versão em inglês de Travessia. Nessa ocasião, apresentou-se em várias cidades norte-americanas e mexicanas. De volta ao Brasil, em 1969 lançou o LP Milton Nascimento, pela Odeon, incluindo Beco do Mota, Sentinela, Quatro luas (todas com Fernando Brant). Ainda nesse ano, fez a trilha sonora do filme Os deuses e os mortos, de Rui Guerra, do qual participou também como ator.
No início de 1970, compôs a trilha sonora do filme Tostão, a fera de ouro, de Ricardo Gomes Leite e Paulo Laender, na qual incluiu a música Aqui é o país do futebol (com Fernando Brant). Nesse mesmo ano, o show Milton Nascimento e o Som Imaginário estreou no Teatro Opinião, do Rio de Janeiro, sendo essa a primeira vez que se apresentou com o conjunto, cujos integrantes se tornariam seus acompanhantes habituais. A partir desse show, ainda em 1970, a Odeon lançou o LP Milton, que incluiu sucessos como Para Lennon e McCartney (Lô Borges, Márcio Borges e Fernando Brant), Canto latino (com Rui Guerra) e Clube da Esquina (com Lô Borges e Márcio Borges).
Em 1971 participou do festival Onda Nueva, na Venezuela, com Os povos (com Márcio Borges). No ano seguinte, com Lô Borges, gravou, na Odeon, um álbum duplo, que incluía Cravo e canela (com Ronaldo Bastos), San Vicente (com Fernando Brant), Os povos e Lília (com Fernando Brant), esta dedicada a sua mãe adotiva. Em 1974 lançou o LP Milagre dos peixes e, com esse mesmo nome, fez um show, que foi levado no Teatro Municipal, de São Paulo, e no Rio de Janeiro. Essa apresentação, acompanhada por orquestra e pelo Som Imaginário, também foi gravada e lançada em LP duplo , intitulado Milagre dos peixes ao vivo. Suas músicas Escravo de Jó, Hoje é dia de el rei e Cadê foram nessa época censuradas pelo regime militar. No ano seguinte, gravou mais um LP nos E.U.A., Native Dancer, ao lado do saxofonista Wayne Shorter; no Brasil lançou o LP Minas.
Em 1976 lançou nos E.U.A. o LP Milton (A&M Records), com versões em inglês de várias músicas suas e com a participação de Airto Moreira, Herbie Hancock e Wayne Shorter, entre outros. Nesse mesmo ano, lançou no Brasil o LP Gerais (EMI). Dois anos depois, lançou seu terceiro disco nos E.U.A., a antologia Journey to dawn (versão de Crença), pela A&M Records. Simultaneamente, lançou no Brasil o LP Clube da Esquina 2, seu último trabalho pela EMI.
Em 1980 transferiu-se para a gravadora Polygram, quando lançou Sentinela, que trazia o sucesso Canção da América e a participação da Oficina Instrumental Uakti. No ano seguinte, lançou o LP Caçador de mim, em que apresentava os sucessos Nos bailes da vida e Caçador de mim. Ainda em 1981, participou do filme Fitzcarraldo, de Werner Herzog.
Em 1982 gravou dois discos: Missa dos Quilombos (composto a partir de textos de Dom Pedro Casaldáliga, arcebispo de São Félix do Araguaia MT, e do poeta Pedro Tierra) e Anima, em que lançava as músicas Certas canções e Essa voz.
Lançou em 1983 o LP Milton Nascimento ao vivo, gravado durante um show no Anhembi de São Paulo, com a participação de Gal Costa. Ainda em 1983, atuou no filme Buriti, de Carlos Alberto Prates Correia.
Em 1985 lançou o LP Encontros e despedidas, que trazia a música Noites do sertão, composta para o filme homônimo de Carlos Alberto Prates Correia. No ano seguinte, lançou A barca dos amantes, último trabaIho pela Polygram, gravado ao vivo, com a participação de Wayne Shorter.
Em 1987, contratado pela CBS, lançou o disco Yauaretê. Em 1988 lançou o LP Miltons, no qual se destaca a música Bola de meia, bola de gude (c/Fernando Brant). Em 1990 lançou o CD Txai, doando parte dos direitos de vendagem do disco a entidades indígenas. Gravou, em 1993, o CD Angelus (Warner), contando com a participação dos cantores Jon Anderson e James Taylor.
Por suas atividades em prol da ecologia, foi premiado em maio de 1996 pela Rain Forest. No mesmo ano, apresentou em New York o show Amigo, acompanhado por um coro de 30 meninos e pela Orquestra Filarmônica de New York; em seguida, com esse show, participou do Festival de Jazz de Montreux, na Suíça, e do Festival de Tübingen, na Alemanha.
No final de 1996, apresentou com enorme sucesso o mesmo show em Londres, no The Royal Albert Hall, acompanhado pela Royal Philharmonic Concert Orchestra. Em 1997, após sérias complicações de saúde, em conseqüência de anorexia nervosa, lançou o LP Nascimento (WEA), que trazia composições suas (Rouxinol e em parceria com Chico Buarque (Levantados do chão). Ainda em 1997, a Polygram lançou caixa com dez CDs, remasterizados nos estúdios Abbey Road, em Londres. No final de 1997, excursionou pelo Brasil com o show Tambores de Minas e gravou um documentário sobre sua vida e obra, dirigido por Lula Buarque de Hollanda e Carolina Jabor, com a participação de Alcione, Chico Buarque, Gilberto Gil, Wagner Tiso, entre outros.
Em 1998, seu CD Nascimento recebeu o Prêmio Grammy, nos E.U.A., na categoria melhor CD de world music. Foi também lançado o livro Os sonhos não envelhecem - Histórias do Clube da Esquina, de Márcio Borges.
Algumas músicas
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e PubliFolha.
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